Publicado por Luiz Flávio Gomes -
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A Petrobras passou a simbolizar a banda podre da espécie humana brasileira, porque
ela não é apenas um péssimo exemplo da corrupção e da roubalheira
cleptocrata (daqueles que governam o País, com taxas escabrosas de
propina, que lubrificam nosso capitalismo cartelizado), senão também do
mau gerenciamento, do endividamento irresponsável, do baixo
investimento, da falta de crédito na praça, da ingerência política, da
incompetência, da eleitoralização dos preços dos combustíveis (para
maquiar a inflação), das obras faraônicas (mal planejadas e
deploravelmente executadas), das aquisições esbornianas de refinarias
etc.
Todos sabemos que tudo isso acontece desde sempre (estamos
falando de um dos países onde o maior crescimento é do
subdesenvolvimento), mas se tornou público e notório que o PT foi quem
institucionalizou o absoluto aparelhamento do Estado para sua manutenção
no poder. O PT foi o partido que mais levou a “sério” a ideia de que
todos os partidos (sobretudo os da coalização: PMDB, PP etc.) devem ser
financiados com o dinheiro público! O PSDB, com Sérgio Guerra, assim
como o PSB, com Eduardo Campos, não destoou dessa pornográfica
coreografia (segundo informações dos delatores-gerais da República).
O Homo Sapiens
(humano sábio) surgiu há (mais ou menos) 200 mil anos no Norte da
África e se espalhou por toda Europa, Ásia e Oceania. Chegou à América
(e, consequentemente, no Brasil) entre 12 e 20 mil anos. Somos um grande
mamífero, dotado de inteligência e de demência. Somos homo sapiens e também homo demens
(diz Edgar Morin). Nos distinguimos dos outros animais porque falamos,
porque escrevemos, porque construímos máquinas complexas e altamente
tecnologizadas (somos também techno sapiens). Estamos em todo
planeta (somos mais de 7 bilhões). Somos a espécie animal que mais
conquistou o mundo; ao mesmo tempo, adquirimos uma capacidade
inigualável de retroceder no tempo, de apagar o progresso. Se
considerarmos o humano da caverna e o evoluído (de Nietzsche), nós
(particularmente os brasileiros e os latino-americanos em geral)
constituímos o elo de soldagem entre eles.
Nenhum outro animal
se iguala a nós na capacidade de destruição de nós mesmos
(autodestruição pelo uso de drogas, do açúcar, do fumo etc.), dos outros
humanos (genocídio, homicídio, mortes no trânsito, feminicídios etc.),
da natureza (dos rios, das águas, das florestas, dos pássaros etc.) e da
própria ideia de comunidade (por meio da corrupção) (Jared Diamond).
Somos, portanto, homo sapiens destructivus. Olhando as virtudes e proezas do humano da espécie brasiliensis
vemos que seu saldo negativo é exuberante. Representamos hoje no
planeta uma nação subdesenvolvida altamente corrupta e gerenciada por
uma cleptocracia destrutiva de toda ideia de comunidade (cleptocratas
são os donos do poder econômico, financeiro e político). Estamos
esgotando todos nossos recursos naturais e matando outras espécies,
assim como destruindo habitats (a seca é só o princípio da tragédia que
plantamos). A evolução não moldou de forma perfeita o gênero humano.
Somos a prova inconteste dessa constatação científica.
O
cartesianismo (iluminista) dominante, sempre criticado por Edgar Morin,
ao separar o mundo e os humanos em caixinhas (Marcos Cavalcanti),
retrata uma visão simplista dos humanos (ser racional, “penso, logo
existo” etc.). Somos a prova da falibilidade da doutrina cartesiana
porque aqui a regra é o irracional, o mágico, o sobrenatural, a loucura,
o delírio, o populismo, a ganância exacerbada lubrificada pelo
capitalismo cartelizado, a absoluta falta de noção do que é uma
comunidade. Tudo isso no Brasil não é apenas um acidente, um desvio, uma
anormalidade. É a regra, particularmente nos homens e mulheres
públicos, que bem representam o homo sapins destructivus.
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