Depois de estudar os dois mercados, a família Marnier Lapostolle lança um pisco premium no Brasil
por Suzana Barelli
A garrafa da foto acima impressiona. De designer francês, seu corpo
azul com pequenas estrelas representa o céu do norte do Chile, na região
em que o pisco é elaborado. Nas laterais, sua transparência permite ver
a pureza deste destilado ou, no sentido mais poético, o céu de Elqui,
considerado um dos melhores lugares para se observar (e estudar)
estrelas no mundo. Mas é ao provar a bebida que se descobre que a beleza
da garrafa corresponde à qualidade de seu líquido. Não é um pisco
qualquer, a começar pelo preço - recém-chegado na importadora Mistral, é
vendido por US$ 99. Ele conquista no paladar, com notas sutis, bem
colocadas, da uva moscatel, que lhe dá origem.
O pisco Kappa é a mais recente aposta da família francesa Marnier
Lapostolle. Com a ciência de elaborar conhaques há 200 anos e de ser uma
das marcas consagradas de vinhos premiuns no Chile, a família lançou o
pisco chileno há três anos. A aposta é que é possível trazer qualidade
ao destilado, que tem sua origem requerida tanto pelos chilenos como
pelos peruados.
Charles-Henri de Bournet Marnier Lapostolle, da sétima geração da família, é quem lidera o negócio. Apaixonado pela arte de destilar, ele conta que, antes de definir pelo pisco, passou vários meses no Brasil, pesquisando a cachaça. E até aprendeu a falar português. “ Três anos atrás, não sabíamos se lançaríamos o pisco ou a cachaça”, conta. Sabia que seria um destilado sul-americano.
Charles-Henri de Bournet Marnier Lapostolle, da sétima geração da família, é quem lidera o negócio. Apaixonado pela arte de destilar, ele conta que, antes de definir pelo pisco, passou vários meses no Brasil, pesquisando a cachaça. E até aprendeu a falar português. “ Três anos atrás, não sabíamos se lançaríamos o pisco ou a cachaça”, conta. Sabia que seria um destilado sul-americano.
O pisco Kappa é a mais recente aposta da família francesa Marnier Lapostolle
Ele acabou optando pelo pisco e, hoje,
conta alguns fatores que lhe levou a adiar – o que não significa
desistir – do plano da cachaça. Primeiro, diz ele, cachaça é uma palavra
muito difícil de pronunciar em inglês, e a ideia é que os Estados
Unidos sejam um mercado importante para o produto. “Os norte-americanos
não conseguem falar cachaça e isso atrapalha muito na venda da bebida. É
como a uva gewurztraminer, que eles não conseguem pronunciar, e que não
acontece nos EUA”, exemplifica Charles. Em sua análise, melhor seria se
o Brasil tivesse adotado o nome Brazilian Rum. “É uma categoria que os
EUA já conhecem e o trabalho brasileiro seria de mostrar a qualidade do
seu produto”, afirma.
O segundo ponto é que, segundo Charles, há muita disputa entre os produtores brasileiros de cachaça e o mercado norte-americano. “Nesta briga, quem ganha é o bar, e não os produtores ou os consumidores”, diz. Em sua análise, melhor o pisco que, ainda, em sua visão, é uma categoria mais unida do que os produtores de aguardente. E sobre a origem do destilado, se peruano ou chileno, ele não tem a menor dúvida: é espanhol.
O segundo ponto é que, segundo Charles, há muita disputa entre os produtores brasileiros de cachaça e o mercado norte-americano. “Nesta briga, quem ganha é o bar, e não os produtores ou os consumidores”, diz. Em sua análise, melhor o pisco que, ainda, em sua visão, é uma categoria mais unida do que os produtores de aguardente. E sobre a origem do destilado, se peruano ou chileno, ele não tem a menor dúvida: é espanhol.
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