As exportações do Brasil para a
Argentina estão em alta este ano. No período de janeiro a setembro, as
vendas externas chegaram a US$ 14,9
bilhões, 10,7% superiores aos US$ 13,4 bilhões computados em igual
período do ano passado, segundo a base de dados do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A elevação é puxada por alguns combustíveis biocombustíveis (fotos) e pelo grupo veículos automotores, reboques e carrocerias.
Mas a indústria do calçado continua
chiando porque, segundo dirigentes do setor, 740 mil pares produzidos
no Rio Grande do Sul, que concentra fábricas do setor, estão parados
esperando licenças do governo argentino para entrar no mercado do país
vizinho.
Segundo a Abicalçados (associação da
indústria calçadista), os problemas enfrentados com barreiras impostas
pelo país haviam diminuído no fim de 2012
--quando a Argentina parou de exigir licença não automática dos
importadores--, mas voltaram a se agravar nos últimos meses. A licença não automática é um mecanismo
que obriga importadores a pedir autorização do governo para comprar
determinado produto. "Começou de novo a trancar.
Os calçados
já deviam estar no varejo para aproveitar um embalo para vendas de fim
de ano", diz o diretor da entidade, Heitor Klein.Mas outros setores estão de vento em
popa. As vendas externas do coque (carvão de alto rendimento utilizado
na siderurgia), biocombustíveis e derivados do petróleo registraram
incremento de 117,1% entre 2012 e 2013, saltando de US$ 208,1 milhões
para US$ 451,7 milhões. No caso dos veículos, o incremento foi 27%,
saindo de US$ 5,7 bilhões para US$ 7,3 bilhões.
Para o diretor de Desenvolvimento
Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Carlos Abijaodi,
ainda são significativas as barreiras não tarifárias impostas pela Argentina aos produtos brasileiros. “O principal entrave são os instrumentos que [os argentinos] usam e que são subjetivos, quando a entrada do produto depende de uma aprovação qualquer.
São barreiras não tarifárias”, diz.Na avaliação dele, a pauta comercial
entre os países é muito dependente do setor automotivo. “Tivemos
crescimento na balança, mas está concentrado nesse
setor. Ele representa quase 50% da balança comercial. O restante
continua caindo”, ressalta. Para ele, a situação pode ser prejudicial ao
Brasil. “Isso [a grande participação do setor
automotivo] acontece porque o veículo brasileiro tem uma parte feita na
Argentina e vice-versa. Se pararem, para também a nossa balança”, comenta.De janeiro a setembro, os veículos
foram destaque na balança comercial brasileira.
O país registrou aumento
de 46,2% na exportação de carros, ante o mesmo
período do ano passado. O setor foi exceção ao desempenho fraco dos
produtos industrializados. Os principais compradores foram Argentina, Chile
e Peru. “O setor automotivo tem dependência de componentes importados,
pois a produção cresceu muito no Brasil. Mas os carros estão mais inovadores e podem estar competitivos, principalmente na América Latina. Pode também ser reflexo do dólar”, opina Abijaodi.
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