Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
As
centrais de conciliação da Justiça do Trabalho estão preocupadas com os
efeitos da compra de créditos trabalhistas por advogados nas
negociações judiciais. No início deste mês, o Tribunal Superior do
Trabalho enviou consulta ao Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil para saber se a prática infringe algum mandamento ético da
categoria, ou se há alguma obrigação de transparência sobre o negócio. Venda de créditos trabalhistas a advogados inviabiliza acordos na Justiça do Trabalho, reclamam juízes. ASCS - TST
Os contratos de cessão de créditos se tornaram preocupação depois que
representantes das centrais de conciliação dos tribunais regionais do
Trabalho foram ao TST reclamar. De acordo com os representantes dos
TRTs, a venda dos créditos praticamente inviabiliza a negociação, porque
o detentor do direito deixa de ter interesse na causa, e o comprador do
crédito só tem interesse no valor que tiver a receber.
A consulta
à OAB foi feita pelo ministro Emmanoel Pereira, vice-presidente da
corte e coordenador da Comissão Nacional de Promoção à Conciliação do
Conselho Superior da Justiça do Trabalho. Na consulta, ele pergunta ao
presidente da Ordem, Claudio Lamachia, se o advogado precisa avisar o
juiz sobre o contrato de compra e venda de créditos trabalhistas, já que
“esse fato vem comprometendo sobremaneira a efetividade das audiências
de conciliação”.
É que a compra dos créditos tem se tornado um
negócio, e dos bastante lucrativos. Os juros incidentes sobre os
créditos trabalhistas são de 12% ao ano e, conforme a Orientação
Jurisprudencial 400 da Subseção de Dissídios Individuais do TST, esse
dinheiro não compõe a base de cálculo do Imposto de Renda. Ou seja, é um
investimento que rende mais do que qualquer aplicação de renda fixa,
que usam os juros da Selic, de 9,5% ao ano, fora o desconto de Imposto
de Renda e IOF, o que deixa a taxa de juros perto de 7%.
A
reclamação dos juízes trabalhistas é que, para quem compra o crédito,
não vale a pena negociar nem resolver a questão rápido. Como os juros
são altos, quanto mais demorar, melhor.
Modelo de negócio
“Em alguns casos, por trás da aludida prática, o que existem são
verdadeiros modelos de negócio, estruturados com base em sistemática
semelhante à existente no sistema financeiro”, escreveu Pereira, em
ofício expressando suas preocupações ao corregedor-geral da Justiça do
Trabalho, ministro Renato Lacerda Paiva.
Na mensagem, Pereira diz
ver três principais problemas: a possibilidade de a compra ser feita sem
que o autor do pedido tenha “total clareza e compreensão do valor
justo” do crédito; o fato de juízes darem prioridades a esses casos por
achar que eles tratam de verba de caráter alimentar; e o trabalho
desenvolvido para intimações pessoais quando o titular do crédito é o
“patrono”, e não o titular do direito.
O advogado Gáudio Ribeiro de Paula
confirma todas as preocupações do ministro Emmanoel. Ele costuma
representar empresas na Justiça do Trabalho e, a partir da baixa taxa de
acordo nas audiências de conciliação, consegue perceber o “mercado” da
cessão de créditos aumentando.
“O que a gente percebe é que o
reclamante comparece à audiência só para cumprir tabela, porque ele fica
lá totalmente alheio, apenas respondendo que não tem interesse no
acordo”, conta o advogado.
Para ele, negociar créditos trabalhistas é
ilegal, porque a lei os define como verba alimentar.
Gáudio também
confirma o receio de trabalhadores serem enganados por seus advogados.
Ele lembra de um caso no qual o juiz arbitrou a indenização em R$ 50 mil
e o crédito foi vendido por R$ 30 mil ao advogado. Anos depois, o TST
manteve a condenação à empresa, mas a indenização ficou em R$ 500 mil,
depois de juros, correções e de todas as discussões de direito. “São
contas que o juiz de primeiro grau não pode fazer na hora e quem não é
da área não tem noção de como um processo pode se desenvolver”, lamenta.
Questões éticas
Ainda não há muitos precedentes sobre a matéria. O Superior Tribunal de
Justiça já definiu, nos casos de créditos de precatórios, que eles
deixam de ter caráter alimentar e entram na fila dos demais créditos.
Com isso, perdem a preferência em diversas aplicações, como na falência e
na recuperação judicial de empresas.
Do ponto de vista ético,
quem tem de decidir são os tribunais de ética e disciplina da OAB (TED).
Em São Paulo, onde está a maioria dos advogados do Brasil e onde há os
dois maiores TRTs, o TED já decidiu
que a cessão de créditos trabalhistas só pode ser feita a pessoas ou
empresas de fora da relação processual da causa e em processos em fase
de execução com valores definidos.
O atual presidente do TED1 (deontológico) de São Paulo, Pedro Paulo Wendel Gasparini, é autor de precedente importante
sobre o tema, mas sobre a cessão de precatórios estaduais. Nele, a
turma deontológica do TED-SP definiu que a compra de créditos por
advogados ofende o artigo 5º do Código de Ética da Advocacia, segundo o
qual “o exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento
de mercantilização”.
“Aplico o mesmo entendimento à compra de créditos trabalhistas por advogados”, afirma o advogado à ConJur.
Segundo ele, advogado que compra créditos deixa de ser advogado e passa
a ser comerciante de ativos. “A possibilidade de pegar um cliente
fragilizado economicamente e se aproveitar desse momento me faz pensar
que a prática não é nem moral nem ética. É no mínimo um conflito de
interesses.”
Pesquisadores do Instituto de Química da USP em São Carlos
responderam a uma pergunta que a comunidade científica esperava há mais
de meio século.
Foram cinco anos de estudo até o resultado inédito. Primeiro, os
cientistas colocam fermento biológico, que a gente usa para fazer pão,
no açúcar refinado. Com a fermentação, o açúcar vira álcool. Aí os
pesquisadores acrescentam um fiozinho preto, um eletrodo com uma
proteína chamada ADH ou álcool desidrogenase. É uma enzima encontrada no
corpo humano e em alimentos como o tomate.
"A proteína é capaz de extrair os elétrons, que são partículas
carregadas, do etanol, gerando então eletricidade. E esse processo é bem
rápido. Em cerca de dez minutos já temos corrente elétrica", afirmou a
doutoranda de química Graziela Sedenho.
O equipamento mede a eletricidade.
A experiência brasileira desvenda um mistério. Há mais de 50 anos,
pesquisadores do mundo inteiro tentavam descobrir de que forma a
proteína agia quando entrava em contato com o álcool. Pela primeira vez,
os cientistas da USP de São Carlos conseguiram comprovar como é essa
reação química, que transforma o açúcar em energia elétrica.
A pesquisa é capa de uma das mais respeitadas revistas científicas do
mundo na área química. E a ação da enzima para produzir energia não é a
única descoberta.
"A outra novidade foi que no mesmo sistema nós conseguimos realizar
duas reações ao mesmo tempo, ou seja, tanto o fungo quanto a proteína
atuavam ao mesmo tempo para gerar o etanol e gerar a eletricidade, o que
nunca tinha sido comprovado anteriormente", disse o professor Frank
Crespilho.
A experiência pode trazer vantagens para o meio ambiente.
"Utilização de micro-organismos para decomposição da matéria orgânica
em lagos e rios, descontaminando o meio ambiente e, mesmo assim,
gerando eletricidade e também gerando bioenergia, ou seja, extraindo
eletricidade de qualquer fonte de açúcar presente em frutas, legumes e
outros tipos de plantas", explicou o professor (G1)
Estudo técnico financiado pelo BNDES deve ser concluído em setembro
por Agência Brasil
redacao@amanha.com.br
Cidades inteligentes, saúde e rural devem ser as áreas
prioritárias para iniciativas e políticas públicas que visem ao
desenvolvimento da internet das coisas no Brasil, conforme definição
apontada na segunda etapa do estudo técnico Internet das Coisas: um
plano de ação para o Brasil, divulgada hoje (6), no Rio de Janeiro,
realizado sob a coordenação do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) e do Ministério da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações (MCTIC).
