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Prédios históricos na cidade de Mumbai, na Índia
São Paulo - Com incertezas na China e crises profundas nos outros BRICS, sobrou para a Índia o posto de esperança global.
A Índia já é a grande economia que mais cresce no mundo: 7,3% em 2015,
de acordo com as últimas estimativas do FMI (Fundo Monetário
Internacional), contra os 6,9% da China.
Apesar da agenda de reformas não estar avançando como planejado, o
governo do primeiro-ministro Narendra Modi é amplamente visto como
amigável ao mercado e vem fazendo uma verdadeira campanha para atrair
investimentos.
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A ideia da Índia como um grande novo centro industrial foi vendida
cuidadosamente no Fórum Econômico Mundial de Davos pelo ministro das
Finanças, Arun Jaitley, e pelo presidente do Banco Central, Raghuram
Rajan, na semana passada.
O otimismo com o país foi confirmado por uma pesquisa da PwC
com 1.400 presidentes de empresas globais e ecoou nas declarações de
vários participantes do Fórum, empolgados com o potencial de 1 bilhão de
consumidores.
“Há cada vez mais oportunidades na Índia, e apesar do progresso ser
lento estamos vendo progresso, e esta é a chave", disse para a a Reuters
John Veihmeyer, presidente da KPMG, que tem na Índia seu mercado de
maior crescimento.
Outro lado
Na contracorrente está Amartya Sen, professor de Harvard de 82 anos e
até hoje o único indiano a levar o Nobel de Economia, em 1998.
Em um encontro literário realizado em Calcutá nesta sábado, Sen foi
questionado sobre qual foi seu maior momento de otimismo com seu país.
A resposta: “Acho que eu nunca me senti otimista em momento algum",
citando o baixo investimento do país em saúde e educação em porcentagem
do PIB na comparação com outros países emergentes.
No final, completou sob risadas do público: "Nunca fui otimista, mas
estou mais pessimista agora? Sim." Em uma entrevista em novembro na
London School of Economics, Amartya resumiu o que vê como o paradoxo
indiano:
"A Índia é o único país do mundo que está tentando se tornar um poder
econômico global com uma força de trabalho não educada e não saudável.
Isso nunca foi feito antes e nunca será feito no futuro, tampouco".
Das grandes economias do mundo, a Índia tem a maior população rural e o
maior setor informal. Entre 1994 e 2010, a taxa de pobreza foi de metade
para um terço da população, mas sem conseguir formar ainda uma vigorosa
classe média.
Há mais bilionários na Índia do que na França e Itália juntas – e também
mais miseráveis do que nos 26 países da África subsaariana combinados.
Um dos melhores ativos do país é seu perfil demográfico: os outros BRICS
estão envelhecendo rápido, e nenhum pode mais contar com uma força de
trabalho que cresce em relação a população atual - como é o caso da
Índia.
Mas além dos problemas de saúde e educação, a Índia sofre com
deficiências básicas de infraestrutura. Um quarto da população não tem
acesso à energia elétrica e o país está na 142ª posição no ranking de
facilidade de fazer negócios do Banco Mundial, muito atrás da China
(90ª) e até do Brasil (120ª)..
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