Golpeadas pela crise que dominou o segmento sucroalcooleiro por cinco
anos e se arrastou até a safra passada, as indústrias de máquinas e
equipamentos focadas no segmento começam a vislumbrar uma retomada das
vendas na medida em que as usinas voltam a se capitalizar e tentam
maximizar a produção de açúcar para aproveitar a alta dos preços da
commodity.
Termômetro dessa tendência foi a Fenasucro, feira tradicionalmente realizada em Sertãozinho, no interior paulista, na qual são apresentados aos clientes em potenciais às novidades capazes de melhorar seus negócios. Após a edição deste ano, realizada entre os dias 22 e 25 de agosto, estão sendo efetivadas encomendas que poderão alcançar cerca de R$ 2 bilhões, conforme estimativa do Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético (Ceise).
No evento de 2015, os negócios não foram muito superiores a R$ 200 milhões – bem abaixo do patamar pré-crise, quando as vendas iniciadas na feira chegaram a superar R$ 4 bilhões. Mas, no ano passado, apesar dos sinais já mais positivos para os mercados de açúcar e etanol, ainda era mais sombrio o cenário que continuava engordando o grupo de dezenas de usinas que pediram recuperação judicial no Centro-Sul do país.
Segundo Paulo Gallo (Foto), presidente do Ceise, boa parte da demanda observada este ano está relacionada à reposição e manutenção de equipamentos, que ficaram sem conservação adequada na última entressafra por causa do curto tempo de parada das usinas – as usinas prolongaram o período de moagem em 2015/16 e anteciparam o início das atividades neste ciclo 2016/17.
Embora ainda existam incertezas sobre a duração da próxima entressafra – que dependerá, em grande medida, do clima -, Gallo reitera que as usinas ainda estão privilegiando a conservação de suas estruturas, para recuperar seus níveis ideais de desempenho. Também já há em curso conversações envolvendo uma demanda derivada da instalação de novas fábricas de açúcar. Mas, segundo o presidente do Ceise, são projetos ainda difíceis de mensurar que tendem a se concretizar em 2017.
Líder do segmento, a Dedini Indústria de Base, que chegou a registrar faturamento anual de R$ 2 bilhões e há um ano está em recuperação judicial, é outro termômetro de que o mercado começou a virar. Conforme relatório anexado aos autos do processo de recuperação, os serviços de manutenção geraram à companhia receita de R$ 51,9 milhões de fevereiro a maio, 36% acima do projetado. O resultado amenizou a frustração com o faturamento de outras áreas de negócios, que limitou a receita total da empresa a R$ 74,1 milhões no período, 13% abaixo do projetado.
Procurada, a Dedini preferiu não fazer comentários sobre suas operações em razão das negociações para a aprovação do plano de recuperação, que estão em andamento há um ano. Em nota, a empresa informou que a aprovação "permitirá que a Dedini volte a crescer, pague seus credores, gere mais empregos e retome o lugar de destaque na construção do progresso do Brasil".
Já a Simisa Simioni, fabricante de equipamentos que tem duas unidades em São Paulo e uma em Pernambuco, não esconde o otimismo. Cumprindo seu plano de recuperação judicial desde o fim de 2015, a companhia calcula que poderá faturar 10% mais em 2016 que no ano passado, quando o montante atingiu R$ 150 milhões.
De acordo com Laudelino Barbosa, que faz parte da diretoria da Simisa, esse aumento virá do maior número de máquinas e equipamentos vendidos, uma vez que a empresa teve que reduzir preços para garantir competitividade.
A demanda que anima a Simisa também tem sido, em geral, para manutenção – o que, para Barbosa, é "um bom sinal", já que nas safras anteriores muitas usinas reduziram esses aportes. E, diferentemente de 2015, quando a Simisa foi afetada por uma onda de inadimplência e entrou na lista de credores de várias usinas que pediram recuperação judicial, neste ano esse problema praticamente deixou de existir.
Assim, o fundo do poço
para as indústrias de base que dependem do segmento sucroalcooleiro
parece ter ficado para trás. Mas serão duradouras as sequelas da crise.
Em Sertãozinho, os fabricantes fecharam 5 mil postos de trabalho de 2014
a junho passado, conforme o Ceise. E ao menos quatro empresas ainda
fecharam as portas este ano
(Assessoria de Comuniicação, 6/9/16)
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