quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Brasil consulta embaixadores em Venezuela, Equador e Bolívia





Henry Romero / Reuters
José Serra, ministro das Relações Exteriores do Brasil, dia 25/07/2016
José Serra: a reação mais forte foi para o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro
 
Da AFP


O governo do presidente Michel Temer chamou para consultas nesta quarta-feira seus embaixadores em Venezuela, Equador e Bolívia, após os três países adotarem a mesma resolução para mostrar sua rejeição ao impeachment de Dilma Rousseff.

O ministro das Relações Exteriores, José Serra, reagiu com firmeza às críticas dos antigos aliados do Brasil, durante os 13 anos do governo do Partido dos Trabalhadores, afastado do poder pela votação histórica do Senado.
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A reação mais forte foi para o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, cujo governo anunciou, no início da tarde, a retirada de seu embaixador em Brasília, assim como o congelamento das relações com o Brasil, ao condenar "energicamente" o "golpe de Estado parlamentar".

"O governo venezuelano não tem qualquer moral para falar de democracia, já que eles não adotam um regime democrático", afirmou Serra no site da Presidência.

"Um país que tem presos políticos não vive em uma democracia", declarou Serra.

Segundo o Itamaraty, a posição da Venezuela "revela um profundo desconhecimento das leis do Brasil e nega frontalmente os princípios e objetivos da integração latino-americana".

"A História ainda não terminou, e o Brasil conta com a Venezuela", disse o presidente Maduro.
 

Problemas na região 


Sobre as reações de Equador e Bolívia, Serra anunciou que também convocou os representantes dos dois países em Brasília.

Após o impeachment, o Equador retirou seu encarregado de negócios, Santiago Javier Chávez Pareja, até agora seu principal representante diplomático em Brasília.

Em maio, Quito já havia convocado para consultas seu embaixador no Brasil, Horacio Sevilla. Desde então, ele não voltou ao posto e, em junho passado, foi nomeado representante permanente do Equador na ONU.

O governo do Equador disse que a embaixada ficará a cargo do terceiro-secretário. Embora não tenha mencionado o congelamento das relações, advertiu que "provavelmente tenha algum tipo de afetação à relação bilateral".

O presidente da Bolívia, Evo Morales, convocou para consultas seu embaixador, após condenar o "golpe parlamentar".

"Faço um apelo para que os chefes de governo e de Estado destes países se apeguem mais à realidade, ao que realmente está ocorrendo no Brasil: uma mudança prevista na Constituição e nas leis", declarou Serra, em uma mensagem também dirigida à Havana.

O governo cubano também qualificou o impeachment de Dilma de "golpe de estado parlamentar-judicial" ao considerar que "constitui um ato de desacato da vontade soberana do povo".

Na mesma linha, a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba) - na voz de seus membros Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua - condenou o "golpe de Estado parlamentar".

Segundo o representante suplente da Nicarágua, Luis Ezequiel Alvarado, isso demonstra "que as forças regressivas do hemisfério continuam trabalhando com o objetivo de desestabilizar e de provocar golpes de Estado contra os governos progressistas da região".


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