A empresa petrolífera brasileira OGX (OGXP3)
se reuniu nesta segunda-feira com credores dos Estados Unidos, em Nova
York, na tentativa de iniciar rapidamente negociações para o seu
resgate, enquanto bancos correm para arranjar um empréstimo emergencial
para a companhia caso não haja acordo, disseram à Reuters fontes
familiarizadas com a situação.
Os credores deveriam se reunir com um novo time de assessores do
controlador da empresa, Eike Batista, com o objetivo é evitar um pedido
de concordata que pode ser feito já neste mês, segundo as fontes. Na
semana passada, a OGX disse que está avaliando todas as opções possíveis
para proteger seu patrimônio e continuar ativa.
A empresa já procurou o Goldman Sachs, o Barclays e o Credit Suisse
para obter um empréstimo conhecido pela sigla DIP (debtor in possession,
em inglês).
A OGX tomou essa iniciativa depois de não ter conseguido convencer seus
acionistas a fazerem um novo aporte até que a empresa comece a produzir
gás e petróleo em seus campos, segundo as fontes, que pediram para não
serem identificadas por se tratar de uma discussão sigilosa.
A quebra da OGX levaria ao maior calote empresarial já ocorrido na
América Latina, envolvendo títulos no valor total de US$ 3,6 bilhões,
segundo dados da Thomson Reuters. Se a Justiça brasileira aprovar um
pedido de recuperação judicial da OGX, a empresa terá 60 dias para
negociar com seus credores e apresentar um plano de reestruturação.
A OGX já deixou de pagar obrigações da dívida no valor de US$ 44,5
milhões que venceram em 1º. de outubro, e disse que tampouco fará o
pagamento num prazo adicional de 30 dias. A Pacific Investment
Management Co, conhecida como Pimco, maior fundo de renda fixa do mundo,
e a BlackRock, maior gestora de capitais do mundo, estão entre os
credores que podem perder milhões de dólares em caso de default da OGX.
Os investidores também temem que uma disputa judicial prolongada esteja
se avizinhando no Brasil, onde recentes processos de recuperação
judicial e reestruturação de dívida acabaram prejudicando os detentores
de títulos.
O preço dos títulos da OGX com vencimento em 2018 despencaram para o
seu menor nível nesta segunda-feira, sendo cotados a 6,125 centavos por
dólar. Na sexta-feira, o valor era de 9 centavos por dólar. As ações da
OGX, que tiveram desvalorização de 96% em um ano, fecharam cotadas a R$
0,20 nesta segunda-feira --menor valor histórico de fechamento.
Cobaia
A OGX não quis se pronunciar. As empresas Angra Partners, Blackstone
Group e Lazard, que prestam consultoria financeira à OGX, tampouco
responderam a repetidos pedidos para comentarem o assunto.
Os bancos Goldman, Credit Suisse e Barclays também não se manifestaram.
Embora os empréstimos DIP sejam comuns nos EUA, as fontes ouvidas pela
Reuters disseram que os bancos de Nova York estão desconfortáveis com a
falta de precedentes para esse mecanismo no Brasil.
Nos EUA, os
empréstimos DIP são os primeiros a serem honrados – por isso, eles
tendem a ser comuns em processo de concordata, e são vistos como
responsáveis por evitar a liquidação expressa de empresas, com
consequências ruins para seus empregados.
O empréstimo do tipo DIP é quase inédito no Brasil. Um caso recente foi
do frigorífico Independência SA, que emitiu US$ 261 milhões em títulos
depois de ter entrado em um processo de recuperação judicial, em 2009. A
empresa foi adquirida em janeiro pela JBS (JBSS3), maior produtora mundial de carnes, mas o processo de recuperação judicial ainda não foi concluído.
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O
empresário Eike Batista resolveu enxugar custos, em meio à crise pela
qual passam suas empresas. O corte atingiu o Pink Fleet, seu navio cinco
estrelas que era alugado para eventos sociais e corporativos na baía de
Guanabara, no Rio. Clique na foto para ver mais Divulgação/Grupo EBX
A lei brasileira não garante aos credores DIP as mesmas proteções da
lei norte-americana, e os consultores precisam apresentar manobras
criativas para obter empréstimos durante um processo de recuperação
judicial, segundo Bill Govier, advogado da Lesnick Prince Pappas, em Los
Angeles, e especialista em reestruturações empresariais na América
Latina.
"É duro ser a cobaia nessas situações", disse uma das fontes.
A OGX está rapidamente desinvestindo seu patrimônio, abandonando
licenças de exploração e reduzindo seus gastos de capital, para tentar
focar nos negócios mais lucrativos.
Eike, que há apenas um ano era o homem mais rico do Brasil e o sétimo
mais rico do mundo, com uma fortuna de quase US$ 35 bilhões, enfrenta
agora falta de capital, acúmulo de dívidas e a desconfiança dos
investidores, o que o obriga a desmantelar seu conglomerado EBX, com
atuação nas áreas de mineração, energia e logística, entre outras.
A OGX, Eike e os credores atualmente negociam para impedir O colapso da
empresa, o que também poderia arrastar a empresa de construção naval
OSX Brasil (OSXB3), controlada pelo empresário e credora da OGX, por equipamentos fabricados e alugados para a petrolífera.
A OSX já foi informada de que não receberá pagamento pelos navios, segundo relato de outra fonte à Reuters.
Outra fonte disse ainda que, embora a OGX não tenha o patrimônio necessário para evitar a concordata, a OSX poderá ser salva.
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Em
meio à crise pela qual passam as empresas de Eike Batista, circulou nas
redes sociais uma foto antiga em que o empresário aparece comendo em
uma lanchonete popular no Rio. Um internauta comentou "Eike comendo
coxinha. Não tá fácil pra ninguém". Outro escreveu: "Eike Batista no BB
lanches. Realmente, não está fácil pra ninguém? Daqui veremos ele
comendo um podrão na Lapa" Reprodução/Facebook
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