terça-feira, 22 de outubro de 2013

Países avançados deveriam seguir conduta fiscal do Brasil, diz Mantega


Por Eduardo Campos e Edna Simão | Valor
 
BRASÍLIA  -  O governo nunca fez manobra fiscal, disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega. “Tudo o que fizemos foi dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal, do Orçamento.” A declaração foi dada em resposta a questionamento sobre a falta de transparência que foi apontada em relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que será divulgado nesta terça-feira.

No documento, entre outras recomendações, a organização sugere adoção de um regime com base em metas estruturais, como meio para maior eficiência da política fiscal e elevação da poupança pública, conforme revelou o Valor na segunda-feira.

Ao lado do secretário-geral da Organização para a OCDE, Angel Gurría, Mantega afirmou que “a conduta fiscal do Brasil é exemplar” e que os países avançados deveriam seguir essa política. “O Brasil está entre os países que têm superávit primário por vários anos seguidos”, afirmou. 

Mantega lembrou que, no ano passado, o país passou por dificuldades para fechar as contas e o governo resolveu colocar os recursos do Fundo Soberano “para dentro”.  Ele disse que as transações são transparentes porque todas saem no Diário Oficial da União.

Segundo o ministro, como essas operações podem não ser entendidas pelos não especialistas, está se tentando evitar operações dessa natureza, “para ficar tudo o mais claro possível”.

Para o ministro, críticas sempre podem existir e o governo estará sempre a aperfeiçoar o desempenho fiscal. “Há pouco que se dizer sobre nossas contas públicas, as despesas estão caindo”, disse.


Câmbio


O ministro da Fazenda disse ainda que talvez o Banco Central possa atuar cada vez menos no mercado de câmbio. Segundo ele, com a redução das expectativas de mudança da política do Federal Reserve (Fed), banco central americano, “isso acalmou os mercados e eles podem funcionar de forma mais automática e caminhar para equilíbrios cambiais mais favoráveis”. 

Mantega respondia a pergunta sobre como o governo vai lidar com os ingressos referentes ao pagamento do bônus do campo de Libra. Segundo o ministro, a injeção não será tão grande, algo como US$ 4 bilhões, “que é um fluxo não muito expressivo”.

Para ele, o dinheiro ingressa no mercado sem interferência do governo. As empresas vão trazer o dinheiro, comprar reais e transferir para o Tesouro. 

Ainda de acordo com o ministro, o BC saberá regular esse fluxo caso ele cause alguma distorção no mercado. “Ele [BC] pode intervir mais ou menos”, disse.


Juros


A respeito da política monetária, Mantega disse não ser necessário alterá-la. As declarações foram em resposta a pergunta sobre algumas críticas feita pela OCDE em relatório sobre o país. “A modelagem do BC é na justa medida”, disse o ministro, lembrando que houve inflação mais alta no primeiro semestre “e o Banco Central tomou as medidas adequadas”.

Mantega também falou que “me parece que estamos em um aperto monetário” porque a a taxa de juros subiu nos últimos meses “e voltou a ser uma das maiores do mundo. Ele também disse que não há abundância de crédito no país. Segundo ele, o governo atuará menos quando os bancos privados emprestarem mais. “Acho que eles estão voltando [a conceder mais crédito]”, afirmou.

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