Na visão do presidente da Fecomércio-RS, sem mudar
as regras o poder continuará a enfeitiçar os bons políticos
Por Luiz Bohn*
A
confusão entre o público e o privado na gestão do Estado não é uma questão
nova. A frase mais emblemática nesse aspecto é a atribuída a Luiz XIV: L'État
c'est moi (O Estado sou eu). No Brasil, a mistura entre o público e o
privado foi brilhantemente descrita por um gaúcho de Vacaria que mostrou que nossos
os governantes não atuam como mandatários temporários da vontade popular. Ao
contrário, eles acreditam ser “os donos do poder”.
O
Petrolão é emblemático nesse sentido. A proximidade entre políticos e gestores
de empresas públicas gera resultados negativos para todos, produzindo corrupção
e ineficiência. Vale lembrar declaração do ex-presidente da Câmara, Severino
Cavalcante. Disse ele à então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff,
tentando colocar um afilhado na diretoria de Exploração e Produção da
Petrobras: “O que o presidente me ofereceu foi aquela diretoria que fura
poço e acha petróleo. É essa que eu quero.” As diretorias com maior
orçamento para contratação e licitação são as mais procuradas pelos políticos
pelo maior “potencial de arrecadação”.
A
operação Lava Jato não é surpresa para quem viu o mensalão e o escândalo do
Detran-RS. Usar dinheiro público para fins partidários é uma prática conhecida.
As manifestações de 15 de março reafirmaram a ojeriza popular à corrupção. Mas
temos de passar da indignação para a ação, cobrando punição para os culpados e
uma redução na influência política sobre as estatais.
Muitos
achavam que a corrupção era fruto de maus políticos. A eleição de bons
políticos mudaria tudo. Ledo engano. Parece que o poder tem um feitiço que
transforma bons em maus políticos. Assim como nós, os políticos não são bons ou
maus, eles apenas agem, a cada momento, seguindo os incentivos dados pelas
regras do jogo existentes. Precisamos, então, mudar as regras do jogo,
privatizando, despolitizando a gestão das estatais e punindo os corruptos.
O
diligente e patriótico trabalho de alguns juízes, como Joaquim Barbosa e Sérgio
Moro ajudam a mudar o Brasil. Colocar corruptos na cadeia é o primeiro passo
para uma mudança de comportamento que registre na mente dos brasileiros que o
crime não compensa.
*Presidente
do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac.
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Os novos donos do poder
Na visão do presidente da Fecomércio-RS, sem mudar as regras o poder continuará a enfeitiçar os bons políticos
A confusão entre o público e o privado na gestão do Estado não é
uma questão nova. A frase mais emblemática nesse aspecto é a atribuída a
Luiz XIV: L'État c'est moi (O Estado sou eu). No Brasil, a
mistura entre o público e o privado foi brilhantemente descrita por um
gaúcho de Vacaria que mostrou que nossos os governantes não atuam como
mandatários temporários da vontade popular. Ao contrário, eles acreditam
ser “os donos do poder”.
O Petrolão é emblemático nesse sentido. A proximidade entre políticos e gestores de empresas públicas gera resultados negativos para todos, produzindo corrupção e ineficiência. Vale lembrar declaração do ex-presidente da Câmara, Severino Cavalcante. Disse ele à então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, tentando colocar um afilhado na diretoria de Exploração e Produção da Petrobras: “O que o presidente me ofereceu foi aquela diretoria que fura poço e acha petróleo. É essa que eu quero.” As diretorias com maior orçamento para contratação e licitação são as mais procuradas pelos políticos pelo maior “potencial de arrecadação”.
A operação Lava Jato não é surpresa para quem viu o mensalão e o escândalo do Detran-RS. Usar dinheiro público para fins partidários é uma prática conhecida. As manifestações de 15 de março reafirmaram a ojeriza popular à corrupção. Mas temos de passar da indignação para a ação, cobrando punição para os culpados e uma redução na influência política sobre as estatais.
Muitos achavam que a corrupção era fruto de maus políticos. A eleição de bons políticos mudaria tudo. Ledo engano. Parece que o poder tem um feitiço que transforma bons em maus políticos. Assim como nós, os políticos não são bons ou maus, eles apenas agem, a cada momento, seguindo os incentivos dados pelas regras do jogo existentes. Precisamos, então, mudar as regras do jogo, privatizando, despolitizando a gestão das estatais e punindo os corruptos.
O diligente e patriótico trabalho de alguns juízes, como Joaquim Barbosa e Sérgio Moro ajudam a mudar o Brasil. Colocar corruptos na cadeia é o primeiro passo para uma mudança de comportamento que registre na mente dos brasileiros que o crime não compensa.
*Presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac.
- See more at: http://www.amanha.com.br/posts/view/208#sthash.sfdOOgRB.dpufO Petrolão é emblemático nesse sentido. A proximidade entre políticos e gestores de empresas públicas gera resultados negativos para todos, produzindo corrupção e ineficiência. Vale lembrar declaração do ex-presidente da Câmara, Severino Cavalcante. Disse ele à então ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, tentando colocar um afilhado na diretoria de Exploração e Produção da Petrobras: “O que o presidente me ofereceu foi aquela diretoria que fura poço e acha petróleo. É essa que eu quero.” As diretorias com maior orçamento para contratação e licitação são as mais procuradas pelos políticos pelo maior “potencial de arrecadação”.
A operação Lava Jato não é surpresa para quem viu o mensalão e o escândalo do Detran-RS. Usar dinheiro público para fins partidários é uma prática conhecida. As manifestações de 15 de março reafirmaram a ojeriza popular à corrupção. Mas temos de passar da indignação para a ação, cobrando punição para os culpados e uma redução na influência política sobre as estatais.
Muitos achavam que a corrupção era fruto de maus políticos. A eleição de bons políticos mudaria tudo. Ledo engano. Parece que o poder tem um feitiço que transforma bons em maus políticos. Assim como nós, os políticos não são bons ou maus, eles apenas agem, a cada momento, seguindo os incentivos dados pelas regras do jogo existentes. Precisamos, então, mudar as regras do jogo, privatizando, despolitizando a gestão das estatais e punindo os corruptos.
O diligente e patriótico trabalho de alguns juízes, como Joaquim Barbosa e Sérgio Moro ajudam a mudar o Brasil. Colocar corruptos na cadeia é o primeiro passo para uma mudança de comportamento que registre na mente dos brasileiros que o crime não compensa.
*Presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac.
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