Henry Romero / Reuters
José Serra: a reação mais forte foi para o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro
Da AFP
O governo do presidente Michel Temer chamou para consultas nesta quarta-feira seus embaixadores em Venezuela, Equador e Bolívia, após os três países adotarem a mesma resolução para mostrar sua rejeição ao impeachment de Dilma Rousseff.
O ministro das Relações Exteriores, José Serra,
reagiu com firmeza às críticas dos antigos aliados do Brasil, durante
os 13 anos do governo do Partido dos Trabalhadores, afastado do poder
pela votação histórica do Senado.
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A reação mais forte foi para o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro,
cujo governo anunciou, no início da tarde, a retirada de seu embaixador
em Brasília, assim como o congelamento das relações com o Brasil, ao
condenar "energicamente" o "golpe de Estado parlamentar".
"O governo venezuelano não tem qualquer moral para falar de democracia,
já que eles não adotam um regime democrático", afirmou Serra no site da
Presidência.
"Um país que tem presos políticos não vive em uma democracia", declarou Serra.
Segundo o Itamaraty, a posição da Venezuela "revela um profundo
desconhecimento das leis do Brasil e nega frontalmente os princípios e
objetivos da integração latino-americana".
"A História ainda não terminou, e o Brasil conta com a Venezuela", disse o presidente Maduro.
Problemas na região
Sobre as reações de Equador e Bolívia, Serra anunciou que também convocou os representantes dos dois países em Brasília.
Após o impeachment, o Equador retirou seu encarregado de negócios,
Santiago Javier Chávez Pareja, até agora seu principal representante
diplomático em Brasília.
Em maio, Quito já havia convocado para consultas seu embaixador no
Brasil, Horacio Sevilla. Desde então, ele não voltou ao posto e, em
junho passado, foi nomeado representante permanente do Equador na ONU.
O governo do Equador disse que a embaixada ficará a cargo do
terceiro-secretário. Embora não tenha mencionado o congelamento das
relações, advertiu que "provavelmente tenha algum tipo de afetação à
relação bilateral".
O presidente da Bolívia, Evo Morales, convocou para consultas seu embaixador, após condenar o "golpe parlamentar".
"Faço um apelo para que os chefes de governo e de Estado destes países
se apeguem mais à realidade, ao que realmente está ocorrendo no Brasil:
uma mudança prevista na Constituição e nas leis", declarou Serra, em uma
mensagem também dirigida à Havana.
O governo cubano também qualificou o impeachment de Dilma de "golpe de
estado parlamentar-judicial" ao considerar que "constitui um ato de
desacato da vontade soberana do povo".
Na mesma linha, a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América
(Alba) - na voz de seus membros Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua -
condenou o "golpe de Estado parlamentar".
Segundo o representante suplente da Nicarágua, Luis Ezequiel Alvarado,
isso demonstra "que as forças regressivas do hemisfério continuam
trabalhando com o objetivo de desestabilizar e de provocar golpes de
Estado contra os governos progressistas da região".
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