Executivo teme um rebaixamento da nota de crédito do país pelas agências de classificação de risco
BNDESPar é a empresa de participações do BNDES
(Vanderlei Almeida/AFP)
Temendo um rebaixamento da nota de crédito do Brasil pelas agências
de classificação de risco, o governo
está estudando duas ações para
reduzir a dívida pública bruta: vender ativos da BNDESPar, braço de
participação do banco de fomento, e reduzir o próprio peso da
instituição financeira, de acordo com reportagem do jornal Valor Econômico desta terça-feira.
Nos últimos anos o BNDES ganhou força na economia, especialmente com
aportes do Tesouro. O banco detém, por exemplo, 75% do crédito às
empresas, conforme comentou o Banco Central no fim de setembro. Segundo
uma fonte ouvida pela publicação, que não quis se identificar, "está na
hora de alterar a participação do BNDES na economia para reduzir o
tamanho do cheque", referindo-se ao custo fiscal do repasse de 300,2
bilhões de reais feito pelo Tesouro desde 2009.
O banco de fomento pediu entre 20 a 30 bilhões de reais ao Tesouro
para garantir os desembolsos até o fim do ano. Com a venda de ativos,
esse valor deve ficar abaixo de 20 bilhões de reais. Segundo fontes, o
governo vai repassar ao BNDES o que for necessário esse ano, mas pode
acelerar seus planos de diminuir, gradativamente, os repasses ao banco.
As discussões sobre a venda de ativos estão avançadas, segundo o
jornal, mas o governo ainda avalia se haverá tempo hábil e condições de
mercado para vender os ativos em que a BNDESPar detém fatia. Em 30 de
junho, a carteira de ativos chegava a 87,9 bilhões de reais.
Resposta — Logo após a publicação da reportagem, o
BNDES enviou nota à imprensa dizendo que "não cogita a venda maciça de
sua carteira de participações acionárias e que não há qualquer
orientação do Ministério da Fazenda nesse sentido".
A instituição acrescentou ainda que continuará praticando o giro de
sua carteira, "buscando gerar rentabilidade nas operações, respeitando
sempre as melhores práticas de gestão e evitando gerar pressões que
possam desestabilizar o mercado".
Sobre as críticas dos aportes do governo, o banco de fomento disse já
estar reduzindo a necessidade de financiamento pelo Tesouro. "No
momento, o Banco está estudando novas iniciativas para reduzir ainda
mais essa necessidade. Dentre as medidas encontram-se a revisão do BNDES
PSI, ajustes de sua política operacional, maior utilização de recursos
captados no mercado e criação de novos produtos financeiros que
incentivem a maior participação do mercado de capitais e dos bancos
privados no financiamento de longo prazo."
Dívida — O controle da dívida, que chegou a 64,2% do
Produto Interno Bruto (PIB), é o principal objetivo. Na semana passada,
a agência Moody's rebaixou a perspectiva de nota de crédito do Brasil
- importante indicador da confiança no pagamento da dívida pública - de
"positiva" para "estável". A Moody’s, no entanto, manteve o rating dos
títulos do governo do Brasil em Baa2.
Em junho, outra agência de classificação de risco, a Standard & Poor’s, já havia rebaixado a perspectiva
para os títulos da dívida brasileira de "estável" para "negativa".
Recentemente, o vice-presidente da Moody's admitiu que o país poderia
ter sua perspectiva reavaliada para a pior. "O Brasil está crescendo
menos do que esperávamos", analisou Mauro Leos.
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