As conclusões finais do estudo
vão subsidiar o Plano Nacional de Internet das Coisas, que deve ser
anunciado pelo governo até o fim deste ano. Terão prioridade também os
segmentos de petróleo e gás e mineração, dentro das indústrias de base; e
têxtil e automotivo, na indústria manufatureira. Segundo o BNDES, a
seleção atendeu aos fatores de relevância dos segmentos para a economia
nacional e pelos projetos inovadores em curso.
Em paralelo,
foram definidas frentes de trabalho que estão presentes em todos os
segmentos. Entre elas estão capital humano; investimento, financiamento e
fomento; ambiente de negócios; governança e internacionalização;
infraestrutura de conectividade; aspectos regulatórios; privacidade de
dados; e segurança de dados.
O estudo tem financiamento do BNDES e
é realizado por um consórcio liderado pela consultoria McKinsey, com a
participação da Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em
Telecomunicações (Fundação CPqD) e do escritório de advocacia Pereira
Neto Macedo.
A terceira e última fase do estudo técnico está
prevista para ser concluída em setembro. Ela deverá definir os planos de
ação de cada frente de trabalho sugerida para o Plano Nacional de
Internet das Coisas, informou o BNDES por meio de sua assessoria de
imprensa.
O Wells Fargo informou nesta quinta-feira que cerca de 3,5
milhões de contas eram “potencialmente não autorizadas”, em seu
escândalo de práticas de venda. A revisão mostrou que o número afetado é
superior ao anteriormente anunciado.
O banco, que continua a lidar com problemas em diferentes braços da
companhia, disse que o número cresceu de 2,1 milhões de contas
inicialmente anunciado, quando o escândalo emergiu há cerca de um ano. O
banco destinará mais US$ 3,7 milhões para ressarcir clientes, baseado
na análise expandida.
“Nós nos desculpamos com todos que prejudicamos pelas inaceitáveis
práticas de venda que ocorreram em nosso banco de varejo”, afirmou o
executivo-chefe do Wells Fargo, Timothy Sloan, em comunicado. “O anúncio
de hoje é um lembrete do desapontamento que causamos em nossos clientes
e acionistas”, acrescentou ele em telefonema à imprensa na manhã desta
quinta-feira.
Em setembro de 2016, o Wells Fargo pagou US$ 185 milhões em multa por
abrir contas com informações fictícias ou não autorizadas dos clientes.
Pouco depois, o então executivo-chefe da empresa deixou o posto e ele
agora continua a enfrentar investigações. O banco tem dito que coopera
com as apurações. Fonte: Dow Jones Newswires.
A Equatorial Energia anuncia a compra de ações
representativas de 51% do capital da Integração Transmissora de Energia
S.A. (Intesa), por cerca de R$ 273 milhões. O valor está sujeito a
ajustes, como eventuais distribuições de resultados pela Intesa e
ajustes em Receitas Anuais Permitidas (RAP) referentes a projeto de
implantação de reforços em instalações de transmissão.
A conclusão depende de aprovação pela Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade).
A Intesa, que atua em transmissão de energia (LT 500 kV Colinas/Serra
da Mesa 2), apurou receita líquida de R$ 101 milhões no ano passado e
encerrou o exercício com endividamento líquido de R$ 81 milhões.
O comunicado não revela quem são os vendedores. A composição
acionária atual é Fundo de Investimentos em Participação Brasil Energia –
FIP, com 51%, Chesf com 12% e Eletronorte, com 37%.
O presidente Michel Temer anunciou, na madrugada desta
quinta-feira, 31, que o governo de Portugal confirmou a compra de seis
aviões da Embraer. Em vídeo publicado no Twitter, enquanto viaja à
China, Temer disse ter recebido a confirmação do presidente português,
Marcelo Rebelo de Sousa.
O encontro entre os dois presidentes aconteceu na quarta, 30,
durante escala da comitiva brasileira antes da chegada à Ásia para
encontro do Brics (grupo formado também por Rússia, Índia, China e
África do Sul).
Segundo o relato no vídeo, as aeronaves compradas são do
modelo cargueiro da Embraer, o KC-390. “Mesmo durante a viagem, já
tivemos um resultado muito positivo”, disse o presidente.
A série de publicações no Twitter pessoal de Temer também
citou uma escala no Cazaquistão, onde teve encontro com um empresário
que pretende investir “bilhões de dólares” na Bahia. Em Pequim, já na
manhã desta quinta, a agenda de encontros incluiu presidentes de quatro
grupos chineses.
“Esses grupos, extraordinários, investem no Brasil e querem
investir cada vez mais”, disse Temer, no vídeo, cercado por alguns
parlamentares da base aliada. O presidente aproveita a agenda com os
demais líderes de países em desenvolvimento para prospectar interessados
no pacote de concessões recém anunciado.
Janot
Em entrevista a jornalistas no hotel onde está hospedado em
Pequim, Temer comentou que tentará levar o pedido de suspeição contra o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao plenário do Supremo
Tribunal Federal (STF). Na quarta, o ministro Edson Fachin negou o
pedido da defesa do peemedebista e deu aval para o procurador continuar
conduzindo as investigações que envolvem o presidente. “Meu advogado
está vendo. Ele me disse que talvez tenha agravo para o plenário do
STF”, disse Temer.
Decisão atende a queixas feitas pela União Europeia e Japão. Governo já prepara recurso
Da Redação
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A Organização Mundial do Comércio (OMC) pediu nesta
terça-feira (30) que o Brasil retire subsídios industriais em até 90
dias, após queixas da União Europeia e Japão contra uma série de
incentivos do governo a setores da indústria. A decisão confirma uma
condenação de novembro passado contra programas que beneficiaram vários
segmentos. Trata-se da maior condenação contra subsídios à indústria que
o Brasil já sofreu. De acordo com o site do G1, o Itamaraty e o
Ministério do Desenvolvimento já preparam recurso junto ao órgão de
apelação da OMC, o que fará com que o processo se arraste no decorrer de
2018.
A OMC considerou inconsistentes com as regras
internacionais sete medidas adotadas em maior parte durante o governo de
Dilma e mantidas por Temer. Elas incluem a isenção e redução de
impostos para companhias que produzirem seus produtos no país, como o
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A decisão da OMC de
condenar o Brasil foi tomada no fim do ano passado, quando o órgão
atendeu a uma ação movida pela União Europeia e Japão contra,
principalmente, a política de incentivos para a indústria
automobilística, o Inovar-Auto, programa criado no primeiro mandato da
ex-presidente Dilma Rousseff. A decisão atinge também outros
instrumentos de política industrial, como a Lei de Informática, o
Programa de Inclusão Digital e o Reintegra, o programa de subsídio aos
exportadores.
Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI)
informou que está avaliando novas propostas para o setor industrial e
que vai apresenta-las após a decisão final da OMC. "No momento, a CNI
discute com os setores afetados e o governo propostas de novas medidas
de política industrial que sejam eficazes para o desenvolvimento da
indústria, respeitem as regras da OMC e ofereçam segurança jurídica aos
investidores", afirma a entidade.
Contrato prevê fortalecimento de parques tecnológicos e cooperação em projetos que envolvam o desenvolvimento regional
Da Redação
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O diretor-geral brasileiro de Itaipu (foto), Luiz Fernando
Leone Vianna, assinará na sexta-feira (1) na capital chinesa Beijing um
acordo de cooperação com a China Three Gorges Corporation. A solenidade
deverá contar com a participação do presidente do Brasil, Michel Temer, e
do presidente da República Popular da China, Xi Ping. Vianna integra a
comitiva oficial do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho,
que participa da 9ª Cúpula do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul.
