segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A invasão dos bancos estrangeiros


Árabes, dinamarqueses, suecos, suíços, italianos, coreanos. O Brasil tornou-se a nova meca dos bancos de investimento internacionais

Por Natália FLACH

Confira uma entrevista sobre a reportagem com a repórter de finanças Natália Flach.
 
 
A agenda da executiva paulista Angela Martins está praticamente tomada por reuniões com corretores imobiliários. Nas próximas semanas, ela vai percorrer os principais pontos de São Paulo em busca de uma sede para o banco árabe National Bank of Abu Dhabi, que recebeu, na quarta-feira 2, licença do Banco Central (BC) para atuar como escritório de representação no Brasil. A instituição estatal, que guarda os recursos do petróleo da região, pretende abrir um banco completo no País nos próximos anos. “Viemos para ficar”, afirma Martins, responsável por toda a América Latina. Não é o único caso.

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O dinamarquês Saxo Bank, instituição 100% virtual fundada há 21 anos, inaugurou escritório na avenida Brigadeiro Faria Lima, também na quarta-feira 2, com a intenção de prestar serviços aos fundos de hedge e family offices brasileiros que queiram operar nos mercados internacionais, diz seu co-fundador Lars Seier Christensen. O Saxo não é o único nórdico a chegar. “Nossa intenção é investir no Brasil no longo prazo, não importa se o País vai crescer pouco agora”, diz Carl-Gustav Moberg, presidente regional do sueco Svenska Handelsbanken. O apetite é crescente. Segundo dados do BC, o número de licenças para atuar no mercado brasileiro tem crescido consistentemente ao longo dos últimos cinco anos (veja no quadro na página 86) e o número de 2013 já supera o total de 2012.
 
 
 
A vinda dessas casas – assim como a recente chegada de outras da Suíça, Suécia, China, Itália e Coreia do Sul – é reflexo do aumento da exposição brasileira no mercado financeiro internacional. Uma das facetas desse fenômeno é o aumento do fluxo comercial entre o Brasil e os países de origem desses bancos. Outra é o desembarque de mais e mais empresas internacionais por aqui. Nos últimos cinco anos, Estados Unidos e Europa estiveram à beira do abismo por diversas vezes, o que aumentou a cobiça de empresas americanas e europeias pelas oportunidades oferecidas pelo Brasil. Ao chegarem, essas empresas em geral são seguidas por seus bancos de confiança. 
 
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"Estamos de olho nos negócios que as empresas brasileiras fecham com os países árabes"
Angela Martins National Bank of Abu Dhabi
 
Um bom exemplo é o suíço Zürcher Kantonalbank. “Viemos porque queremos ficar mais perto dos interesses de nossos clientes e sentimos que ajuda o fato de termos uma representação no País”, diz Christopher Hesketh, presidente para a América Latina do banco, que acaba de inaugurar seu primeiro escritório na capital paulista. “São Paulo é a única cidade com voos diretos diários para Zurique e o fuso horário é o mais adequado”, afirma. Para evitar a concorrência direta com os bancos brasileiros, estabelecidos há muito mais tempo, a estratégia é começar os negócios por meio de escritórios de representação, que funcionam como uma ponte entre as empresas que querem se estabelecer no País e o sistema financeiro local, além de facilitar a intermediação de recursos provenientes de seus países de origem.
 
 
Foi assim que o National Bank of Abu Dhabi ganhou o mandato para coordenar a oferta sindicalizada do Itaú Unibanco, que levantou US$ 370 milhões, em agosto, para financiar pequenas empresas em um programa da International Finance Corporation (IFC), braço de investimentos do Banco Mundial. O banco árabe também participou da emissão de outro forasteiro, o peruano Interbank. “Estamos de olho no comércio Leste-Oeste, pois empresas como Petrobras, Vale, BR Foods, Odebrecht e JBS fazem negócios nos países árabes”, diz Martins. “Agora vamos poder participar de captação de recursos com emissão de dívida e ações, montar empréstimos sindicalizados e financiar o comércio.”
 
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"Nosso foco são as gestoras de recursos com pelo menos R$ 50 milhões de patrimônio"
Lars Seier Christensen Saxo Bank
 
No caso do Saxo Bank, os investidores institucionais interessados em operar lá fora são o principal foco. “Estamos conversando com gestoras que tenham até US$ 50 milhões sob gestão”, diz Christensen, que abriu a empresa em 1992 com apenas US$ 80 mil de investimento. Atualmente, o Saxo Bank oferece sua plataforma de negociação de ativos em 24 países para clientes como o britânico Barclays e o americano Citibank. “Existe muito potencial nesse mercado, queremos dobrar o volume transacionado em três ou quatro anos”, diz ele, sem revelar números. Outra instituição que já carimbou o passaporte na entrada foi a butique de investimentos americana Greenhill, que será comandada pelo ex-presidente regional do Goldman Sachs, Daniel Wainstein. 
 
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Segundo Kevin Constantino, diretor da Greenhill, dentre o acrônimo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a letra B é a mais interessante. “Além dos clientes quererem estar aqui, o País tem estabilidade democrática e uma classe média emergente”, diz. 
 
A animação é grande, mas não é generalizada. Enquanto novos bancos chegam, alguns velhos conhecidos estão colocando o pé no freio. É o caso do Goldman Sachs, que desistiu dos planos de expansão, e do Barclays, que reduziu as operações. Outro que está de saída é o português Banif, que vendeu sua corretora para o conterrâneo Caixa Geral de Depósitos (CGD), cedeu a carteira de fundos para a Mapfre Investimentos e está à procura de comprador. Procurado, o Banif não deu entrevista.
 
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Sim, Isto é um banco: Sede do Saxo Bank, em Copenhague, na Dinamarca:
atuação em 24 países e clientes como Barclays e Citibank

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