As negociações entre Mercosul e União Europeia para um acordo
de livre-comércio seguem em ritmo acelerado, mas os europeus vêm
relutando em melhorar sua proposta de abertura do mercado de bens
agrícolas.
A atitude europeia gera preocupação no Brasil, que teme que a UE
esteja adotando a estratégia de deixar o tema para a última hora a fim
de convencer o Mercosul de que é "pegar ou largar".
Pessoas que acompanham o processo de perto dizem que os europeus
argumentam que só será possível melhorar sua proposta após as eleições
da Alemanha, previstas para o mês que vem.
Eles já haviam pedido para aguardar o pleito da França, mas causou
estranheza o pedido sobre a Alemanha, um dos países mais pró-livre
mercado da UE e onde o movimento nacionalista, que atingiu os EUA e o
Reino Unido, ainda não ganhou força.
Se as novas ofertas só forem trocadas em outubro, como querem os
europeus, restarão apenas dois meses até a reunião ministerial da OMC
(Organização Mundial do Comércio) em Buenos Aires, em dezembro.
Os dois lados já declararam publicamente que gostariam de assinar um
pré-acordo no encontro, incluindo os temas mais sensíveis e deixando
para depois só detalhes como revisões jurídicas e traduções.
Por causa desse comprometimento, os diplomatas relatam que as
negociações entre os blocos seguem em "quinta marcha" com encontros
mensais sobre temas como propriedade intelectual e compras
governamentais.
INSUFICIENTES
As ofertas de redução de tarifas para bens agrícolas e industriais,
no entanto, são as mesmas desde maio de 2016, quando os dois blocos
finalmente voltaram à mesa após uma interrupção de 12 anos na
negociação.
Na área agrícola, os europeus ainda não apresentaram cotas para carne
bovina, açúcar e etanol, produtos muito importantes para o Brasil,
segundo apurou a Folha. As cotas de 78 mil toneladas para carne de
frango e 9.300 toneladas para carne suína também estão muito abaixo das
expectativas do setor.
Outro problema é que a UE mantém a proteção aos produtos processados
do agronegócio, que geram mais lucro. Enquanto a entrada de soja em grão
e café verde é liberada assim que o acordo entra em vigor, a exportação
de óleo de soja e de café solúvel só acontece após quatro e sete anos,
respectivamente.
"Estamos felizes que a negociação finalmente está andando depois de
tanto tempo, porque a Europa é um parceiro prioritário, mas precisamos
incluir os produtos que interessam ao Brasil", diz Ligia Dutra,
superintendente de relações internacionais da CNA (Confederação Nacional
da Agricultura).
Ela se recusou a comentar produtos específicos.
As negociações entre Mercosul e União Europeia já duram 18 anos.
Segundo pessoas consultadas pela reportagem, o acordo nunca esteve tão
perto de fechar graças ao alinhamento recente dos governos do Mercosul a
favor do livre-comércio.
Para a União Europeia, fechar um acordo com o Mercosul até dezembro
também enviaria uma forte mensagem aos Estados Unidos, que se tornaram
mais protecionistas após a vitória de Donald Trump e praticamente
abandonaram as negociações para uma área de livre-comércio entre o país e
a UE.
Procurados, o Itamaraty e a Embaixada da União Europeia no Brasil não deram entrevista.
http://www.brasilagro.com.br/conteudo/mercosul-aguarda-proposta-da-ue-sobre-bens-agricolas-para-acordo.html?utm_source=Newsletter&utm_medium=E-mail-MKT&utm_campaign=E-Mkt_RGB/
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