A China Three Gorges Corporation é
uma holding que controla várias usinas chinesas. Entre elas, está a de
Três Gargantas, a maior do mundo em capacidade instalada. Em geração de
energia limpa e renovável, Itaipu é a maior do planeta, com a produção
recorde de 103,1 milhões de megawatts-hora (MWh) em 2016, marca que
dificilmente será ultrapassada por qualquer outra geradora de
eletricidade. O acordo entre Itaipu e a China Three Gorges Corporation
prevê a realização de seminários técnicos para troca de conhecimentos em
temas operacionais, seminários setoriais, estágios para jovens
engenheiros, projetos de pesquisa que fortaleçam os parques tecnológicos
e cooperação em projetos de responsabilidade social e desenvolvimento
regional.
O
documento de cooperação reforça o bom relacionamento que Itaipu já
mantém com a holding chinesa. Ao longo da construção e implantação das
unidades geradoras de Itaipu – e até mesmo nos estudos preliminares –,
vários grupos de engenheiros chineses vieram ao Brasil para conhecer a
binacional e aprender com o processo que resultou neste empreendimento
entre dois países. No sábado, o diretor-geral brasileiro participará do
seminário sobre Oportunidades de Investimento nos Setores de
Infraestrutura, Transportes, Energia e Agronegócio promovido pela
Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
(Apex-Brasil). O encontro reunirá líderes empresariais chineses que
investem ou têm interesse em investir no Brasil.
Painéis da CPFL, comprados pela chinesa State Grid
O investimento estrangeiro direto para o Brasil mira cada vez mais o
setor de serviços, especialmente empresas de eletricidade, transporte,
varejo e saneamento.
De janeiro a julho, os recursos externos
investidos no setor produtivo da economia brasileira, conhecidos como
investimentos em participação no capital, cresceram 36% em relação a
igual período do ano passado.
Foram US$ 31,6 bilhões recebidos no período, segundo dados do Banco Central.
Os serviços captaram 66% desse total, bem acima do atraído pela indústria (28%) e pelo agronegócio (6%).
Há
apenas dois anos, quando os ingressos estrangeiros no setor produtivo
estavam no mesmo nível, a indústria ficou com a maior parte desses
recursos (60%), e os serviços captaram apenas 30%.
A busca por
investimentos em países como o Brasil responde a um cenário de
abundância de recursos e retornos muito baixos, além de multinacionais
que lucraram muito nos últimos anos e estão com excesso de dinheiro em
caixa, diz André Castellini, sócio da Bain & Company.
A mudança
da indústria para os serviços, diz Castellini, se justifica porque há
uma percepção de que a economia está tocando o fundo do poço e que,
portanto, a recuperação da demanda está próxima.
Além disso, há um
movimento contínuo de estrangeiros que acreditam no potencial da
economia brasileira e se animam com os preços bastante convidativos dos
ativos após três anos de crise.
Viktor Andrade, sócio de transações
corporativas da EY, diz ainda que um volume grande de ativos foi
colocado à venda recentemente em razão de dificuldades financeiras e da
operação Lava Jato.
"São grandes empresas em dificuldades que
acabaram fechando negócio no primeiro semestre", ele afirma. "Ativos
que, de outra forma, não iriam a mercado".
Entre os exemplos,
destaca-se a compra da Odebrecht Ambiental, braço de saneamento do
grupo, pela canadense Brookfield, em abril deste ano. Em janeiro, a
chinesa State Grid comprou a empresa de energia CPFL.
Andrade prevê
que o movimento fusões e aquisições deve seguir com força nos próximos
trimestres. A EY está envolvida em quatro operações de venda de ativos
locais para investidores externos, incluindo uma empresa de serviços de
tecnologia da informação, mídia e entretenimento e uma indústria.
MERCADO CONSUMIDOR
Andrade
diz ainda que a J&F, empresa dos irmãos Batista que está se
desfazendo de ativos para fazer caixa, não finalizou o processo de
vendas, assim como a Petrobras, com um extenso programa de
desinvestimento, também deve atrair dinheiro do externo.
Entre outros
casos, o executivo da EY ressalta que algumas empreiteiras também
tentam avançar no processo de venda de ativos, assim como múltis
brasileiras ainda buscam levantar recursos para enfrentar a baixa
demanda da economia vendendo empresas que não fazem parte do seu negócio
principal.
Para além do cenário externo de alta liquidez e do
cenário interno mais problemático, os especialistas dizem que o Brasil,
seja ele a quinta, sétima ou nona economia mundial, continua a ter um
mercado consumidor amplo e bastante promissor.
"Varejistas, empresas
de bebidas, de alimentos e do setor automotivo têm que estar no país",
afirma Castellini, da Bain& Company. Para ele, se comparado com
países emergentes como China ou Índia, o Brasil é certamente o mercado
menos desafiador para um investidor que busca, acima de tudo, o lucro.
CHINESES
Chineses,
americanos, alemães e canadenses se destacam entre os investidores que
aproveitam o cenário único de dinheiro externo em abundância e empresas
locais dispostas a vender bons ativos para aportar no Brasil.
Estimativa
feita por Andrade aponta que um terço de todo o capital estrangeiro que
tem entrado no país para investimentos no setor produtivo é chinês.
"É um volume muito grande, sem dúvida, mas menos do que é alardeado", diz Andrade.
Segundo
ele, os chineses levam, em média, dois anos para fechar uma transação,
um prazo bastante superior a de outros investidores, diz.
Por país, o
ranking do Banco Central mostra que os EUA responderam por 27% das
transações ocorridas até julho, seguido por um grupo curioso que reúne
Países Baixos, Ilhas Virgens Britânicas e Luxemburgo.
Andrade diz que
esses países se encontram no topo da lista porque oferecem, legalmente,
benefícios fiscais para que empresas transitem por eles. São lugares de
passagem, mas acabam entrando no levantamento do BC como a origem dos
recursos.
A internacionalização de empresas brasileiras, diz Luis
Afonso Lima, da Mapfre Investimentos, é positiva porque recoloca no
cenário econômico alguns negócios de grupos nacionais que ameaçavam ser
descontinuados.
São empresas que têm que lidar com a Lava Jato, queda
da demanda interna e a alta de custos, diz ele. "A venda para grupos
estrangeiros também traz outros benefícios, como transferência de
habilidades gerenciais, tecnologia e inovação."
Para Lima, a
expectativa é que a tendência se fortaleça, em especial em razão do
amplo programa de concessões do governo, que colocou à venda ativos como
o sistema Eletrobras.
Andrade, da EY, diz que o país tinha tudo para
afastar o estrangeiro —recessão severa, impeachment e situação política
volátil— e isso não aconteceu. "Esse investidor acha que faz sentido
colocar dinheiro no Brasil porque, em algum momento, o retorno virá"
(Folha de S.Paulo)
Batizada de "retorno", a propina era regra para empresas que
quisessem garantir benefícios fiscais ou firmar contratos com o Estado
de Mato Grosso, segundo delação do ex-governador Silval Barbosa
(2011-14), do PMDB.
Em sua colaboração premiada homologada pelo
Supremo Tribunal Federal em agosto, o ex-governador relatou como
companhias dos mais diferentes ramos –do frigorífico Marfrig a empresas
do setor sucroalcooleiro e de móveis– integraram o esquema.
Os
pagamentos podiam superar R$ 1 milhão por ano para cada empresa. O
Marfrig, por exemplo, pagou aproximadamente R$ 5 milhões durante sua
gestão em troca da concessão de incentivos fiscais, segundo a delação.
O
ex-governador disse que o acerto foi feito em 2010 com o próprio dono
da empresa, Marcos Molina. Na campanha daquele ano, Barbosa, então
candidato, disse que, se fosse eleito, retribuiria o Marfrig
auxiliando-o com questões tributárias no Estado. Molina teria
desembolsado R$ 1 milhão para a campanha por meio de caixa dois.
"Ficou
combinado que a Marfrig continuaria a pagar propina acima de R$ 1,2
milhão. Esse valor foi combinado em nova reunião", disse. Barbosa
afirmou que a maior parte da propina foi repassada via empresa Trimex
Construções e Terraplanagem.
