terça-feira, 8 de outubro de 2013

Governo quer vender ativos da BNDESPar para reduzir dívida, diz jornal

Executivo teme um rebaixamento da nota de crédito do país pelas agências de classificação de risco

 

Prédio do BNDES no Rio de Janeiro

BNDESPar é a empresa de participações do BNDES (Vanderlei Almeida/AFP)

Temendo um rebaixamento da nota de crédito do Brasil pelas agências de classificação de risco, o governo 
está estudando duas ações para reduzir a dívida pública bruta: vender ativos da BNDESPar, braço de participação do banco de fomento, e reduzir o próprio peso da instituição financeira, de acordo com reportagem do jornal Valor Econômico desta terça-feira. 

Nos últimos anos o BNDES ganhou força na economia, especialmente com aportes do Tesouro. O banco detém, por exemplo, 75% do crédito às empresas, conforme comentou o Banco Central no fim de setembro. Segundo uma fonte ouvida pela publicação, que não quis se identificar, "está na hora de alterar a participação do BNDES na economia para reduzir o tamanho do cheque", referindo-se ao custo fiscal do repasse de 300,2 bilhões de reais feito pelo Tesouro desde 2009. 

O banco de fomento pediu entre 20 a 30 bilhões de reais ao Tesouro para garantir os desembolsos até o fim do ano. Com a venda de ativos, esse valor deve ficar abaixo de 20 bilhões de reais. Segundo fontes, o governo vai repassar ao BNDES o que for necessário esse ano, mas pode acelerar seus planos de diminuir, gradativamente, os repasses ao banco. 

As discussões sobre a venda de ativos estão avançadas, segundo o jornal, mas o governo ainda avalia se haverá tempo hábil e condições de mercado para vender os ativos em que a BNDESPar detém fatia. Em 30 de junho, a carteira de ativos chegava a 87,9 bilhões de reais. 

Resposta — Logo após a publicação da reportagem, o BNDES enviou nota à imprensa dizendo que "não cogita a venda maciça de sua carteira de participações acionárias e que não há qualquer orientação do Ministério da Fazenda nesse sentido".

A instituição acrescentou ainda que continuará praticando o giro de sua carteira, "buscando gerar rentabilidade nas operações, respeitando sempre as melhores práticas de gestão e evitando gerar pressões que possam desestabilizar o mercado".

Sobre as críticas dos aportes do governo, o banco de fomento disse já estar reduzindo a necessidade de financiamento pelo Tesouro. "No momento, o Banco está estudando novas iniciativas para reduzir ainda mais essa necessidade. Dentre as medidas encontram-se a revisão do BNDES PSI, ajustes de sua política operacional, maior utilização de recursos captados no mercado e criação de novos produtos financeiros que incentivem a maior participação do mercado de capitais e dos bancos privados no financiamento de longo prazo."

Dívida — O controle da dívida, que chegou a 64,2% do Produto Interno Bruto (PIB), é o principal objetivo. Na semana passada, a agência Moody's rebaixou a perspectiva de nota de crédito do Brasil - importante indicador da confiança no pagamento da dívida pública - de "positiva" para "estável". A Moody’s, no entanto, manteve o rating dos títulos do governo do Brasil em Baa2.

Em junho, outra agência de classificação de risco, a Standard & Poor’s, já havia rebaixado a perspectiva para os títulos da dívida brasileira de "estável" para "negativa". Recentemente, o vice-presidente da Moody's admitiu que o país poderia ter sua perspectiva reavaliada para a pior. "O Brasil está crescendo menos do que esperávamos", analisou Mauro Leos.

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