De geólogos a oficiais de náutica, passando por engenheiros de perfuração e gerentes de plataforma, confira as oportunidades que surgem no mercado de óleo e gás
Plataforma da Shell: empresa é uma das integrantes do consórcio que vai explorar o Campo de Libra
São Paulo – De 2014 a 2017, o setor que vai liderar a atração de investimentos na indústria será o de petróleo
e gás. Segundo o BNDES, em 4 anos, 458 bilhões de reais serão
destinados a exploração e produção de óleo e gás, refino, distribuição e
logística. A alta é de 47%, na comparação com o período de 2009 a 2013,
e os dados são relativos aos pedidos de empréstimo ao BNDES e planos de
negócios das empresas do setor, sobretudo a Petrobras.
E o pré-sal só representa uma pequena parcela desses investimentos projetados, segundo o BNDES. Para se ter uma ideia, o Campo de Libra
- que está no centro das atenções e é primeiro contemplado pelo leilão
do pré-sal – nem teve os investimentos contabilizados pelo banco, já que
ainda inexiste um plano de negócios para explorar a área, por enquanto.
Isso significa que as cifras vão aumentar consideravelmente com a
entrada do pré-sal nos cálculos dos investimentos. “Especula-se que
serão 18 plataformas no Campo de Libra, então com certeza vai ter muita
movimentação no mercado”, diz Caio Mase, gerente da Robert Walters do
Rio de Janeiro.
E com as atenções voltadas à exploração do Campo de Libra, leilão vencido agora há pouco pelo consórcio composto pela Petrobras (10%), Shell (20%), Total (20%), CNOOC (10%), e CNPC (10%),
muitas carreiras ligadas a esta área devem despontar no mercado
brasileiro nos próximos anos, diz ele. “Sobretudo as empresas chinesas
(CNOOC e CNPC) vão entrar sem estrutura no país, então vão precisar
estruturar a parte de operações, esta em maior volume, e de negócios
também”, diz Mase. De acordo com ele, quem tem experiência em pré-sal e
conhece a região de exploração vai sair na frente.
“Temos que pensar que, do momento da licitação até o primeiro barril
extraído de óleo, passam de 6 a 10 anos, o que dá tempo para o Brasil
formar profissionais”, diz Bruno Stefani, gerente da divisão de óleo e
gás da Michael Page.
EXAME.com consultou dois especialistas em recrutamento no setor de óleo
e gás para saber quais serão os profissionais mais requisitados pelo
setor em cada uma das fases da cadeia de produção. Confira:
Fase inicial de investigação para exploração:
É a fase em que há oportunidades para profissionais ligados à geologia
que vão investigar o potencial de exploração do campo. Veja os
profissionais mais demandados nesta etapa inicial.
1 Geólogos
Com formação em geologia, esse profissional vai estudar as
características da área potencialmente explorável. “Assim que sai da
faculdade, o geólogo vai buscando especializações e começa a ramificar a
atuação”, diz Stefani.
Salário: em início de carreira, geólogos têm remunerações entre 6 a 8 mil reais nesse setor.
2 Geofísicos
São profissionais de formação em geologia e com especialização em
geofísica. “Se são empresas em operação inicial no Brasil, geralmente
vão buscar alguém com mais experiência, que conheça a geologia das
áreas”, diz Stefani. Companhias já estruturadas como a Shell ou a BP dão
mais espaço para profissionais de menor senioridade.
Salário: varia bastante. Para quem tem menos
experiência, varia de 8 mil a 12 mil reais. Profissionais experientes
podem ter salários acima de 30 mil reais.
3 Petrofísicos
Profissionais de geologia especializados em petrofísica também são
bastante demandandos nesta fase de investigação. Novamente, explica
Stefani, dependendo da empresa, a busca pode ser por profissionais mais
ou menos experientes e isso vai influir diretamente na remuneração.
Salário: Nível júnior de 8 a 12 mil reais. Com certo
tempo de experiência na função, a remuneração pode variar entre 12 mil e
15 mil reais e profissionais de alto nível de senioridade chegam a
ganhar entre 35 mil e 45 mil reais.
Fase de testes de perfuração:
Depois do trabalho dos geólogos, entram os profissionais que vão
realizar os testes para confirmar a viabilidade da exploração apontada
na fase de investigação. “São as pessoas que vão testar se o campo é
mesmo viável, como disseram os geólogos”, explica Stefani. Por exemplo,
se as estimativas dão conta de uma reserva de 8 a 12 bilhões de barris
de petróleo no Campo de Libra, a fase de testes vai definir o que será,
de fato, extraído. Confira os profissionais que entram nessa fase:
4 Engenheiro de perfuração:
A formação em engenharia é obrigatória, mas a habilitação pode variar
bastante entre os profissionais desse ramo, segundo Stefani. “Pode ser
um engenheiro mecânico, civil, eletricista, entre outras habilitações. A
formação é bem ampla”, diz o gerente da Michael Page. Como não existe
pós-graduação em engenharia de perfuração, a especialização nesse ramo é
“on the job”. “O profissional pode ter pós-graduação em petróleo, mas
geralmente é uma pessoa que adquiriu experiência trabalhando para
prestadoras de serviço para a indústria de óleo e gás”, diz Stefani.