SETOR SUCROALCOOLEIRO
Em relação ao
setor sucroalcooleiro, disse que deu prosseguimento ao "retorno" que já
existia no governo anterior, de Blairo Maggi (PP), com o Sindalcool
(sindicato das indústrias sucroalcooleiras do Estado).
"O presidente
do sindicato arrecadava o 'retorno' dos empresários do ramo e entregava
para [o então secretário da Fazenda] Eder de Moraes, tendo em
contrapartida benefícios tributários", disse.
Barbosa relatou que,
para sua campanha ao governo, em 2010, recebeu R$ 2,1 milhões em doações
oficiais com a promessa de oferecer tributos favoráveis às empresas
ligadas ao Sindalcool. De acordo com o delator, só em 2013 o "retorno"
foi de R$ 2 milhões. O ex-secretário da Casa Civil Pedro Nadaf, segundo
ele, recebeu de 10% a 15% do montante.
O sistema foi o mesmo com a
área de biodiesel. As empresas desembolsaram entre R$ 1,5 milhão e R$ 2
milhões em propina, conforme o delator. O acerto foi feito, mais uma
vez, entre Nadaf, que na época estava à frente da Secretaria de
Indústria, e José Wagner dos Santos, empresário do ramo e irmão do
senador Cidinho Santos (PR-MT).
Ele relata ainda pagamento de propina
por empresas do setor de móveis e de software. A Odebrecht teria pago
R$ 1 milhão em caixa dois durante a campanha de 2010, apesar de não ter
uma contrapartida especificada.
OUTRO LADO
O frigorífico Marfrig
informou que "contribuiu de forma espontânea com as investigações
relativas ao pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos do
Estado que compõem a organização criminosa". "Após investigação que
contou com ampla cooperação do grupo Marfrig, esta Promotoria concluiu
que o grupo foi compelido a se submeter às exigências, não sendo
imputado aos seus dirigentes a prática de qualquer ato de natureza
criminal", diz a empresa.
A Odebrecht informou por meio de nota que está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua.
Os demais citados não foram encontrados (Folha de S.Paulo)
O subsecretário-geral de Assuntos Econômicos
e Financeiros do Itamaraty, Carlos Cozendey Antonio Cruz/Arquivo/Agência Brasil
O governo brasileiro deverá recorrer da decisão da Organização
Mundial do Comércio (OMC) na qual foi condenado por políticas de
subsídio adotadas em programas nos setores de automóveis,
telecomunicações e informática. O relatório já era do conhecimento do
governo brasileiro, mas só foi oficialmente divulgado hoje (30) pela
OMC, após concluída sua tradução.
“Nossa tendência é apelar, mas não vou entrar em detalhe no conteúdo
por razões óbvias de estratégia”, disse o subsecretário-geral de
Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores,
Carlos Márcio Bicalho Cozendey, em entrevista coletiva na qual comentou
o relatório da OMC.
A União Europeia e o Japão abriram processos contra o Inovar-Auto, de
incentivo à inovação tecnológica na cadeia produtiva de veículos
automotores, o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da
Indústria de Semicondutores e Displays (Padis) e a Lei de Informática.
Houve processos também contra os programas de Apoio ao Desenvolvimento
Tecnológico da Indústria de Equipamentos para TV Digital e o de inclusão
digital. Estes, no entanto, já terminaram.
O Brasil tem agora prazo de 60 dias, contados a partir do dia 19 de
setembro, para decidir se recorre da decisão. Caso isso ocorra, o caso
será novamente examinado. Com isso, a expectativa é que se levem pelo
menos mais seis meses para que o caso seja encerrado.
Durante a parada que fez em Lisboa – como escala de sua
visita para a China – o presidente Michel Temer teve um encontro com o
presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, na manhã desta
quarta-feira, 30. Depois da reunião, Temer usou as redes sociais para
afirmar que informou ao colega português o caráter reformista de seu
governo e que Sousa manifestou apoio a demanda brasileira de ingressar
na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
“O presidente de Portugal apoiou a solicitação brasileira para
fazer parte da OCDE e disse que acompanha os projetos de concessão do
governo”, escreveu Temer no Twitter, referindo-se ao pacote de
concessões anunciados nesta semana e que o presidente leva na bagagem
para tentar “vender aos chineses”.
O pedido de adesão para ingressar na OCDE foi feito pelo
governo brasileiro no fim de maio, mas até que o País seja aceito pode
haver um intervalo de anos.
Segundo as mensagens, publicadas pela assessoria de imprensa
do presidente, Temer também apresentou a Sousa “os bons resultados da
economia brasileira”. “Estamos fazendo um governo reformista”, disse o
presidente.
Temer chegou em Portugal na terça à noite, teve os encontros
na manhã seguinte em Lisboa e segue em viagem para a Pequim nesta
quarta. Há pelo menos mais uma parada técnica prevista da comitiva
presidencial no caminho, em Astana, no Cazaquistão.
O grupo sul-coreano CJ adquiriu 90% da Selecta - sendo 60%
adquirido da empresa chilena Corpesca, com opção de compra de mais 10% em dois
anos, e 30% dos acionistas minoritários. Com a aquisição, por US$ 450 milhões, a
empresa muda sua denominação para CJ Selecta. Segundo a Associação
Comercial Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (ACIEG), a atual CJ Selecta
poderá expandir seu portfólio para áreas como suínos, frangos e peixes.
A
previsão do plano de investimentos para o Brasil é de ampliar em 50% a produção
industrial, que tem atualmente uma capacidade de esmagamento de 700 mil toneladas
de soja por ano, e fazer uma estrutura de negócio para a fabricação de proteína
de soja concentrada e de farelo de soja fermentada.
O diretor de competitividade da Associação Brasileira da
Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Mário Bernardini, afirmou
nesta quarta-feira, 30, que a demanda atual por máquinas e equipamentos
no Brasil, por ainda estar baixa, indica que o “investidor de
investimento produtivo está com o pé atrás”.
Segundo ele, se as compras de máquinas e equipamentos não
estão sendo feitas agora, significa que os investidores não estão
apostando em melhora da economia nem para meados do ano que vem.
“Caso
contrário eles estariam comprando hoje”, disse Bernardini. “Significa
que eles não estão vendo ou não estão lendo a recuperação da atividade
econômica”.
Bernardini disse ainda que a projeção da Abimaq para a receita
líquida do setor em 2017 varia entre queda de 2%, num cenário mais
otimista, e de 5%, numa visão mais pessimista. No acumulado de janeiro a
julho, o indicador apresenta queda de 5,6% em relação a igual período
de 2016, com R$ 37,8 bilhões.
O diretor financeiro do BNDES, Carlos Thadeu de Freitas
Gomes, afirmou nesta quarta-feira, 30, que o pedido de devolução
antecipada de mais cerca de R$ 100 bilhões de empréstimos de longo prazo
ao Tesouro Nacional ainda não foi encaminhado “nem formalmente, nem
informalmente” pela equipe econômica do governo, mas já é esperado pelo
banco de fomento.
“Não foi encaminhado formalmente e não está em discussão, mas
isso é uma realidade orçamentária. Não é uma questão do BNDES com o
Tesouro Nacional, é uma realidade orçamentária. A partir daí temos que
seguir os passos orçamentais, como vai ser, quando vai ser, mas é uma
necessidade orçamentária da União hoje”, declarou em conversa com
jornalistas. Ele frisou que o banco “está sempre preparado para fazer
fluxo de caixa com vários cenários”.
Como o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo
Estado, revelou, o retorno desse dinheiro ao caixa da União em 2018 deve
estar previsto na proposta de projeto de Orçamento para o ano que vem,
que será encaminhada ao Congresso nesta quinta-feira, 31.
Ao ser questionado sobre o assunto por jornalistas, Thadeu de
Freitas afirmou não ver “nenhum inconveniente em nada disso em qualquer
circunstância”. “O que é momento ideal? Aquele que o banco estiver com
condições favoráveis para não depender mais desses recursos. Nesse
momento depende, mas não tanto.”
