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Jovem formando da Universidade de Harvard: o número de brasileiros em Harvard cresceu 70% nos últimos oito anos
Victor Vieira, do Estadão Conteúdo
São Paulo - Nunca a Universidade de Harvard,
uma das mais tradicionais do mundo, teve tantos brasileiros. São 104
alunos entre os cerca de 21 mil estudantes da instituição americana.
Parece pouco, mas é um crescimento de 70% nos últimos oito anos.
Quantos brasileiros deveriam estudar em Harvard? "A resposta é simples:
mais", afirma o vice-reitor de Relações Internacionais da universidade,
Jorge Dominguez, de 70 anos, em entrevista ao jornal O Estado de S.
Paulo.
"Os alunos brasileiros têm feito um trabalho extraordinário", acrescenta o professor de política e história da América Latina.
Segundo Dominguez, a formação acadêmica fora do País é um caminho para
melhorar a internacionalização do ensino superior do País e também
preparar profissionais para o período pós-crise econômica.
"Temos 104 estudantes vindos do Brasil em Harvard, o maior número em
toda a história", diz. "É a primeira vez que ultrapassamos o patamar de
100, o que faz com o País já esteja entre as dez nações que mais
enviaram alunos a Harvard no ano. É verdade que há menos brasileiros do
que chineses ou indianos, mas esses países são maiores do que o Brasil. O
modo como penso isso é que há mais brasileiros em Harvard do que
pessoas do Japão, um país desenvolvido, ou da França, por exemplo. O
Brasil está na frente da maioria dos países europeus".
Comparando entre países emergentes, o Brasil tem menos estudantes em
Harvard. "Se perguntamos quantos brasileiros devem estudar em Harvard, a
resposta é simples: mais. Estou bastante feliz com o aumento de
brasileiros nos últimos anos, que foi bastante expressivo. Mas queremos
ainda mais."
Para Dominguez, o interesse em aumentar o número de brasileiros
estudando na universidade norte-americana é simples: "são bons".
"Os alunos brasileiros que recebemos, em diferentes partes da
universidade, têm feito um trabalho extraordinário e estudam muito.
Esses estudantes contribuem com suas próprias experiências para diversas
discussões em Harvard, em áreas como engenharia, saúde pública e
economia", elogia.
O vice-reitor acredita que o governo brasileiro precisa entender que o
"futuro do País depende de um esforço de enviar mais alunos para o
exterior".
Questionado sobre como o governo brasileiro pode desenvolver essa
internacionalização, ele cita o Ciência sem Fronteiras e o CNPq.
"O Ciência sem Fronteiras é um bom programa. Uma questão nos próximos
anos para o governo brasileiro e todos os partidos políticos é: quando
vamos criar outros programas desse tipo para mandar para o exterior
pessoas de outras áreas, como da economia, ciências sociais ou da mídia?
Certamente é caro, mas é necessário começar a pensar no futuro, quando o
País tiver saído da crise. É necessário pensar em objetivos ainda mais
amplos. Outro esforço, que tem sido feito pelo Brasil por meio do CNPq
(Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, órgão
ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), é incrementar o
número de pesquisadores e instituições do País que trabalham com
pesquisadores e universidades do exterior para objetivos comuns. Já
houve um bom avanço, mas é um processo difícil", diz.
Universidades brasileiras
Sobre os graves problemas orçamentários sofridos algumas das
universidades públicas brasileiras, Dominguez, afirma que após uma crise
severa, algumas instituições públicas de ensino superior nos EUA
perceberam que não poderiam depender apenas de dinheiro público.
"Harvard é uma universidade particular. Parte dos recursos,
principalmente para pesquisa científica, vem da agência federal
americana. Isso é ofertado em concorrência ampla, em que nossos
cientistas fazem propostas e ganham a verba. Mas o financiamento das
universidades vem de recursos privados.
Quando algumas universidades
públicas da Califórnia, como Berkeley, Los Angeles e San Diego, tiveram
uma severa crise, perceberam que não poderiam depender apenas de
dinheiro público. Com isso, o processo de transição começou."
E completa afirmando que, as universidades públicas, em todo o mundo,
estarão melhor servidas se "diversificarem suas possibilidades de
financiamento".
"Isso significa negociar com o setor privado. Mas também não é possível
apenas depender da cobrança de matrículas e mensalidades. É uma das
opções, mas apostar nisso significa excluir pessoas de famílias pobres e
de classe média. É necessário melhorar o recebimento de recursos da
iniciativa privada. Essa é uma das medidas que a maioria das
universidades públicas, na maior parte dos países, ainda não fez."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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