A cada cem criativos empregados nas maiores agências brasileiras, só 1,5 é estrangeiro.
Levantamento realizado na semana passada por Meio & Mensagem
mostra que a quantidade de estrangeiros nas áreas de criação das maiores
agências do País é pequena. A média é de 1,5% do total das equipes.
Foram consultadas 55 agências listadas entre as maiores do Brasil, pelo
ranking Agências e Anunciantes, ou que possuam equipes de criação com
mais de 10 integrantes e atendam clientes presentes no ranking dos
maiores compradores de mídia do País.
Somadas, elas empregam pouco mais 2.300 criativos, sendo apenas 35
estrangeiros. A maioria das empresas ouvidas não tem nenhum. Apesar
disso, há uma sensação geral de que aumentou a presença de gringos
atuantes no Brasil nos últimos anos, com os efeitos mais agudos da
globalização e o domínio multinacional no mercado local de agências.
Para se chegar a este total considerou-se até mesmo profissionais
nascidos no exterior, mas que praticamente fizeram toda sua carreira no
Brasil, como o espanhol José Zaragoza, sócio da DPZ; o moçambicano Rui
Branquinho, vice-presidente na Y&R; o argentino Max Geraldo,
diretor-executivo na Giovanni+DraftFCB; e o uruguaio Pedro Cappeletti,
diretor-geral da Grey.
Cappeletti foi um dos que contribuiu para o aumento recente de
estrangeiros, com as contratações do diretor-executivo equatoriano
Daniel Perez e do diretor de criação uruguaio Federico Russi.
A Wieden + Kennedy é a campeã de presença gringa. Lá os estrangeiros
são 20% da equipe liderada pelo argentino Guillermo Vega e onde atuam
ainda dois diretores de criação norte-americanos, Patrick Almaguer e
Blake Kidder; dois argentinos, Ezequiel Soules e Martin Insua; e o
redator espanhol Kako Mendez. A Wieden+Kennedy leva tão a sério a
mistura de culturas que possui um profissional dedicado integralmente ao
recrutamento e conexões entre os escritórios da rede no mundo. Trata-se
de Melanie Myers, global creative recruiter, baseada no escritório de
Portland, sede da rede. Em nenhuma outra das agências pesquisadas o
índice de estrangeiros se aproxima de 10%.
Na AgênciaClick Isobar o principal líder da criação também é
estrangeiro: o português Fred Saldanha, que conta o compatriota Jorge
Teixeira, como diretor-executivo em Brasília, e o diretor de criação
argentino Nicolas Ferrario, na equipe de São Paulo. Saldanha,
vice-presidente de criação, diz que se sentiu uma “ave rara”, quando
chegou ao País pela primeira vez, em 1996. Ele, que em Portugal
trabalhara em uma equipe na qual 50% eram brasileiros, conta que
percebia certa reticência do mercado em relação aos estrangeiros. “Pelo
fato de não conhecer a cultura brasileira, achavam que isso seria
prejudicial na hora de criar, quando na verdade eu poderia agregar”,
diz.
Também há estrangeiros em posições de comando na Publicis (o diretor de criação colombiano Leo Macias), Taterka (o head of art mexicano Javier Talavera), Ogilvy Rio (o diretor-geral espanhol Paco Conde), JWT (os diretores de criação argentinos Santiago Dulce e Hernan Rebaldería e o canadense Enoch Lam) e David (o diretor de criação argentino Jorge Andres Ponce Betti).
A criação é a área que mais emprega estrangeiros nas agências
brasileiras. Nas demais, a presença é ainda mais rara. Considerando todo
o efetivo das 55 empresas consultadas na semana passada, o total de
estrangeiros é de pouco mais de 50. Mas há muitos brasileiros que já
trabalharam fora do País e uma grande diversidade de nacionalidades.
Estão pelos corredores das agências pesquisadas profissionais
argentinos, portugueses, japoneses, franceses, italianos,
norte-americanos, austríacos, alemães, chilenos, bolivianos,
hondurenhos, filipinos, australianos, ingleses e equatorianos.
(Meio & Mensagem – 22/10/2013)
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