terça-feira, 28 de abril de 2015

Homo sapiens destructivus (a Petrobras é nosso retrato)

Publicado por Luiz Flávio Gomes
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Homo sapiens destructivus a Petrobras nosso retrato

A Petrobras passou a simbolizar a banda podre da espécie humana brasileira, porque ela não é apenas um péssimo exemplo da corrupção e da roubalheira cleptocrata (daqueles que governam o País, com taxas escabrosas de propina, que lubrificam nosso capitalismo cartelizado), senão também do mau gerenciamento, do endividamento irresponsável, do baixo investimento, da falta de crédito na praça, da ingerência política, da incompetência, da eleitoralização dos preços dos combustíveis (para maquiar a inflação), das obras faraônicas (mal planejadas e deploravelmente executadas), das aquisições esbornianas de refinarias etc.

Todos sabemos que tudo isso acontece desde sempre (estamos falando de um dos países onde o maior crescimento é do subdesenvolvimento), mas se tornou público e notório que o PT foi quem institucionalizou o absoluto aparelhamento do Estado para sua manutenção no poder. O PT foi o partido que mais levou a “sério” a ideia de que todos os partidos (sobretudo os da coalização: PMDB, PP etc.) devem ser financiados com o dinheiro público! O PSDB, com Sérgio Guerra, assim como o PSB, com Eduardo Campos, não destoou dessa pornográfica coreografia (segundo informações dos delatores-gerais da República). 

O Homo Sapiens (humano sábio) surgiu há (mais ou menos) 200 mil anos no Norte da África e se espalhou por toda Europa, Ásia e Oceania. Chegou à América (e, consequentemente, no Brasil) entre 12 e 20 mil anos. Somos um grande mamífero, dotado de inteligência e de demência. Somos homo sapiens e também homo demens (diz Edgar Morin). Nos distinguimos dos outros animais porque falamos, porque escrevemos, porque construímos máquinas complexas e altamente tecnologizadas (somos também techno sapiens). Estamos em todo planeta (somos mais de 7 bilhões). Somos a espécie animal que mais conquistou o mundo; ao mesmo tempo, adquirimos uma capacidade inigualável de retroceder no tempo, de apagar o progresso. Se considerarmos o humano da caverna e o evoluído (de Nietzsche), nós (particularmente os brasileiros e os latino-americanos em geral) constituímos o elo de soldagem entre eles. 

Nenhum outro animal se iguala a nós na capacidade de destruição de nós mesmos (autodestruição pelo uso de drogas, do açúcar, do fumo etc.), dos outros humanos (genocídio, homicídio, mortes no trânsito, feminicídios etc.), da natureza (dos rios, das águas, das florestas, dos pássaros etc.) e da própria ideia de comunidade (por meio da corrupção) (Jared Diamond). Somos, portanto, homo sapiens destructivus. Olhando as virtudes e proezas do humano da espécie brasiliensis vemos que seu saldo negativo é exuberante. Representamos hoje no planeta uma nação subdesenvolvida altamente corrupta e gerenciada por uma cleptocracia destrutiva de toda ideia de comunidade (cleptocratas são os donos do poder econômico, financeiro e político). Estamos esgotando todos nossos recursos naturais e matando outras espécies, assim como destruindo habitats (a seca é só o princípio da tragédia que plantamos). A evolução não moldou de forma perfeita o gênero humano. Somos a prova inconteste dessa constatação científica. 

O cartesianismo (iluminista) dominante, sempre criticado por Edgar Morin, ao separar o mundo e os humanos em caixinhas (Marcos Cavalcanti), retrata uma visão simplista dos humanos (ser racional, “penso, logo existo” etc.). Somos a prova da falibilidade da doutrina cartesiana porque aqui a regra é o irracional, o mágico, o sobrenatural, a loucura, o delírio, o populismo, a ganância exacerbada lubrificada pelo capitalismo cartelizado, a absoluta falta de noção do que é uma comunidade. Tudo isso no Brasil não é apenas um acidente, um desvio, uma anormalidade. É a regra, particularmente nos homens e mulheres públicos, que bem representam o homo sapins destructivus.

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