Com a eleição de Donald Trump e a perspectiva de que os EUA adotem
postura refratária ao avanço de acordos comerciais, o governo deve
acelerar conversas para acertos com o Canadá, diz Marcos Pereira,
ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
"Considerando a imprevisibilidade que a eleição de Trump traz, está na
hora do Brasil e do Mercosul apostarem em acordos que estavam
adormecidos", afirmou o ministro à Folha. A pasta é encarregada de
conduzir negociações internacionais juntamente com o Itamaraty.
Segundo ele, o tamanho da economia do Canadá (décima maior do mundo) já
justificaria o movimento. Mas, além disso, há sinais recentes de que os
canadenses têm real interesse num acordo.
Rob Schumacher - 9.jul.2015/USA Today Sports/Reuters | ||
Vista de Torono, no Canadá |
A indústria, que nos últimos anos mudou sua posição e passou a apoiar
que o país firme acordos comerciais, tem feito chegar ao governo seu
interesse na aproximação, afirma o ministro.
Estudo da CNI (Confederação Nacional da Indústria) indica que se trata
de um mercado potencial bilionário e ainda pouco explorado. De acordo
com a pesquisa, há oportunidades em ao menos 321 tipos de produtos que,
juntos, representam um mercado de US$ 109 bilhões ao ano – hoje, o país
só abocanha 1% desse montante.
Nesse grupo, estão mercadorias que o Brasil exporta a preços
competitivos no mercado internacional e que o Canadá importa em grande
quantidade. As maiores oportunidades estão nos setores de máquinas,
alimentício, químico, de metalurgia e automotivo, aponta a pesquisa.
"Estamos terminando as negociações com o México. Se fecharmos um acordo
com o Canadá, estaremos bem posicionados no Nafta", afirma Carlos
Abijaodi, diretor da CNI, citando bloco que une EUA, Canadá e México.
DESTINO AO NORTE
Com Trump na presidência, Brasil avalia acordo comercial com o Canadá
Exportações brasileiras para o Canadá, em US$ bilhões
Exportações brasileiras para o Canadá, em US$ bilhões
DIÁLOGO
De 2010 a 2012, o Brasil e o Canadá conduziram um diálogo exploratório,
espécie de ensaio para a negociação do acordo de livre-comércio.
O governo brasileiro chegou a fazer consultas ao setor privado, que
demonstrou interesse em prosseguir. Mas não houve avanço por
resistências do Mercosul.
O acordo do bloco sul-americano determina que seus membros negociem
tratados em conjunto quando estes envolvem tarifas de importação. O
acordo do Nafta não possui o mesmo tipo de regra.
Neste ano, canadenses e brasileiros voltaram a falar oficialmente sobre retomar as conversas para um acordo.
O Canadá é hoje o 18º destino de exportações brasileiras. Mas os
embarques para lá têm apresentado desempenho melhor do que muitos
países. De janeiro a outubro deste ano, enquanto as vendas totais ao
exterior caíram quase 5%, as exportações para o Canadá subiram 2%.
Apesar do entusiasmo em relação ao Canadá, a prioridade brasileira no
momento segue sendo as negociações com a União Europeia, lembra Pereira.
Segundo o ministro, há esforço concentrado do governo para finalizar as
bases do acordo entre o Mercosul e o bloco europeu.
OPORTUNIDADES
Número de produtos que apresentam potencial de exportação para o Canadá, por setor
Veículos
27
53
Máquina e equipamentos
50
Produtos químicos
37
Produtos alimentícios
29
Metalurgia
27
Veículos
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