Ele destacou que, embora o banco não tenha sido comunicado, o
pedido é esperado devido à devolução de outros R$ 100 bilhões pelo BNDES
ao Tesouro no fim do ano passado. “Já teve uma devolução, então é uma
questão de tempo, o que não pode é atrapalhar a chamada dinâmica do
banco, o que atrapalharia a União também, já que o banco paga dividendos
para a União”, afirmou.
Thadeu de Freitas declarou que não existe a possibilidade de o
banco negar um eventual pedido de devolução, mas que é possível
negociar questões como volumes e forma de transferência, por exemplo.
“Vai depender do momento específico da devolução. A maneira mais formal
de devolução seria em títulos, porque pegou (o empréstimo) em títulos,
devolve em títulos. Talvez essa seja a forma de devolução”, disse o
diretor.
Ele conversou com a imprensa no Senado, onde participa na
tarde desta quarta-feira, 30, de uma audiência pública da Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga denúncias de
irregularidades no BNDES. A oitiva também terá a participação do
procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União
(TCU), Júlio Marcelo de Oliveira.
Após enfrentar dois meses de resistência de parlamentares, a
CPI do BNDES foi instalada há cerca de um mês para investigar
empréstimos concedidos pelo banco de fomento desde 1997, no âmbito do
programa de globalização das companhias nacionais.
A IBM vende computadores ao Governo Federal desde 1962.
O IBGE, a Receita, o Banco Central, a Serpro, o INSS, o Banco do Brasil, todos compraram mega computadores da IBM, e nunca houve uma suspeita de corrupção.
Por que a IBM é diferente da OAS, Odebrecht, e tantas empresas brasileiras?
Eficiência.
A IBM sempre se preocupou em fazer produtos de qualidade, e não subornar governos mundo afora.
A ponto que quando um governo comprava um computador que não fosse da IBM, aí sim havia suspeita de algum tipo de corrupção.
Corrupção
é alternativa para empresas incompetentes, que nunca se aprimoraram
administrativamente, que nunca treinaram seus sucessores e diretores.
Novamente volto à mesma tecla.
Em 1945, criamos uma lei, a 7988, que extinguiu todas as nossas Faculdades de Administração, para abrir espaço para as Faculdades de Economia criadas por essa lei desonesta e corrupta.
Nossas
empresas são ineficientes, mal geridas, dão prejuízo, e aí precisam de
um governo corrupto que lhes deem benesses, cartórios, concessões,
financiamentos que são na realidade doações, barreiras alfandegárias, e insider information.
Tragicamente ainda achamos que a solução para a corrupção é dar mais poderes ao MP, criar penas mais severas aos corruptos.
Não abrirmos novamente aquelas Faculdades de Administração fechadas pela ditadura Vargas, incentivar empresas familiares a abrir democraticamente seu capital, e o governo ouvir mais administradores profissionais e não esses economistas golpistas de 1945.
Precisamos
criar, com certa urgência, empresas eficientes, administradas por
profissionais bem treinados, que não precisam da corrupção para
sobreviver.
O Deputado Luiz Carlos Hauly, relator da Comissão de Reforma
Tributária na Câmara dos Deputados, tem realizado uma série de
palestras para apresentar seu projeto de reforma tributária, cuja ideia
central é juntar o PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS. A base de cobrança
dessa unificação seria o valor adicionado em cada elo da cadeia
produtiva, dando origem a um IVA (Imposto sobre Valor Adicionado)
nacional.
O governo federal cogita apoiar essa proposta para promover mudanças
amplas no sistema de impostos e contribuições do país, como alternativa
ao seu projeto parcial que prevê unificar apenas PIS e Cofins.
O projeto do Deputado Hauly contempla um grave problema que é a
elevada alíquota que o IVA teria, algo que impulsionaria fortemente a
evasão de receita pública. Estima-se que ela seria de cerca de 30%. O
ICMS, um IVA estadual com alíquota de 18%, é o tributo mais sonegado no
país.
A alíquota do IVA federal seria um estímulo à sonegação, anomalia que
já atinge, por ano, a casa de meio trilhão no Brasil e que provoca
distorção na competição empresarial, uma vez que uma empresa que sonega
pode prosperar, frente à outra que não consegue fazê-lo, e exige que
contribuintes, como os assalariados, tenham que pagar mais tributos para
compensar essa gigantesca evasão de arrecadação.
Para fazer frente ao tamanho da alíquota, a proposta Hauly prevê a
criação de um novo imposto chamado de Seletivo (um excise tax) que
incidiria sobre produtos de amplo espectro na cadeia produtiva e nos
padrões de consumo, como energia e combustíveis. Mas isto teria como
inevitável resultado o generalizado desalinhamento dos preços relativos,
reduzindo significativamente a eficiência alocativa nos processos de
produção e consumo do país.
O IVA nacional tem como méritos o alívio na complexidade do sistema,
por conta da unificação de tributos, e o fim da guerra fiscal, uma vez
que sua legislação seria federal. Mas, o projeto não resolve o maior
problema tributário do país que é a evasão de receita. Muito pelo
contrário, ele tende a piorar a situação. Com Imposto Seletivo ou sem
ele, a alíquota do IVA se manteria alta e o sistema continuaria
declaratório, burocrático.
Levar este projeto adiante seria o mero “aperfeiçoamento do
obsoleto”, como afirmou Roberto Campos, em certa ocasião, ao avaliar
proposta semelhante. Arrematando seu raciocínio, a solução seria
caminhar na direção de um imposto único federal, mas não com base no
valor adicionado, como propõe Hauly, e sim sobre movimentação
financeira. No lugar de uma alíquota extremamente alta cobrada sobre um
sistema declaratório, poder-se-ia aplicar uma alíquota reduzida sobre
uma forma de cobrança automática que dispensa registros, declarações,
guias, etc. A simplificação seria maior, acabaria a guerra fiscal e a
sonegação seria combatida.
O intrigante neste tema é que o uso de um tributo sobre movimentação
financeira havia sido inicialmente idealizado pelo deputado em seu
relatório prévio, apresentado em fevereiro deste ano.
Mas,
lastimavelmente, ele voltou atrás em sua proposta inicial. Há várias
hipóteses sobre as causas dessa reversão, mas a que me parece a mais
provável é que um tributo insonegável e de largo alcance, como a
movimentação financeira, fere os interesses de grupos econômicos e
deflagra poderosas pressões contrárias. Os escândalos da Operação
Zelotes estão a demonstrar a correção desta hipótese.
A empresa tem R$ 220 milhões para investimentos até 2022
Da Redação
redacao@amanha.com.br
Menos de um ano depois de assumir a operação brasileira, a
fabricante de tratores Mahindra tem um acelerado plano de expansão que
inclui negócios em países da América Latina. O anúncio foi feito nesta
terça (29) pelo diretor-geral de Operações da Mahindra Brasil, Jak
Torretta (foto), em Esteio (RS). O avanço da empresa se dará em
diferentes frentes. Com capacidade de montagem de 1 mil tratores por ano
em Dois Irmãos (RS), a companhia projeta dobrar o volume de produção
até 2022. Para isso, analisa a compra de uma fabricante de implementos
ou tratores, ou mesmo a construção de uma nova fábrica.
A empresa
tem reservado US$ 70 milhões (cerca de R$ 221 millhões) para
investimentos nos próximos cinco anos, valor destinado para aquisições
ou construção de nova unidade e nacionalização de tratores fabricados em
outros países pela marca originária da Índia. “Estamos em negociações
com municípios para a instalação de uma fábrica, mas a nossa preferência
é ficar na Grande Porto Alegre. Se não montarmos mais em Dois Irmãos,
deverá ficar na cidade um centro de distribuição de peças”, adiantou
Torretta. Pelo fato de a matriz da Mahindra ter 35% da fabricante de
colheitadeiras Sampo Rosenlew, da Finlândia, Torretta também afirmou que
está em estudo a fabricação de modelos no Brasil. “Os finlandeses estão
bem interessados em razão do potencial do agronegócio brasileiro.
