segunda-feira, 21 de outubro de 2013

11 carreiras que vão despontar com a exploração do pré-sal

De geólogos a oficiais de náutica, passando por engenheiros de perfuração e gerentes de plataforma, confira as oportunidades que surgem no mercado de óleo e gás

Eddie Seal/Bloomberg
Plataforma de petróleo da Shell

Plataforma da Shell: empresa é uma das integrantes do consórcio que vai explorar o Campo de Libra

São Paulo – De 2014 a 2017, o setor que vai liderar a atração de investimentos na indústria será o de petróleo e gás. Segundo o BNDES, em 4 anos, 458 bilhões de reais serão destinados a exploração e produção de óleo e gás, refino, distribuição e logística. A alta é de 47%, na comparação com o período de 2009 a 2013, e os dados são relativos aos pedidos de empréstimo ao BNDES e planos de negócios das empresas do setor, sobretudo a Petrobras.

E o pré-sal só representa uma pequena parcela desses investimentos projetados, segundo o BNDES. Para se ter uma ideia, o Campo de Libra - que está no centro das atenções e é primeiro contemplado pelo leilão do pré-sal – nem teve os investimentos contabilizados pelo banco, já que ainda inexiste um plano de negócios para explorar a área, por enquanto.

Isso significa que as cifras vão aumentar consideravelmente com a entrada do pré-sal nos cálculos dos investimentos. “Especula-se que serão 18 plataformas no Campo de Libra, então com certeza vai ter muita movimentação no mercado”, diz Caio Mase, gerente da Robert Walters do Rio de Janeiro. 

E com as atenções voltadas à exploração do Campo de Libra, leilão vencido agora há pouco pelo consórcio composto pela Petrobras (10%), Shell (20%), Total (20%), CNOOC (10%), e CNPC (10%), muitas carreiras ligadas a esta área devem despontar no mercado brasileiro nos próximos anos, diz ele. “Sobretudo as empresas chinesas (CNOOC e CNPC) vão entrar sem estrutura no país, então vão precisar estruturar a parte de operações, esta em maior volume, e de negócios também”, diz Mase. De acordo com ele, quem tem experiência em pré-sal e conhece a região de exploração vai sair na frente.

“Temos que pensar que, do momento da licitação até o primeiro barril extraído de óleo, passam  de 6 a 10 anos, o que dá tempo para o Brasil formar profissionais”, diz Bruno Stefani, gerente da divisão de óleo e gás da Michael Page.

EXAME.com consultou dois especialistas em recrutamento no setor de óleo e gás para saber quais serão os profissionais mais requisitados pelo setor em cada uma das fases da cadeia de produção. Confira:

Fase inicial de investigação para exploração:

É a fase em que há oportunidades para profissionais ligados à geologia que vão investigar o potencial de exploração do campo. Veja os profissionais mais demandados nesta etapa inicial.

1 Geólogos

 Com formação em geologia, esse profissional vai estudar as características da área potencialmente explorável. “Assim que sai da faculdade, o geólogo vai buscando especializações e começa a ramificar a atuação”, diz Stefani.
Salário: em início de carreira, geólogos têm remunerações entre 6 a 8 mil reais nesse setor.

2 Geofísicos

São profissionais de formação em geologia e com especialização em geofísica. “Se são empresas em operação inicial no Brasil, geralmente vão buscar alguém com mais experiência, que conheça a geologia das áreas”, diz Stefani. Companhias já estruturadas como a Shell ou a BP dão mais espaço para profissionais de menor senioridade.
Salário: varia bastante. Para quem tem menos experiência, varia de 8 mil a 12 mil reais. Profissionais experientes podem ter salários acima de 30 mil reais.

3 Petrofísicos

Profissionais de geologia especializados em petrofísica também são bastante demandandos nesta fase de investigação. Novamente, explica Stefani, dependendo da empresa, a busca pode ser por profissionais mais ou menos experientes e isso vai influir diretamente na remuneração.

Salário: Nível júnior de 8 a 12 mil reais. Com certo tempo de experiência na função, a remuneração pode variar entre 12 mil e 15 mil reais e profissionais de alto nível de senioridade chegam a ganhar entre 35 mil e 45 mil reais.

Fase de testes de perfuração:


Depois do trabalho dos geólogos, entram os profissionais que vão realizar os testes para confirmar a viabilidade da exploração apontada na fase de investigação. “São as pessoas que vão testar se o campo é mesmo viável, como disseram os geólogos”, explica Stefani. Por exemplo, se as estimativas dão conta de uma reserva de 8 a 12 bilhões de barris de petróleo no Campo de Libra, a fase de testes vai definir o que será, de fato, extraído. Confira os profissionais que entram nessa fase:

4 Engenheiro de perfuração:

A formação em engenharia é obrigatória, mas a habilitação pode variar bastante entre os profissionais desse ramo, segundo Stefani. “Pode ser um engenheiro mecânico, civil, eletricista, entre outras habilitações. A formação é bem ampla”, diz o gerente da Michael Page. Como não existe pós-graduação em engenharia de perfuração, a especialização nesse ramo é “on the job”. “O profissional pode ter pós-graduação em petróleo, mas geralmente é uma pessoa que adquiriu experiência trabalhando para prestadoras de serviço para a indústria de óleo e gás”, diz Stefani. Segundo ele, a grande escola dos engenheiros de perfuração costuma ser a experiência em turnos off-shore nas empresas prestadoras de serviço.
Salário: nível júnior, com experiência de até 5 anos, tem remuneração fixa variando entre 8 mil e 12 mil reais. “Mas  é um profissional que fica embarcado, há adicionais que podem dobrar o valor do salário”, diz Stefani. Profissionais experientes chegam a ganhar mais de 30 mil mensais.

5 Gerentes de perfuração: 

Formação técnica é a mesma do engenheiro de perfuração, o que diferencia é a função de gestão. “É um engenheiro de perfuração que foi ganhando experiência técnica suficiente para ser um gestor”, diz Stefani. O cargo é destinado, diz o gerente da Michael Page, a profissionais com mais de 45 anos, já que, geralmente, a experiência necessária é gira em torno dos 20 anos.
Salário: como são profissionais de nível sênior, o salário pode ultrapassar os 30 mil reais. “Mais isso vai variar de acordo com o porte da empresa”, diz Stefani.


Fase de projetos


O sucesso das fases de investigação e de teste resulta no início da fase de projetos de exploração. “Nesta fase há uma gama maior de atividades com a contratação de uma série de empresas prestadoras de serviço”, diz Stefani. É o momento de planejar, projetar e gerenciar processos.

6 Gerente de contratos

Formação em engenharia é fundamental para gerenciar contratos de todos os tipos no setor de óleo e gás. O cargo, por ser  de gestão, pede experiência técnica. “São engenheiros que já foram de perfil mão na massa e hoje estão em cargo de gestão”, diz Stefani. Das carreiras que despontam nesta fase de projetos, esta é a mais “global”. “O gerente de contratos cuida de todas as disciplinas abaixo dele”, explica o gerente da Michael Page. Por exemplo, um projeto de construção de uma embarcação de produção e armazenagem de petróleo, uma FPSO (Floating Production Storage and Offloading) - que é, na verdade, uma grande planta química, só que a 200 quilômetros da costa – o gerente de contrato olha para o todo. “Ele é o dono de toda a embarcação, responsável por um contrato de 1 bilhão, por exemplo, e deve conhecer bem todas as fases do projeto”, explica Stefani.

Salário: vai variar de 15 mil a 40 mil, dependendo do porte da empresa e do nível de senioridade.

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