Enquanto o BNDES, principal acionista minoritário da JBS, propõe a
abertura de processo de responsabilidade civil contra controladores e
administradores da empresa, outros investidores se articulam para tentar
votar o afastamento da família Batista do comando da empresa.
Os acionistas da JBS se reúnem em assembleia no próximo dia 1º, quando vão discutir a proposta do BNDES para processar os controladores e os ex-administradores Joesley Batista, Florisvaldo Caetano de Oliveira e Francisco de Assis e Silva.
Com 21,3% das ações, o banco quer ainda a
contratação de uma auditoria externa para quantificar os danos gerados à
empresa e identificar outros responsáveis.
A proposta foi vista pelo
mercado como um recuo, já que, ao assumir o comando do BNDES, em junho,
Paulo Rabello de Castro defendeu publicamente o afastamento da família
Batista.
"A permanência dos Batista é insustentável sob qualquer
ponto de vista. São criminosos confessos e não poderiam continuar no
comando de qualquer companhia do Brasil", disse o vice-presidente da Associação dos Investidores Minoritários do Brasil, Aurélio Valporto.
Ele
disse que já iniciou "procedimentos judiciais" para propor, na
assembleia, pedido de afastamento dos controladores. Valporto não quis
dizer, porém, quantos acionistas fazem parte do grupo que está
articulando para votar a proposta.
Excluindo BNDES, os minoritários têm 36% do capital da JBS, nenhum deles com mais de 5% –o que pode dificultar a formação de um bloco. Os controladores detêm 42%.
Valporto defende, porém, que os controladores não poderão votar a proposta, já que são parte interessada.
Em teleconferência na manhã desta terça (15), Wesley Batista evitou comentar as manifestações do BNDES. Segundo ele, a reunião de setembro será "uma ótima oportunidade para mostrar o que foi feito" em termos de medidas de ajuste após o estouro do escândalo criado pelas delações (Folha de S.Paulo, 16/8/17)
Em crise, JBS propõe aumentar salário de administradores em até R$ 10 mi.
Apesar da crise gerada pela delação de seus controladores, a JBS propôs a seus acionistas um aumento de R$ 10 milhões na verba destinada à remuneração de seus administradores em 2017, que foi definida em R$ 17 milhões em assembleia realizada no dia 30 de abril.
A proposta foi incluída entre as matérias que serão votadas em assembleia que será realizada no próximo dia 1º de setembro. O encontro foi pedido pelo BNDESPar, braço de participações do BNDES, para pedir investigação sobre os controladores da companhia.
O aumento seria dado apenas para os conselheiros de administração: a cifra destinada a eles subiria de R$ 2,59 milhões para um total de R$ 14,6 milhões no ano —ou cerca de R$ 1,6 milhão por conselheiro. No ano passado, a remuneração global dos conselheiros foi de R$ 2,040 milhões, ou cerca de R$ 290 mil para cada.
O conselho de administração da JBS é formado hoje por nove membros, entre eles Wesley Batista e José Batista Sobrinho, da família fundadora da companhia.
É presidido por Tarek Mohamed Farah, que também participa da administração da Alpargatas, vendida pela JBS para a Cambuhy no final de julho.
A JBS justifica a proposta de aumento com "as substanciais transformações ocorridas na realidade empresarial da companhia no presente exercício de 2017".
"Nesse sentido, a companhia vem implementando uma série de mudanças em sua administração", diz, em texto entregue à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), citando novas atribuições que os conselheiros terão, como "liderar o processo de transformação e aprimoramento dos níveis de governança".
"Ao mesmo tempo em que serão reforçadas as medidas de governança corporativa e compliance, haverá um aumento na frequência de reuniões", continua o texto, concluindo que a remuneração atual não condiz com "o cenário desafiador ao qual a companhia está atualmente exposta".
A JBS divulgou na segunda uma queda de 80% em seu lucro, para R$ 309,8 milhões.
Nesta segunda, ao divulgar o seu balanço, o BNDES anunciou que optou por não realizar a revisão do valor das ações da JBS, o chamado "teste de impairment", diante da grande volatilidade ainda provocada pelas delações.
No documento publicado em sua página, o BNDES diz ainda que votará contra o aumento dos administradores, alegando que a proposta "carece de informações suficientes que justifiquem o substancial incremento de remuneração, não estando em linha com os princípios da transparência".
A JBS afirma que não vai comentar manifestações de qualquer acionista antes da assembleia geral.
Em nota, limitou-se a dizer que "a administração da companhia está trabalhado intensamente na adoção de diversas medidas sempre no melhor interesse da JBS e de seus acionistas" e que as decisões do conselho foram tomadas por unanimidade"
(Folha de S.Paulo, 16/8/17)
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