RAQUEL LANDIM
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
O Ministério da Fazenda e as multinacionais brasileiras chegaram a um
acordo sobre uma nova lei para a tributação de lucros no exterior. Uma
medida provisória sobre o tema deve ser editada nos próximos dias.
O acordo estimula a internacionalização das empresas, reduz a
insegurança jurídica e resolve um contencioso de R$ 70 bilhões entre as
empresas e a Receita.
Esse é o valor das autuações aplicadas a Vale, Petrobras, Ambev, Gerdau,
entre várias companhias gigantes, por não pagamento de impostos sobre
lucros fora do país.
Essas empresas poderão entrar num Refis (renegociação de dívida)
especial, o que significará alguns bilhões de arrecadação para o
governo, em momento de dificuldade para cumprir a meta fiscal.
Conforme apurou a Folha, o governo cedeu e vai aceitar que as
empresas utilizem uma holding para compensar lucros e prejuízos em
diferentes países, antes de trazer o dinheiro para o Brasil.
Mas foram impostas condições para evitar fraudes. Paraísos fiscais não
serão aceitos e as empresas só terão o benefício se instalarem suas
holdings em países com os quais o Brasil tenha tratado de troca de
informação.
Além disso, a Receita vai emitir um parecer sobre o regime tributário
dos países selecionados e o governo terá o direito de fazer uma lista de
"países estratégicos".
A tendência é que cada empresa negocie agora com a Fazenda a inclusão na
lista do país onde já funciona a sua holding. Os mais utilizados são
Áustria e Espanha.
Também ficou estabelecido que as condições serão renegociadas em quatro
anos, quando devem sair regras internacionais sobre o tema.
A oferta do governo foi apresentada na quinta-feira por Dyogo Oliveira,
secretário-executivo da Fazenda, e Carlos Alberto Barreto, secretário da
Receita.
As condições foram bem recebidas pelas multinacionais que discutem
multas na Justiça. Empresas sem pendência judicial querem seguir
negociando, mas a Fazenda disse que era a oferta final.
O governo também propôs um Refis para as autuações já aplicadas.
Empresas que pagarem à vista terão 100% de desconto de multas, juros e
encargos, o que reduziria o valor total do contencioso para R$ 25
bilhões.
O pagamento também pode ser parcelado em dez anos, com redução de 80% da
multa, 40% dos juros e 100% dos encargos. As empresas tentam ampliar
esse prazo para 15 anos, mas o governo está irredutível.
Procurados, a Fazenda e o Iedi (que reúne as empresas) não comentaram o assunto.
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