Seriam colheitadeiras voltadas para o pequeno e médio produtor”,
relatou.
Focada na agricultura familiar – são 5 milhões de
propriedades rurais no país com esse perfil –, a Mahindra tem o mercado
consumidor concentrado no Sul e Sudeste. Mas está em andamento um plano
para ampliar a rede de concessionárias. Atualmente são 15 pontos de
venda. A projeção é chegar a 20 até o fim do ano, basicamente no Sul e
Sudeste. De acordo com a companhia, há compradores em potencial em São
Paulo, Minas Gerais, sul da Bahia, Goiás e Mato Grosso do Sul.
Líder
mundial em volume de vendas de tratores, a indiana Mahindra está
presente em mais de 100 países nos cinco continentes e conta com mais de
200 mil funcionários em todo o mundo. O Grupo Mahindra possui 34
unidades de manufatura espalhadas pelo globo. Apenas nas quatro fábricas
da Índia são produzidos cerca de 250 mil tratores por ano. No total, a
gigante indiana já ultrapassou a marca de 2 milhões de tratores
vendidos.
A dois
anos de se aposentar, o CEO da montadora, Sergio Marchionne, insiste em
procurar um comprador para a companhia. A bola da vez é a chinesa GWM
Moacir Drska
Em 2004, quando o ítalo-canadense Sergio Marchionne assumiu o
comando da Fiat, a montadora italiana estava à beira da falência. Nos
anos seguintes, ele se consolidou como um nome de peso na indústria
automobilística ao conduzir a companhia de volta ao lucro. Um dos
destaques de sua gestão foi a fusão com a americana Chrysler, que deu
origem à FCA, dona de um faturamento de € 111 bilhões de euros em 2016.
No mesmo ano, a Fiat figurou entre as 50 maiores empresas do Brasil no
anuário AS MELHORES DA DINHEIRO.
Aos 65 anos, Marchionne tem uma última meta antes de se aposentar, em
2019: deixar a FCA bem posicionada em um cenário de consolidação do
setor, que ele classifica como inevitável diante da demanda crescente
pelo desenvolvimento de tecnologias como os carros elétricos e
autônomos. Depois de tentativas frustradas de aproximação com a alemã
Volkswagen e a americana General Motors, essa busca por alternativas
parece ter ganhado uma nova opção. No dia 14, as ações da FCA chegaram a
subir 8,3% com os rumores sobre a sondagem de empresas chinesas para
adquirir o grupo.
Fusão à vista: para Marchionne, CEO da FCA, a consolidação na indústria automotiva é inevitável (Crédito:Chris Helgren / Reuters)
Na segunda-feira 21, esse interesse ganhou um nome, literalmente,
dentro da Grande Muralha. Em comunicado, a chinesa Great Wall Motor
(GWM) confirmou que vem avaliando uma oferta pela FCA, sem especificar,
no entanto, se uma eventual proposta incluiria toda a operação, cujo
valor de mercado é de US$ 22,7 bilhões, ou parte dos ativos do grupo. No
setor, porém, são fortes as especulações que o foco de uma investida
estaria restrito à marca Jeep. À parte das especulações, a Fiat informou
que não foi procurada pela GWM.
Para analistas, a aquisição da Jeep se encaixaria perfeitamente na
estratégia da GWM para ganhar escala no mercado global. Em seu país, a
companhia é uma das principais fabricantes de SUVs e picapes. “A Jeep é uma marca forte e não há muitas opções de ativos à disposição para que os chineses entrem nesse jogo global”,
diz o executivo de uma consultoria automotiva com atuação no mercado
chinês, que já foi procurada pela GWM para uma análise da FCA. “E eles
têm o governo chinês como acionista. Capital não é problema para os
chineses.” Contudo, sob o ponto de vista da FCA, uma eventual venda do
ativo é vista com ceticismo por parte do mercado.
Alguns fatores contribuem para essa visão. As mais de 1,4 milhão de
unidades vendidas da marca em 2016 representaram o quinto ano
consecutivo de recordes da Jeep, classificada por alguns especialistas
como a “joia da coroa” no portfólio do grupo. Em julho, Adam Jonas,
analista do Morgan Stanley chegou a apontar em relatório que, sozinha, a
marca valeria mais do que o restante da FCA. Outra possível barreira
para um acordo seria a declarada rejeição de Donald Trump às aquisições
de ativos dos Estados Unidos por companhias chinesas. A possibilidade de
um símbolo americano como a Jeep seguir esse caminho fatalmente seria
alvo de uma forte resistência por parte do político.
Sob esse cenário, Rodrigo Custódio, analista da consultoria Roland
Berger, entende que, um caminho mais provável para a concretização de um
acordo seria o modelo já adotado por outras montadoras chinesas. Em
2013, por exemplo, a Dongfeng investiu cerca de € 800 milhões na compra
de 14% da francesa PSA. A cifra ajudou o grupo francês, dono da Peugeot e
da Citroën, que estava próximo da falência. “Uma parceria nesses moldes
faria mais sentido”, diz Custódio. “A FCA teria uma injeção de capital
importante. E a GWM teria um caminho mais fácil para ganhar escala
global.”
Carteiras de trabalho de candidatos a vagas de emprego Temporário
O Ministério Público Federal (MPF) informou nesta segunda-feira que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) negou, por unanimidade, o recurso da União e manteve a sentença de primeira instância que considera ilegal os prazos estabelecidos para a solicitação do seguro-desemprego. A decisão vale para todo o Brasil.
As
requisições do benefício eram indeferidas em casos protocolados após
120 contados da rescisão do contrato de trabalho e 90 dias contados do
resgate do trabalhador da situação análoga à de escravo.
A ação
foi ajuizada pelo Ministério Público em 2014, na 4ª Vara Federal de
Porto Alegre. O órgão diz considerar ilegal “o estabelecimento dos
prazos porque a lei do seguro-desemprego nunca instituiu tais limites”.
A
União, então, entrou com recurso, que foi negado pelo TRF4. Ainda cabe
recurso. Procurado, o Ministério do Trabalho, que estabelece os prazos,
não se posicionou até a publicação desta nota.
O diretor indicado para a área de Administração do Banco
Central, Maurício Costa de Moura, afirmou nesta terça-feira, 29, durante
sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), que a Taxa de Longo
Prazo (TLP) terá atuação direta nos juros estruturais no País. “A
melhoria da eficiência alocativa dos juros tende a reduzir os juros
estruturais”, disse. “Enxergamos na TLP um avanço estrutural importante
no ambiente de negócios. A TLP reduz subsídios implícitos, e os
subsídios terão que ser concedidos de forma transparente”, acrescentou.
Durante a sabatina, ele afirmou ainda que a medida provisória
784, que estabelece novo marco punitivo para as instituições reguladas,
permitirá que o BC esteja pronto para enfrentar os desafios futuros.
“Qualquer indício de crime que chegue ao BC, temos obrigação legal de
comunicar ao Ministério Público”, acrescentou, ao ser questionado por
senadores sobre a possibilidade de a MP 784 prejudicar os trabalhos do
Ministério Público na área penal.
Política Monetária
O diretor indicado afirmou ainda, ao defender a atuação do
Comitê de Política Monetária (Copom), que a política monetária no Brasil
segue o que a “boa norma” e a academia dizem. Em outro momento da
sabatina, ele afirmou que o cadastro positivo, defendido pelo BC e pelo
próprio governo, representa uma evolução para o crédito no Brasil, que
está sendo discutida agora.
