Jefferson Domingos precisava pagar uma dívida monstruosa na pequena cidade de Cambuí, em Minas Gerais. Para isso, fundou a rede de franquias Açaí Villa Roxa
São Paulo – Cambuí é uma cidade no interior de Minas Gerais,
daquelas onde a vizinhança se conhece. Não era difícil para o
mineirinho Jefferson Domingos, aos seis anos, vender geladinhos feitos
de suco em pó na arquibancada do futebol aos domingos.
Desde cedo, ele via a mãe
fazer bichos de espuma para vender e o pai bater de porta em porta nas
lojas da cidade para comercializar autopeças, trazidas de São Paulo.
Aprendeu logo a ganhar dinheiro e a não contar com a sorte.
Na adolescência, vendia
flores em frente ao cemitério e chegou a ganhar quatro mil reais por mês
com os shows de uma banda que montou com os amigos. A história do
fundador da rede de franquias Açaí Villa Roxa parece linear demais até
aqui, mas antes de se tornar um empreendedor de sucesso, Domingos viu sua reputação virar pó.
Da dívida ao negócio
Naquela mesma cidade da sua
infância onde todos conheciam a vida dos outros, Domingos começou a
organizar grandes festas e shows. Resultado? Contraiu dívidas que
somavam 268 mil reais.
“Imagina um cara em uma
cidade minúscula, que de sábado para segunda passou a dever milhares
para um monte de gente. Eu era xingado na rua e chorei muito nessa
época”, conta.
Domingos, então, prometeu a
todos que pagaria as dívidas em dois anos. Lutador de jiu-jitsu, era
consumidor de açaí, que o pai trazia de São Paulo, e resolveu vender o
alimento inusitado na cidade, em 2008. “Hoje em dia açaí é um produto da
moda, atrelado à alimentação saudável, mas naquela época era uma
novidade”, relata.
Domingos montou uma loja
escondida no fundo de um prédio, em um ponto comercial muito ruim cedido
por um amigo. Sua estratégia era guardar 50% do lucro, e os outros 50%
ele usaria para pagar as dívidas.
No primeiro mês, ganhou 100
reais com o negócio e devolveu 50 reais para o maior credor, a quem
devia 13 mil reais, e assim cumpriu o combinado. “Eu acordava às 6h e
trabalhava até às 2h da madrugada. Eu mesmo batia todo o açaí para
vender”, conta.
Em dois anos, Domingos pagou
toda a dívida, abriu cinco lojas e comprou uma fábrica no Pará, para
produzir o próprio açaí em grande escala, reduzir custos e garantir o
abastecimento de suas franquias.
Alimentação saudável
Hoje, a rede Açaí Villa Roxa
fatura 20 milhões de reais por ano, tem 31 franquias e duas fábricas, no
Amapá e na pequena Cambuí, em Minas Gerais, onde Domingos começou lá
atrás com os geladinhos.
Além de açaí com
acompanhamentos, a franquia vende sanduíches, smoothies, grelhados e
outros produtos, com foco em alimentação saudável.
Para entrar nesse mercado, Domingos conta que pesquisou a fundo o que os concorrentes ofereciam e como ele poderia inovar,
e investiu muito em divulgação. “A cada cidade que entrávamos,
queríamos ser os melhores. Nunca deixávamos o mercado nos engolir.”
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