Ao todo, serão disponibilizados R$ 500 milhões para o projeto
A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública
de fomento à ciência, tecnologia e inovação, anunciou nesta semana o
programa Finep Conecta, que garantirá recursos para empresas que
dediquem, no mínimo, 15% dos valores dos seus projetos para a
contratação de pesquisas com as universidades e os institutos de ciência
e tecnologia (ICTs).“É um projeto que vai aumentar a aproximação entre
empresas e o mundo científico”, destacou o presidente da Finep, Marcos
Cintra, no Encontro Finep para Inovação – Centro-Oeste, em Brasília.
O
financiamento ocorrerá por meio da disponibilização de uma nova linha
de crédito, que prevê mecanismos como taxas de juros menores e prazos e
carências mais longos, podendo chegar ao empréstimo de 100% dos recursos
necessário ao desenvolvimento do projeto, a depender do grau de
inovação inerente à proposta. Ao todo, serão disponibilizados R$ 500
milhões para o Finep Conecta em 2017. As contratações poderão ser
iniciadas até o fim do mês, após a formalização do projeto.
Cintra
argumentou que essa é uma forma de contornar as restrições
orçamentárias que têm atingido o setor, que hoje trabalha com cerca de
20% do orçamento que tinha há cerca de seis anos. Segundo o economista,
trata-se de uma forma de transferir recursos do setor produtivo para
universidades e ICTs. “Nós não temos recursos para apoiar, a fundo
perdido, laboratórios públicos e universidades, mas nós temos bastante
dinheiro disponível para apoiar empresas que queiram levantar recursos
para fazer investimentos. Então, o objetivo do Finep Conecta é o de
transferir parte desses recursos sobrantes para irrigar o sistema de
pesquisa universitário, que hoje está sofrendo muito com a falta de
recursos”, explicou.
O segundo objetivo do projeto, segundo o
presidente da Finep, é o de “estimular, estreitar e aprofundar o
relacionamento coparticipativo entre empresas e agências de pesquisa”, o
que ele avalia ser uma deficiência do modelo brasileiro, baseado no
grande dispêndio de recursos por parte do setor público, com pouco
investimento do setor privado no desenvolvimento de inovações.
Questionado sobre os riscos da definição dos projetos a partir de
demandas do setor privado levar à redução da autonomia universitária,
ele defendeu que cada vez mais, essa diferenciação entre empresa e
universidade está se diluindo.
“Vai haver, realmente, um
incremento da parcela das atividades das universidades que atendem a
demandas empresariais, mas esse é um resultado, digamos, indesejado, da
política pública que o governo está praticando hoje, que é de forte
contingenciamento de gastos. Nós estamos tentando amenizar esse
impacto”, destacou Cintra, que avalia que, apesar desse aumento, as
instituições de ensino e pesquisa seguirão tendo condições de fazer
pesquisa, “na medida dos seus próprios interesses”. Por outro lado, o
conhecimento produzido nessas instituições poderá ser incorporado pelas
empresas.
O Encontro Finep para Inovação – Centro-Oeste marcou a
inauguração do escritório da Finep na região. A iniciativa, que seguirá
neste terça-feira (22) com a realização de workshops sobre inovação, faz
parte do plano de descentralização e de regionalização das atividades
da financiadora, que já levou à abertura, em julho, de uma sede em
Fortaleza, cujas atividades serão direcionadas ao Nordeste. A presença
física de técnicos distribuídos por todos as regionais é considerada
pela Finep como um elemento fundamental para o conhecimento dessas
realidades e de suas especificidades, elementos fundamentais para o
desenvolvimento de uma política eficaz de dinamização da economia.
http://www.amanha.com.br/posts/view/4418
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