segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Apesar de problema com calçado, exportações do Brasil para a Argentina crescem



 
 
As exportações do Brasil para a Argentina estão em alta este ano. No período de janeiro a setembro, as vendas externas chegaram a US$ 14,9 bilhões, 10,7% superiores aos US$ 13,4 bilhões computados em igual período do ano passado, segundo a base de dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A elevação é puxada por alguns combustíveis biocombustíveis (fotos) e pelo grupo veículos automotores, reboques e carrocerias.

Mas a indústria do calçado continua chiando porque, segundo dirigentes do setor, 740 mil pares produzidos no Rio Grande do Sul, que concentra fábricas do setor, estão parados esperando licenças do governo argentino para entrar no mercado do país vizinho.
 
Segundo a Abicalçados (associação da indústria calçadista), os problemas enfrentados com barreiras impostas pelo país haviam diminuído no fim de 2012 --quando a Argentina parou de exigir licença não automática dos importadores--, mas voltaram a se agravar nos últimos meses. A licença não automática é um mecanismo que obriga importadores a pedir autorização do governo para comprar determinado produto. "Começou de novo a trancar. 
 
Os calçados já deviam estar no varejo para aproveitar um embalo para vendas de fim de ano", diz o diretor da entidade, Heitor Klein.Mas outros setores estão de vento em popa. As vendas externas do coque (carvão de alto rendimento utilizado na siderurgia), biocombustíveis e derivados do petróleo registraram incremento de 117,1% entre 2012 e 2013, saltando de US$ 208,1 milhões para US$ 451,7 milhões. No caso dos veículos, o incremento foi 27%, saindo de US$ 5,7 bilhões para US$ 7,3 bilhões. 

Para o diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Abijaodi, ainda são significativas as barreiras não tarifárias impostas pela Argentina aos produtos brasileiros. “O principal entrave são os instrumentos que [os argentinos] usam e que são subjetivos, quando a entrada do produto depende de uma aprovação qualquer.
 
 São barreiras não tarifárias”, diz.Na avaliação dele, a pauta comercial entre os países é muito dependente do setor automotivo. “Tivemos crescimento na balança, mas está concentrado nesse setor. Ele representa quase 50% da balança comercial. O restante continua caindo”, ressalta. Para ele, a situação pode ser prejudicial ao Brasil. “Isso [a grande participação do setor automotivo] acontece porque o veículo brasileiro tem uma parte feita na Argentina e vice-versa. Se pararem, para também a nossa balança”, comenta.De janeiro a setembro, os veículos foram destaque na balança comercial brasileira.
 
O país registrou aumento de 46,2% na exportação de carros, ante o mesmo período do ano passado. O setor foi exceção ao desempenho fraco dos produtos industrializados. Os principais compradores foram Argentina, Chile e Peru. “O setor automotivo tem dependência de componentes importados, pois a produção cresceu muito no Brasil. Mas os carros estão mais inovadores e podem estar competitivos, principalmente na América Latina. Pode também ser reflexo do dólar”, opina Abijaodi.
 

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