Cientista defende que a bebida é fortemente dependente das memórias e emoções
Por Marcos Graciani
graciani@amanha.com.br
Um copo de vinho, quem diria, também pode ser um excelente
exercício para o cérebro. Esta é a tese do neurocientista Gordon
Shepherd, da Faculdade de Medicina de Yale, nos Estados Unidos. Ele
afirma que beber vinho desperta reações tanto nas partes sensoriais como
emocionais do cérebro. No seu livro “Neuroenology: How the Brain
Creates the Taste of Wine”, o especialista criou o termo
"neurogastronomia" para descrever o estudo de como o cérebro cria a
sensação de sabor. No mesmo livro, Shepherd defende que o gosto é apenas
uma ilusão, produzida pelos nossos sentidos e emoções que
posteriormente irá traduzir a percepção que temos dos alimentos e
bebidas.
"O sabor não está no vinho. O sabor é criado pelo cérebro
de quem o ingere num processo que implica o movimento do vinho através
da boca e do ar infundido pelo álcool através do nariz, fazendo com que o
cérebro formule o sabor. A parte mais importante desta ativação do
cérebro está no momento em que expiramos o ar infundido com o aroma que
cheiramos”, explicou ao jornal britânico Daily Mail.
O cérebro
constrói uma imagem das cores através de informações que os olhos
retiram de como a luz atinge os objetos em volta. "As moléculas do vinho
não têm sabor nem cheiro, mas quando estimulam os nossos cérebros, é
criado o sabor da mesma forma que cria a cor", afirmou o especialista à
Rádio National Public. O neurocientista crê que o vinho é fortemente
dependente das nossas memórias e emoções, conclui, então, que beber
vinho estimula mais o cérebro que ouvir música ou resolver uma equação
matemática.
A
XP Investimentos bate recordes de ativos sob custódia e de captação,
prepara o lançamento de um banco e projeta se transformar na maior casa
de investimentos do Brasil em cinco anos. Para que isso aconteça, terá
de superar as maiores instituições financeiras e seu novo sócio, o Itaú
1. Carlos Ferreira, head de
renda variável / 2. Julio Capua, CFO / 3. Daniel Lemos, COO e head de
produtos / 4. Guilherme Benchimol, fundador e CEO / 5. Gabriel Leal,
head comercial e de relacionamento com clientes / 6. Fernando
Vasconcellos, head de marketing (Crédito: Gabriel Reis)
Márcio Kroehn
No próximo dia 30 de agosto, Guilherme
Benchimol, fundador e CEO da XP Investimentos, estará em Chamonix, nos
Alpes franceses, para dar início a uma longa jornada de 120 quilômetros.
Ele terá até 34 horas para cumprir o percurso e vencer uma elevação
aproximada de 7,2 mil metros de altitude. Se conseguir completar a
Ultra-Trail du Mont-Blanc, Benchimol terá superado a barreira centenária
pela segunda vez em poucos dias. A primeira, alcançada no dia 15, não
foi um feito exclusivo do ultramaratonista, embora a escalada também
tenha sido íngreme.
A empresa independente de investimentos, criada por ele em 2001, numa
pequena sala de Porto Alegre, bateu a marca de R$ 100 bilhões sob
custódia em ações, fundos, seguros, previdência, renda fixa, tesouro
direto e investimentos no exterior. Há sete anos, a companhia tinha um
centésimo desse valor. No final deste ano, a projeção indica que a XP
chegará a R$ 130 bilhões, um volume possível pelos recordes mensais de
captação. Em agosto, a casa deve atrair R$ 5 bilhões de novos recursos.
“O que a gente tinha sob custódia em todo o ano de 2010 a gente capta,
agora, em poucos dias”, diz Benchimol (leia entrevista aqui).
Tanto apetite por recordes tem uma justificativa. Em cinco anos, a XP
quer se tornar a maior casa de investimentos do Brasil, superando Banco
do Brasil, Itaú e Bradesco. Esses três principais bancos comerciais do
País concentram mais da metade dos R$ 3,3 trilhões em investimentos de
cerca de 30 milhões de brasileiros. Para superar esses bancões, a XP
terá de multiplicar por, pelo menos, nove vezes o seu volume atual sob
custódia. Para alcançar os R$ 900 bilhões, Benchimol acredita em dois
pilares: qualidade na prestação de serviço e oferta de bons produtos. O
primeiro ponto é seu exército de agentes autônomos de investimento, que
são os especialistas responsáveis por convencer uma pessoa comum a
trocar o tradicional relacionamento com o banco pela XP.
Onde tudo começou:
no início, a XP oferecia cursos para quem se interessava em aprender a
investir na bolsa de valores. Só em 2007 a empresa se tornou uma
corretora (Crédito:Divulgação)
“Não é criar mercado, é convencê-lo de que investir com a gente é
incomparavelmente melhor do que em qualquer outro banco comercial do
Brasil”, diz Benchimol. Na visão da empresa, os investimentos precisam
ser tratados como a saúde: um especialista é muito mais preciso que um
clínico geral. Há cinco anos, a XP tinha pouco mais de 880 agentes
autônomos, número que está próximo de 2,4 mil. Daqui a três anos, o
objetivo é ter 10 mil. Cabe a esses “soldados” mostrar que um fundo com
características idênticas na XP e num grande banco, por exemplo, tem
retornos distintos.
Ainda há centenas de fundos DI que cobram taxas de administração
perto de 3% ao ano. A XP tem um produto com características semelhantes a
0,3%. “Sempre tivemos metas audaciosas por acreditar que existe
uma oportunidade muito grande no Brasil de oferecer um serviço
diferente para investimentos”, afirma Gabriel Leal, head
comercial e de relacionamento com cliente do Grupo XP. A solução foi
ofertar fundos de terceiros. “Até pouco tempo atrás, os bancos
rejeitavam conceitos como assessoria de investimentos ou plataforma
aberta. Hoje, o jogo virou”, complementa Fernando Vasconcellos, head de
marketing.
O segundo pilar de Benchimol é a oferta de produtos. Sua prateleira
tem mais de 25 emissores de renda fixa e oferece mais de 400 fundos de
investimento, como os da Verde Asset, Adam Capital, Garde Asset e AZ
Quest (os fundos são responsáveis por metade da captação da XP). A Verde
Asset Management, por exemplo, do badalado gestor Luis Stuhlberger,
detém R$ 32 bilhões sob gestão e não é acessível a todo tipo de
investidor, por exigir um valor alto para aplicação. Em abril, a XP
passou a distribuir um desses fundos, com tíquete de R$ 50 mil. “A XP
tem sido mais rápida e aproveitado as oportunidades de mercado, como as
debêntures de infraestrutura, em 2012, e a oferta de CDB”, diz Daniel
Lemos, Chief Operating Officer e head de produtos do Grupo XP. “Cada vez
tem mais concorrência e a velocidade de acompanhar o nosso movimento
tende a diminuir.”
Novo sócio:
Roberto Setubal, co-presidente do Conselho do Itaú: “A empresa está
três anos à frente da concorrência. Ela vai tirar todos os bancos da
zona de conforto, como tirou o Itaú” (Crédito:Felipe Gabriel)
Dentro dessa oferta de plataforma aberta, cabe até um banco. É isso o
que eles querem mostrar ao mercado, assim que o Banco Central emitir a
autorização para o funcionamento do Banco XP. O processo está em análise
há mais de um ano pela autoridade monetária e a expectativa é que
consiga entrar em atividade no primeiro semestre de 2018. A diferença do
banco da XP é que ele será uma marca ao lado das outras e não a
principal atividade. Como será isso? Um cliente poderá fazer todos os
tipos de operações financeiras com a XP, mas a conta corrente, o cartão
de crédito e o financiamento não serão as principais. O modelo é
inspirado na gigante americana Charles Schwab, criada no início da
década de 1970, em São Francisco, como uma corretora de valores.
