Bastou
o governo brasileiro anunciar que o ministro da Defesa Celso Amorim
receberá, em Brasília, na segunda-feira (14/10) delegação
militar, chefiada pelo ministro da Defesa da Rússia Serguei Shoigu, para
que Moscou anunciar a a liberação de seis frigoríficos exportadores
brasileiros de carne bovina, que estavam proibidos de vender para o
país, sob restrição por questões sanitárias.
Na
visita da próxima semana, os visitantes russos devem manter negociações
com o Brasil sobre o desenvolvimento da cooperação
técnico-militar. Provavelmente, será discutida a questão de aquisição de
sistemas de defesa aérea Pantsir-S1. O ministro da Defesa da Rússia
deverá ter reunião com Celso Amorim, com o Chefe de Estado-Maior
general José Carlos De Nardi, e, possivelmente, com a presidenta Dilma.
Em
termos de cooperação técnico-militar, a América Latina sempre foi
secundária para a Rússia em comparação, por exemplo, com a Ásia. Agora
é hora de recuperar o tempo perdido, afirmou em entrevista à agência
russa de notícias Voz da Rússia o chefe do Centro de Análise de
Estratégias e Tecnologias Ruslan Pukhov:– Outro aspecto está relacionado
com o fato de o Brasil ter um programa de sistemas de defesa aérea.
Obviamente, o ministro da Defesa Serguei Shoigu fará todos os esforços
para promover as propostas russas. Então, a indústria russa de defesa
vai conseguir dinheiro, o qual tão pouco será redundante no contexto de
uma possível redução do orçamento militar. Outro momento é que o Brasil
com a Índia, China, Rússia e África do Sul são membros dos BRICS. É
necessário reforçar os laços com esta associação", afirmou Ruslan
Pukhov.
O Brasil mostrou
um interesse especial no complexo Pantsir-S1. Este é o mais recente
sistema de defesa aérea de curto alcance. Inicialmente, o complexo foi
projetado por encomenda dos Emirados Árabes Unidos e destinado para
exportação, nota Ruslan Pukhov:– O segundo país que quis comprar este
complexo foi a Síria, e o terceiro foi a Argélia. O exército russo foi o
quarto usuário. Atualmente, estão sendo mantidas com vários países,
incluindo o Brasil, negociações sobre o complexo que estão em fase de
conclusão. O Brasil necessita deste sistema, inclusive a fim de proteger
seu céu pacífico de possíveis incidentes, de ataques terroristas no
âmbito da Copa do Mundo e da Olimpíada num futuro previsível. Eu acho
que as chances de compra do complexo são altas, embora isso não
signifique que tudo será assinado agora, na visita. Mas será feito mais
um passo nessa direção – disse.
Quanto
aos frigoríficos brasileiros liberados, eles estão em quatro estados
brasileiros: São Paulo (JBS e Frigol), Mato Grosso do Sul (JBS e
Marfrig), Goiás (JBS) e Mato Grosso (JBS). Segundo o secretário de
Relações Internacionais do Ministério da Agricultura (SRI/Mapa), Marcelo
Junqueira, isso fará com que o abastecimento russo seja reforçado e as
exportações brasileiras continuem sendo incrementadas como já vinha
ocorrendo ao longo deste ano. "Em 2013, o crescimento em volume de carne
bovina exportada em relação ao ano anterior foi de 21% no acumulado de
janeiro a setembro. Há previsão de que nesse ano o Brasil bata recorde,
em valor, nas exportações de carne bovina”, afirmou Junqueira.
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