A Celg Distribuição foi arrematada pela empresa italiana Enel Brasil no leilão de privatização ocorrido hoje
São Paulo – A elétrica italiana Enel arrematou por 2,187 bilhões de reais a distribuidora de energia elétrica goiana Celg-D,
controlada pela Eletrobras, ao ser a única a apresentar proposta no
leilão que marcou a primeira privatização no setor elétrico do governo
Michel Temer.
O resultado do certame nesta quarta-feira, na sede da
BM&FBovespa, surpreendeu autoridades pelo ágio de 28 por cento em
relação ao preço teto que havia sido estabelecido para a fatia de cerca
de 95 por cento da Celg que foi colocada à venda.
O ágio ocorreu mesmo com a Enel sendo única a apresentar oferta da
última sexta-feira. A Reuters antecipou naquele dia que apenas uma
proposta havia sido feita, com base em uma fonte com conhecimento do
assunto.
A licitação também satisfez as autoridades porque a companhia
italiana já atua no Brasil, onde possui distribuidoras no Ceará e no Rio
de Janeiro. A elétrica também anunciou recentemente que pretende
investir 3,2 bilhões de euros no Brasil até 2019.
“Estamos nos deparando com um grupo consagrado, que já conhece as
regras e o sistema”, comemorou o diretor da Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel), André Pepitone, em coletiva de imprensa após a
licitação.
O diretor da Enel para o Brasil, Carlo Zorzoli, disse que a companhia
pagará pela compra da Celg no final de janeiro, à vista, e que o grupo
ainda tem fôlego para novos negócios no país.
“O desenvolvimento do grupo Enel no Brasil não acaba hoje… temos não
só crescimento em novas oportunidades, mas também um plano de
investimento em nossas concessões focado em qualidade, modernização”,
disse.
Agora, com a concretização do negócio, a Eletrobras receberá 1,065
bilhão por sua fatia na Celg-D, enquanto o restante do valor a ser pago
pela Enel irá para os cofres do governo de Goiás, que era minoritário na
empresa.
Segundo o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., os recursos
serão utilizados para pagar dívidas mais caras e curtas da estatal e
também para bancar o plano de investimentos da companhia, que prevê
aportes de 35,8 bilhões de reais entre 2017 e 2021.
Novas Privatizações
O presidente da Eletrobras também ressaltou que a estatal pretende
vender mais seis distribuidoras de energia elétrica até o final de 2017 e
que o resultado do leilão da Celg-D mostra que deve haver apetite por
esses ativos.
As distribuidoras que a Eletrobras pretende privatizar em seguida atuam em Acre, Alagoas, Amazonas, Rondônia, Roraima, Piauí.
“Tem muito valor nessas companhias… não tenho dúvida de que há muito
valor a ser extraído dessas concessões… elas têm perdas (de energia)
muito altas, e isso é uma coisa boa para bons operadores. E também estão
em Estados em que, a economia entrando agora em um processo de
recuperação, certamente têm potenciais muito grandes de crescimento”,
disse Ferreira.
O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo
Pedrosa, também disse que as demais distribuidoras da Eletrobras irão
brevemente ser oferecidas ao mercado e que o governo prevê sucesso
também nesses leilões.
“Até 2017 essas empresas serão vendidas, agora estamos discutindo com
o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) (a
metodologia de venda) para capturar melhor o valor delas. A venda
ocorrerá até o final de 2017”, disse.
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