Segundo ele, a grande escola dos engenheiros de perfuração costuma ser a
experiência em turnos off-shore nas empresas prestadoras de serviço.
Salário: nível júnior, com experiência de até 5 anos,
tem remuneração fixa variando entre 8 mil e 12 mil reais. “Mas é um
profissional que fica embarcado, há adicionais que podem dobrar o valor
do salário”, diz Stefani. Profissionais experientes chegam a ganhar mais
de 30 mil mensais.
5 Gerentes de perfuração:
Formação técnica é a mesma do engenheiro de perfuração, o que
diferencia é a função de gestão. “É um engenheiro de perfuração que foi
ganhando experiência técnica suficiente para ser um gestor”, diz
Stefani. O cargo é destinado, diz o gerente da Michael Page, a
profissionais com mais de 45 anos, já que, geralmente, a experiência
necessária é gira em torno dos 20 anos.
Salário: como são profissionais de nível sênior, o
salário pode ultrapassar os 30 mil reais. “Mais isso vai variar de
acordo com o porte da empresa”, diz Stefani.
Fase de projetos
O sucesso das fases de investigação e de teste resulta no início da
fase de projetos de exploração. “Nesta fase há uma gama maior de
atividades com a contratação de uma série de empresas prestadoras de
serviço”, diz Stefani. É o momento de planejar, projetar e gerenciar
processos.
6 Gerente de contratos
Formação em engenharia é fundamental para gerenciar contratos de todos
os tipos no setor de óleo e gás. O cargo, por ser de gestão, pede
experiência técnica. “São engenheiros que já foram de perfil mão na
massa e hoje estão em cargo de gestão”, diz Stefani. Das carreiras que
despontam nesta fase de projetos, esta é a mais “global”. “O gerente de
contratos cuida de todas as disciplinas abaixo dele”, explica o gerente
da Michael Page. Por exemplo, um projeto de construção de uma embarcação
de produção e armazenagem de petróleo, uma FPSO (Floating Production
Storage and Offloading) - que é, na verdade, uma grande planta química,
só que a 200 quilômetros da costa – o gerente de contrato olha para o
todo. “Ele é o dono de toda a embarcação, responsável por um contrato de
1 bilhão, por exemplo, e deve conhecer bem todas as fases do projeto”,
explica Stefani.
Salário: vai variar de 15 mil a 40 mil, dependendo do porte da empresa e do nível de senioridade.
7 Gerente de projeto
É o gestor responsável por projetos específicos dentro da planta de exploração. Formação também em engenharia e experiência prévia são fundamentais para este cargo.
Salário: vai variar de 15 mil a 40 mil, dependendo do porte da empresa e do nível de senioridade.
8 Gerente de engenharia
É quem vai
comandar a equipe de engenheiros nos projetos que podem abarcar desde a
tubulação da embarcação FPSO como também a parte mecânica, elétrica,
entre outras. Como ocorre com os outros cargos de gestão em óleo e gás
já citados, ter experiência na área vai fazer toda a diferença para
garantir uma oportunidade nesta posição.
Salário: vai variar de 15 mil a 40 mil, dependendo do porte da empresa e do nível de senioridade.
Fase de produção
É a etapa final da cadeia de óleo e gás. “É a fase de começar, de fato,
a extrair e produzir”, diz Stefani. Neste momento são contratadas
prestadoras de diversos serviços de apoio à produção e manutenção, de
acordo com o especialista. Veja os cargos que ganham mais demanda nesta
fase:
9 Gerente de operação
Formação em engenharia. Diversas habilitações profissionais se encaixam
no perfil do gestor de operações. “Há movimentos no mercado de ir
buscar esses profissionais na indústria química e petroquímica”, diz
Stefani. É um cargo com alto grau de responsabilidade, lembra o
especialista da Michael Page, já que é o profissional responsável por
gerenciar toda a planta química off-shore que é a FPSO. Por isso a
experiência é o diferencial para garantir a vaga.
Salário: profissionais com 10 anos de experiência
ganham, em média, 35 mil reais. Quanto maior o tempo de experiência,
maior o salário, que pode chegar a 50 mil reais, de acordo com o gerente
da Michael Page.
10 Gerente de plataforma
Salário: para um profissional de nível sênior pode variar de 25 mil a 35 mil reais. “ Tem a questão da periculosidade , pelo fato de estarem embarcados, que aumenta o salário também”, lembra o gerente da Robert Walters.
11 Oficiais de náutica
De acordo com
Stefani, este é um gargalo de formação no Brasil. “Os oficiais de
náutica são formados pela Marinha e é uma área que não desperta muita
atenção dos jovens na época de faculdade”, diz Stefani. Ele ressalta que
cada uma das embarcações que fazem o apoio da produção precisa ter
oficiais de náutica.
Salário: para um comandante pode passar de 30 mil
reais. “Recentemente fizemos uma posição bem específica de comandante
para uma empresa internacional, o profissional selecionado era de nível
sênior, tinha 30 anos de experiência, e o salário chegou aos 40 mil
reais.
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