Quer acordar na cidade que nunca dorme? Ainda é uma boa hora para comprar imóveis de luxo em manhattan
Por Fabiano MAZZEI
O desejo de viver ou investir no topo do mundo atiça sua
imaginação? Está em dúvida entre aquele apartamento de fim de semana no
Leblon ou um estúdio no Upper East Side? Então prepare as malas e o
passaporte. Seu dinheiro renderá mais entre os rios Hudson e East, que
banham Manhattan, do que pegando um bronze na orla carioca. Quem garante
isso é o economista niteroiense Robson Lemos, expert em vender imóveis
em Manhattan – são mais de 300 apartamentos, além de 200 prédios
comercializados inteiros, nos últimos 20 anos. “Você vai pagar mais
caro, mas terá uma taxa de retorno de 3,5% a 5% ao mês”, afirma. “Você
consegue isso nos Jardins ou em Ipanema?”, desafia.
Mordida na maçã: investimentos imobiliários em Nova York rendem
mais do que no Brasil, diz o corretor Robson Lemos
Contratado da Corcoran Real State desde 1995, Lemos vem ao Brasil a
cada 30 dias para mostrar oportunidades na ilha a investidores
brasileiros. Gente que quer diversificar seus investimentos e que, há
três anos, percebeu que atuar no mercado imobiliário americano, a
despeito da crise dos subprime do fim da década passada, é menos
arriscado do que se imaginava. Lemos usa como exemplo a aquisição de uma
casa de US$ 3 milhões em um bairro nobre paulistano. Para ter um
retorno satisfatório, seria necessário alugá-la por, no mínimo, R$ 15
mil.
O problema é achar quem pague essa conta. “As coisas aqui ficaram
caras e as pessoas já notaram que é mais fácil usar esse valor para
pagar um financiamento do que um aluguel”, diz ele, responsabilizando o
boom do mercado nacional pela baixa rentabilidade dos imóveis de alto
padrão.Com esse perfil mais sofisticado, ainda é possível encontrar bons
negócios em Manhattan. A cidade, contudo, tem vivido certa escassez em
imóveis abaixo de US$ 3 milhões. Segundo Lemos, existem no momento
apenas quatro unidades dessa categoria à venda, de metragens reduzidas e
fora dos melhores pontos da ilha.
Entretanto, as oportunidades existem e a reduzida burocracia dos
bancos americanos auxilia na hora da compra. “Vendi um estúdio de US$
550 mil no Chelsea a um brasileiro que tirou apenas US$ 110 mil de seu
plano de aposentadoria”, afirma Lemos. “O restante foi pago pelo aluguel
que o inquilino, que já morava ali, lhe pagava mensalmente.” Em pouco
mais de dez anos, o comprador terá um apartamento de US$ 700 mil. Lemos
diz que não há plano de previdência no País que ofereça o mesmo retorno.
Na falta de bons apartamentos médios, Lemos tem focado na venda de
unidades de altíssimo padrão.
Endereços de luxo, como o 525 park avenue, em midtown: atração irresistível para o investidor brasileiro
O mais elegante de seu currículo foi um no sexto andar do 525 Park
Avenue, de 350m², quatro quartos, duas salas e arquitetura italiana do
século 19. “Fica perto do parque, colado no The Plaza. É o melhor dos
mundos”, lembra ele, O negócio foi fechado em US$ 10 milhões. Entre os
edifícios, ele negocia com um grupo de brasileiros a aquisição de um
endereço na rua 67, entre a Madison e a Park Avenue, por R$ 11 milhões.
Os apartamentos estão alugados e já renderam cerca de 4% ao mês aos
investidores. Mas a ideia é promover uma reforma e vender unidade por
unidade, algo que deverá atingir a cifra dos US$ 22 milhões.
“O dobro do que pagarão caso façamos a venda”, diz. Morador da
cidade desde 1985, quando produzia shows e turnês internacionais para
músicos brasileiros consagrados, como Caetano Veloso, Djavan e Nana
Caymmi, Lemos identificou três zonas de expansão imobiliária da cidade. A
primeira é o entorno do High Line Park, um jardim elevado sobre uma
linha férrea de 1,6 km, que foi inaugurado em 2009. “O lugar virou um
showroom de arquitetos internacionais famosos, com novos hotéis,
restaurantes e terrenos ainda grandes para construir”, diz.
A vizinhança da Universidade Columbia, entre a 96 e 116 West,
também se valorizou, graças ao nível econômico dos universitários. “E
eles se mudam rapidamente, o que permite atualizar o aluguel a cada novo
contrato”, afirma. Por fim, os apartamentos na região das Torres
Gêmeas. A área virou um grande canteiro de obras desde a tragédia do 11
de setembro e viu o valor do metro quadrado despencar. Contudo, 12 anos
depois, o local está quase todo recuperado, com novos prédios
comerciais, estações de metrô e boulevards. Quando tudo for entregue, o
preço dos pequenos apartamentos da região irá às alturas.
Não só porque ficam em Wall Street e a turma das finanças adora ir a
pé ao trabalho com seus copos de café duplos, mas pelo desejo mórbido
de se ver de perto o lugar atingido pelos aviões sequestrados pela Al
Qaeda. “Para se ter uma ideia, o metro quadrado do Hotel W, que fica em
frente, custa hoje US$ 30 mil, o mesmo valor de Park Avenue”, diz Lemos.
Se os atentados valorizaram as cercanias do finado World Trade Center,
eles criaram também uma certa rejeição a prédios muito altos, embora
imensos arranha-céus continuem a ser erguidos, como o ultra high tech
432 Park Avenue, o maior edifício das Américas, com 425 metros de
altura, criado pelo arquiteto uruguaio Rafael Viñoly. No entanto,
clientes da Corcoran têm pedido cada vez mais por apartamentos abaixo do
décimo andar. “Eles ficaram com pavor de andares altos depois daquele
ano.”
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