A Schwab, que hoje tem US$ 3,1 trilhões sob custódia, mexeu com a
estabilidade de tradicionais casas, como o Merrill Lynch, ao cortar
drasticamente as taxas dos investidores. Ao longo do tempo, foi uma das
pioneiras na negociação online de ações e ampliou a oferta de aplicações
aos clientes, como fundos de investimento e títulos do Tesouro dos
Estados Unidos. Assim como a XP quer oferecer produtos bancários, a
Schwab tem essa possibilidade entre seus serviços, num total de 1,2
milhão de contas. Mas o modelo americano foi colocado à prova quando a
Schwab saiu às compras após o estouro da bolha da internet, em 2000, e
adquiriu o private bank US Trust e o banco de investimentos Soudview. A
diversificação afastou a empresa daquilo que a diferenciou do mercado. A
XP quase caiu nessa mesma tentação.
No início do ano passado, quando o Citigroup anunciou a intenção de
vender a operação de varejo do Citi no Brasil, a XP apareceu como um
potencial interessado. O mercado comenta que a avaliação da XP foi muito
séria, inclusive envolvendo seus investidores estrangeiros, que
poderiam fazer o aporte de capital. Mas, além da entrada de competidores
como Santander e Itaú (que arrematou o banco por R$ 710 milhões), os
sócios da XP avaliaram que não queriam ser vistos nem como banqueiros
nem como vorazes compradores de um ativo pouco estratégico. “O Guilherme
tem uma obsessão por novos projetos, por tentar e errar”, diz um
ex-sócio, que deixou a empresa em 2012. “Mas uma de suas características
é começar pequeno e não perder o controle.”
Durante um ano e meio, Benchimol viveu um dos poucos momentos
em que ele se tornou um passageiro da agonia. Um fantasma passou a
ameaçá-lo após a XP ter sido vítima de roubo de informações
confidenciais. Uma quadrilha montou um email falso para capturar a senha
de acesso à plataforma da empresa. Um funcionário não se deu
conta do golpe, colocou seus dados e os bandidos conseguiram 29 mil
dados de clientes. Com isso, passaram a chantagear Benchimol, que se
recusou a pagar R$ 22 milhões em bitcoins (moeda virtual que não deixa
rastros) para se ver livre dessa ameaça. O episódio é tratado com muito
cuidado internamente, pois o erro poderia ter custado caro. Ele serviu
para aumentar os níveis de segurança de acesso ao sistema. Hoje, todos
têm um token de acesso.
Painel de controle:
o grupo XP mantém três marcas para o investidor que quer acessar a
bolsa de valores, a própria XP, a Rico e a Clear Corretora (foto)
(Crédito:Leonardo Rodrigues / Valor / Agência O Globo)
A XP não comenta o assunto, apenas informa que todos os detalhes
foram enviados às autoridades para investigação da Polícia Federal, do
Ministério Público Federal e do Banco Central. Recém-formado em economia
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Benchimol passou a fazer
parte do time da corretora Investishop. Sua missão era vender uma
plataforma virtual de negociação de ações, num momento de crescente
interesse pela tecnologia. Mas o projeto não deu certo e ele foi
demitido. Benchimol se mudou para uma corretora gaúcha, mas o projeto
não vingou. Em Porto Alegre, conheceu Marcelo Maisonnave, com quem criou
a própria empresa de investimentos, que chamaram de XPTO, por total
falta de criatividade – com o tempo, decidiram cortar pela metade a
marca.
Além dos dois sócios, eles tinham dois estagiários. Um deles, porém,
decidiu trocar a startup pela segurança do salário do JP Morgan. Para
não perder metade da equipe, os sócios decidiram oferecer 10% de
participação a Ana Clara Sucolotti. A XP só conseguiu sobreviver graças à
adoção do modelo de partnership. Dessa sociedade, Ana Clara e Guilherme
engataram um namoro e depois se casaram. Ela já deixou a empresa. O
modelo inicial deu tão certo que se transformou na base de tudo o que a
XP fez dali para frente. Julio Capua, CFO do Grupo XP, foi o quarto
sócio da empresa. Para convencê-lo a entrar para o time, ofereceram uma
participação no negócio.
“Aprendemos desde cedo a dividir para crescer, pois sempre
acreditamos que o nosso sucesso dependeria de pessoas”, afirma ele.
“Desde o início nos inspiramos em alguns modelos bem sucedidos de
partnership do mercado. No começo era uma necessidade, pois não tínhamos
dinheiro para atrair executivos seniores para a empresa.” A XP, de
fato, não importa em dividir e sente que profissionais trabalham melhor
quando têm algo a perder. Mas para ser sócio não basta ter performance. A
meritocracia tem o mesmo peso que o comportamento e a cultura.
Espelho meu:
a corretora Schwab é o modelo perseguido pela XP. Na década de 70, a
americana inovou no mercado de investimentos dos EUA ao oferecer uma
alternativa de produtos e taxas mais acessíveis (Crédito:Divulgação)
A XP quer um alinhamento horizontal e, internamente, todos afirmam
que não querem ter como sócio alguém desagradável. DINHEIRO conversou
com dois ex-funcionários que relativizam essa história. “Alguns sócios
não têm esse comportamento exemplar de dividir e ensinar. Há, sim, quem
queira atropelar o outro para ganhar participação”, afirmou um deles. “É
como acontece em todo o mercado financeiro.” Hoje, são 32 sócios com
mais de 0,5% da Holding e mais de 200 associados com participação
acionária, além dos seis sócios majoritários.
SONHO GRANDE
Os planos de sonho grande de Benchimol e
sua trupe ganharam um atalho no início de maio, quando o Itaú anunciou a
compra de 49,9% da empresa por R$ 5,7 bilhões, o que elevou o valor de
mercado para R$ 12 bilhões. A XP quadruplicou de tamanho em 12 meses. Em
abril de 2016, a General Atlantic, fundo americano de private equity,
já havia feito uma injeção de capital na empresa e adquirido a
participação do fundo inglês Actis. A operação, naquele período, avaliou
a XP em R$ 3 bilhões. Ali, o plano era alcançar os grandalhões do
mercado financeiro em 10 anos.
“O Itaú é um selo de qualidade, que nos agrega uma estrutura sólida e
consistente”, afirma Benchimol. “Antes era preciso explicar que a XP
começou em 2001, em Porto Alegre. Com o Itaú como sócio, encurtamos essa
história. Fica mais simples e mais fácil mostrar credibilidade e
convencer o cliente que somos uma empresa séria.” A assinatura do
contrato com o Itaú aconteceu um dia depois de a XP ter protocolado na
Comissão de Valores Mobiliários o prospecto para o seu lançamento
inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), na bolsa de valores. O plano
era acessar o mercado e aumentar a governança corporativa, uma
exigência que clientes mais endinheirados começaram a fazer para
acreditar na solidez da instituição financeira que vai movimentar seus
investimentos.
O interessante dessa história é que o IPO e a associação com o Itaú
caminharam juntos. Em janeiro, no início do road show para apresentar a
XP a investidores, Benchimol almoçou com Roberto Setubal, na sede do
banco. Ali, desenharam uma carta de intenções numa folha de papel
sulfite. Naquele momento, o fundador da XP colocou o Itaú como seu Plano
A, por tudo o que o banco poderia agregar à sua empresa. Mas ele não
tinha como paralisar o processo do IPO, principalmente porque era o
único que a empresa poderia controlar. Se não vingasse com o Itaú, a XP
não atrasaria os seus planos.
O mercado comenta que grandes fundos internacionais, como o Temasek,
de Singapura; o Texas Pacific Group (TPG); o chinês GAC eram potenciais
interessados em ancorar o IPO, termo utilizado no mercado para garantir
que a operação seja bem-sucedida. O Itaú, porém, interrompeu esse
processo e formalizou o que Benchimol e Setubal tinham colocado na folha
A4 naquele almoço: o Itaú tinha interesse na independência da XP e
nesse novo modelo de negócio para os investimentos, enquanto a XP
ganhava a confiança de um importante parceiro, sem abrir mão do
controle. “A XP é o maior caso de sucesso do empreendedorismo dos
últimos 30 anos”, afirmou Setubal, durante a Expert, um evento
organizado pela sua nova sócia. “A empresa está três anos à frente da
concorrência. Ela vai tirar todos os bancos da zona de conforto, como
tirou o Itaú.”