Como a empresária Sophia Amoruso, da Califórnia, transformou a Nasty Gal, uma grife de roupas descoladas, em um negócio que movimentou US$ 128 milhões em 2012
Uma das marcas de varejo que mais crescem nos EUA não é
comandada por um empreendedor com título de MBA. Seu controlador, aliás,
sequer concluiu a faculdade. Muito menos é egresso de um banco de
investimentos ou herdeiro de uma tradicional família de empresários. Na
verdade, a personagem em questão nem sequer é um homem, mas sim uma
jovem beldade: Sophia Amoruso, 28 anos, está transformando sua Nasty Gal
em numa das grifes de varejo de moda online mais influentes do mundo.
Em 2012, as vendas da marca chegaram a US$ 128 milhões, número
espetacular quando comparado ao US$ 1,1 milhão obtido apenas três anos
antes. Esse desempenho chamou a atenção de fundos de investimentos do
Vale do Silício e até da sisuda Wall Street.
Do apê para o mundo: a empresa foi criada em 2006, como uma loja virtual
hospedada no site eBay. Hoje, 35% das vendas são de clientes globais
O primeiro a entrar na passarela foi o Index Ventures, baseado na
Califórnia e especializado em start-ups. Em menos de um ano, o fundo já
investiu US$ 50 milhões na marca. A última rodada ocorreu no fim de 2012
e os recursos foram usados para colocar em prática a segunda fase da
estratégia de Sophia: a criação de uma grife com o nome da empresa,
lançada no mês passado. “Essa parceria nos garante os recursos
necessários para crescermos em bases sustentáveis”, disse. Além de sua
meteórica ascensão, ela também chama a atenção pela beleza, que lembra a
atriz Anne Hathaway. A morena é tão estonteante que acabou de ser
eleita a CEO mais sexy do planeta pelo portal americano Business
Insider. O título, certamente, faz jus à moça.
O corpo de modelo e o sorriso angelical não passam despercebidos.
Mas seu forte é mesmo a capacidade de transformar peças garimpadas em
brechós ou em lojas desconhecidas de pequenas cidades em looks desejados
pela moçadinha descolada. “Minha receita é simples: tenho de vender por
um preço sempre muito maior do que eu paguei pela peça”, afirmou. Um
exemplo que ela sempre conta aos interlocutores aconteceu logo no início
de sua trajetória, em 2006, quando montou a Nasty Gal Vintage, uma loja
online pendurada no portal eBay. Na época, ela comprou uma jaqueta
Chanel, no brechó do Exército da Salvação, por US$ 8 e conseguiu
revendê-la por US$ 1 mil.
Os números mostram que a estratégia, ao menos por enquanto, tem
sido vitoriosa. A margem operacional bruta da grife chega a 60%, de
acordo com relatório da Index Ventures, a mesma firma que administra a
fortuna de Mark Zuckeberg, fundador do Facebook. Graças ao seu tino para
negócios, o faro para encontrar boas peças e a facilidade em manejar as
ferramentas das redes sociais, Sophia está levando para o universo
digital o modelo fast-fashion inventado pela espanhola Zara e pela sueca
H&M. Os looks exibidos no site são trocados inúmeras vezes ao longo
do dia, para que as 250 mil fãs tenham sempre a sensação de estar
diante de uma nova vitrine.
Deste contingente, 100 mil são clientes fiéis, que adquirem ao
menos uma roupa, sapato ou colar por mês. O potencial de crescimento da
marca está no fato de ela ter conseguido se tornar global sem muita
propaganda. Hoje, 35% da receita vem de 50 países fora dos Estados
Unidos. Nada mal para quem até pouco tempo ganhava a vida como
funcionária de uma escola de arte de São Francisco, onde atuava na
portaria conferindo a identidade dos visitantes. A grife, contudo, não
foi sempre uma fonte de boas notícias para Sophia.
O nome Nasty Gal, gíria para garota safada ou garota suja, fez com
que a marca fosse identificada por muitos consumidores como uma
produtora de filmes pornôs. Apesar de garantir que a escolha do nome não
teve o objetivo de chocar os conservadores, é inegável que a sacada
teve uma contribuição importante para a popularização do negócio,
especialmente em uma época em que ídolos teens, como as debochadas Miley
Cyrus e Kate Perry, usam a sexualidade como uma forma de mostrar ao
mundo que chegaram à maioridade. Assim como a Nasty Gal de Sophia, a
bela.
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