Ajuste fiscal, reforma tributária e corte de gastos públicos são as prioridades do país agora
São Paulo – A incerteza mundial com relação ao futuro da economia a partir do comando de Donald Trump nos Estados Unidos preocupa menos o Brasil do que a urgência na resolução dos desafios internos, afirmou hoje o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco.
“Na economia brasileira, claro que tem reflexo, mas os desafios que o país tem de enfrentar são bem maiores do que as questões de fora”, afirmou ele em teleconferência com jornalistas.
Ajuste fiscal, reforma tributária e corte de gastos públicos são as prioridades do país agora, acredita o executivo. “As chaves dos nossos problemas muitas vezes estão na nossa porta e é essa a situação do Brasil hoje”.
Trabuco acredita que a eleição é apenas a democracia funcionando e que o susto com o resultado fez com que os mercados se deteriorassem – situação agora quase normalizada.
“Toda a mudança política traz ansiedade, mas os fatos se sobrepõem as ideias, principalmente em um mundo globalizado”, disse.
O pior já passou
O banco prevê uma melhora de crédito a partir de 2017, com uma evolução mais acelerada do PIB a partir de 2018 porque o Brasil “parou de piorar”.
“Acho que já chegamos no fundo do poço e alguns fatores nos levam a crer que isso não seja um otimismo exagerado”, comentou o executivo.
Entre eles estão preços de ativos finalizados, câmbio mais estável e a leve recuperação da bolsa, critérios que antecipam o processo de retomada de qualquer economia.
Indicadores de um ambiente de maior esperança, causa mais confiança e, por consequência, mais investimento, alertou Trabuco. “Por isso esperamos a melhora de crédito”, disse.
O banco não tem um guidance de margem ainda, mas espera para 2017 um crescimento de crédito no sistema como um todo em algo de 5%.
“Para o Bradesco, esperamos um aumento próximo a isso, o que deve recomporá a margem como um todo e a melhora do volume de crédito concedido”, afirmou ele.
Efeito HSBC
No terceiro trimestre, o banco teve de um lucro líquido de R$ 3,2 bilhões, queda de 21,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
Outros indicadores, como aumento de gastos e despesas e aumento da inadimplência foram, em parte, explicados pelo “efeito HSBC”.
A margem de intermediação, comparada aos ativos médios, atingiu 12,7% com os negócios combinados e ajustes de R$ 776 milhões foram feitos no período.
Despesas de provisão, administrativa, lucro recorrente e impacto da carteira – todos os impactos aconteceram em um momento de queda de crédito, o que influenciou ainda mais.
“Acreditamos que esses impactos serão menores com a mudança do ciclo da economia brasileira com a queda dos juros e outros indicadores de melhora”, comentou Trabuco.
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