sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Mercado de suplementos alimentares ganha corpo no Brasil


Com crescimento médio de 15% ao ano, setor pretende alcançar receita de R$ 700 milhões ainda em 2013

Por André JANKAVSKI

Capas de revistas, notícias na internet e programas de televisão bombardeiam a audiência com corpos esculturais e as diversas maneiras de conquistá-los, de formas milagrosas ou com disciplina. A importância que o brasileiro dá ao corpo reflete na quantidade de academias instaladas no País: mais de 22 mil, segundo a Associação Brasileira de Academias, número que dá a vice-liderança mundial ao Brasil, atrás apenas dos Estados Unidos. Essa preocupação do brasileiro com a aparência também ajuda outro mercado a disparar: o de suplementos alimentares, que quadruplicou em quatro anos. Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos (Brasnutri), dos R$ 150 milhões movimentados em 2008, saltou para R$ 600 milhões em 2012. A previsão é acrescentar mais R$ 100 milhões na conta ainda nesse ano. “O tema entrou na pauta dos consumidores comuns, principais responsáveis por esse crescimento”, diz Synésio Batista, presidente da Brasnutri.

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Brasil tem a segunda maior cadeia de academias no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos

A alcunha “comum”, nesse caso, se deve ao fato desse novo grupo se diferenciar do antigo (e praticamente único em tempos passados) público-alvo do setor: os atletas de alta performance, especialmente os de fisiculturismo. “Os fisiculturistas continuam sendo os nossos maiores clientes”, afirma Marcelo Noll, presidente da Probiótica, uma das principais empresas do setor. “Não dá para comparar a quantidade de consumo deles para outro que utiliza esporadicamente”, diz.

O que não significa falta de atenção aos novos compradores. A Probiótica, comprada em 2012 pela farmacêutica americana Valeant por R$ 150 milhões, aumentou a sua oferta de produtos para conquistar os não habituados aos tipos e sabores de suplementos. “Temos até panquecas, cupcakes e mousses de proteína para expandir a nossa área de atuação”, diz Noll.

A Integral Médica, a marca brasileira no segmento, sabe que mudar o hábito do consumidor pouco adaptado rende bons resultados. “Queremos que a pessoa troque aquele chocolate de todas as tardes pela barra de proteína”, diz Filipe Bragança, CEO da empresa que pretende crescer 40% apenas em 2013. Para alcançar tais números, a Integral virou a patrocinadora oficial do Ultimate Fighting Championship (UFC), principal organização de lutas do planeta, e planeja pegar parte desse mercado de lutadores, que também cresce com a popularização das artes marciais mistas (MMA).  “Apesar de consumirem menos quantidade que os fisiculturistas, a quantidade de lutadores é bem maior do que a de bodybuilders”, diz Bragança.

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Empresas de suplementos param de focar apenas em fisiculturistas e querem entrar na rotina de novos clientes

Algo que não vem dando certo no setor, no entanto, é a quantidade de denúncias sobre a adulteração de produtos. Frequentemente testes são estampados em noticiários evidenciando informações nutricionais não correspondentes com aa anunciadaa. “É algo que afeta o setor inteiro, não só a marca denunciada”, afirma Bragança, da Integral. “Precisamos ter um órgão fiscalizador mais firme para que o mercado continue crescendo”, completa Batista, da Brasnutri.

Para que o setor continue crescendo e, quem sabe um dia, consiga atingir o mesmo patamar dos Estados Unidos, onde praticamente metade da população é consumidora dos produtos, as empresas apostam na educação do consumidor. "A imagem de suplemento como anabolizante já ficou para trás”, afirma Bragança, da Integral Médica. “Temos que fazer produtos ainda mais explicativos e treinar melhor lojistas para apresentar os benefícios de forma mais contundente”, diz Noll, da Probiótica.


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