quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Lojas Renner é a melhor empresa na gestão de pessoas

 
 
 
 
 
Por Sérgio Ruck Bueno | De Porto Alegre
Valor Econômico -
Eleita como a melhor entre todas as empresas na gestão de pessoas em 2013 pela revista "Valor Carreira", por meio de pesquisa realizada em parceria pela Aon Hewitt e pelo Valor, a Lojas Renner é a prova de que uma boa política de valorização e desenvolvimento de recursos humanos faz bem aos negócios. Motivados, recompensados e com perspectivas de crescimento, os funcionários fidelizam os clientes e geram resultados que animam os investidores, consolidam a reputação da empresa no topo do mercado e retornam como combustível para elevar ainda mais os níveis de orgulho e engajamento interno.
"É um ciclo extremamente positivo", diz José Galló, diretor-presidente da varejista que opera nos segmentos de vestuário e utilidades domésticas. A companhia recebeu a homenagem como campeã do prêmio "Valor Carreira" ontem à noite, em São Paulo. De acordo com Galló, uma equipe engajada, que gosta do que faz, fala bem da empresa e se esforça no trabalho, em geral produz resultados 20% a 25% maiores do que um grupo sem estímulo. "Onde o clima organizacional é ruim, o resultado também é desfavorável porque é difícil sorrir quando se está de baixo astral", afirma.
A diferença de desempenho entre times motivados e desmotivados foi percebida ao longo dos anos na própria Renner. "Quando identificamos problemas e trocamos o gerente, por exemplo, o resultado aparece porque o líder é o responsável pelo clima na unidade. As pessoas querem direção, objetivos, reconhecimento e consciência sobre seu papel na equipe", explica o executivo.
A estratégia vem dando certo. De 2008 a 2012, a receita líquida de venda de mercadorias da Renner cresceu de R$ 1,956 bilhão para R$ 3,462 bilhões, o que corresponde a um crescimento real (descontada a inflação medida pelo IPCA) de 42,1% no período. Ao mesmo tempo, o quadro de funcionários passou de 9,6 mil para 15,7 mil e o número de lojas, de 110 para 232 em todo o país, agora incluindo também quatro unidades da recém-criada Youcom, especializada em moda jovem, e 40 da rede de utilidades domésticas Camicado, adquirida em 2011.
Até o fim deste ano a companhia deve alcançar entre 273 e 282 lojas das três bandeiras, com 17 mil funcionários, diz a diretora de recursos humanos Clarice Costa. E como os planos de longo prazo preveem 533 pontos de venda em 2021, considerando apenas a Renner e a Camicado, o número de empregados pode facilmente dobrar, tomando como base as médias atuais de pessoas por loja. A projeção para a Youcom é chegar a até 400 unidades no mesmo período, mas neste caso a varejista avalia crescer por meio de franquias.
Neste cenário de expansão acelerada, o desafio de atrair e reter talentos também aumenta, admite Galló. "Hoje vivemos uma economia de quase pleno emprego, onde é um pouco mais difícil contratar pessoas, mas não enfrentamos problemas significativos", diz o diretor-presidente. O segredo está justamente na imagem positiva e na reputação da empresa, que facilitam a atração dos melhores candidatos para todos os níveis, da base operacional nos pontos de venda aos cargos gerenciais e executivos.
Para a próxima turma de trainees de gerentes, por exemplo, 24 mil candidatos vão disputar 63 vagas. A maioria dos aprovados nesses programas é formada, em geral, por funcionários da própria Renner que buscam ascensão na carreira. Para as funções operacionais nas lojas, a responsabilidade pelas seleções, antes nas mãos da área de recursos humanos, está sendo transferida para os gerentes das unidades, que fazem treinamento específico para a tarefa. "Já fizemos um piloto em 20 lojas e agora estamos estendendo para todas. Isso dá agilidade", diz Clarice.
"As pessoas gostam de trabalhar em empresas que crescem, que têm planos de carreira bem estruturados e programas de participação nos resultados", explica Galló. "Nossos princípios e valores não estão apenas no papel. Aqui praticamos o respeito pelas pessoas, a meritocracia, a oportunidade de crescimento e a justiça nas promoções em todos os níveis". A possibilidade de movimentação entre as bandeiras da companhia também é um atrativo. Um exemplo é a Youcom, que tem 80 funcionários, sendo 84% egressos das operações da própria Renner.
Segundo Galló, a exigência mínima para um candidato ingressar nos quadros da varejista é o ensino médio completo, mas mesmo assim a Renner não abre mão de sua obsessão pelo treinamento, um dos itens mais bem avaliados pelos funcionários nas pesquisas de clima interno. De acordo com o executivo, antes de ir para os locais de trabalho os novos contratados passam por 60 dias de capacitação em cursos presenciais e virtuais.
Depois, o processo de qualificação interna é permanente. Ao longo da carreira, os funcionários encontram novas oportunidades como o próprio curso de trainees para supervisores e gerentes, além de programas de formação de lideranças, de desenvolvimento individual, de mentoria e de formação de sucessores, entre outros. Cada funcionário passa, em média, de 130 a 150 horas por ano em cursos de capacitação e a transparência na comunicação interna quanto às oportunidades de crescimento de cada um também é fator decisivo para o clima interno favorável na companhia, avalia Clarice.
Na opinião de Galló, o varejo ainda é "formador" de mão de obra porque, em geral, é o primeiro emprego de muita gente. Empresas como a Renner, no entanto, estão ajudando a mudar o conceito do setor, de fonte de trabalho transitório para jovens estudantes para uma oportunidade real de desenvolvimento de carreiras profissionais desafiadoras, sólidas e promissoras. A taxa de rotatividade de mão de obra no segmento ainda é alta, de 48%, mas na Renner este índice está em 44,9%.
Para Galló, além de ser decisivo para o desempenho atual, o sucesso das políticas de gestão de pessoas prepara a empresa para se beneficiar do processo de "concentração" que deve ocorrer no varejo ao longo dos próximos anos. Não necessariamente mediante aquisições como a da Camicado, há dois anos, mas principalmente pelo "crescimento orgânico" e pela ocupação dos espaços que serão perdidos por outros concorrentes.
"A informalidade está se reduzindo no varejo de vestuário graças a controles fiscais mais rigorosos, como a nota fiscal eletrônica. As pequenas empresas, com baixa produtividade, não conseguem sobreviver no nosso cenário de impostos elevados", explica o diretor-presidente. Segundo ele, considerando apenas a bandeira Renner, o ritmo de expansão deve se manter entre 25 e 30 lojas ao longo dos próximos anos. Já os programas de inaugurações das redes Camicado e Youcom para 2014 ainda estão sendo elaborados.
Para o fechamento de 2013, o executivo espera a manutenção dos "bons resultados" alcançados até agora. Até junho a receita líquida de venda de mercadorias da empresa cresceu 13,5% sobre igual período de 2012, para R$ 1,674 bilhão, e o resultado do terceiro trimestre será divulgado na quinta-feira. Quanto a 2014, Galló projeta um cenário de crescimento mais acelerado para o Produto Interno Bruto (PIB) do país, favorecido pelo ano eleitoral e pela Copa do Mundo de futebol, o que é benéfico para o varejo. O executivo ressalva que a inflação do ano que vem ainda é uma incógnita, mas aposta que ela será "relativamente parecida" com a de 2013.

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