quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Helicóptero e joias: a suposta farra de Cabral com nosso dinheiro


Mesmo antes de ser preso, as acusações contra Cabral se acumulavam


Corrupção passiva, ativa e quadrilha. A chamada taxa de “oxigênio” cobrada, segundo a Polícia Federal (PF), era destinada ao governo do ex-governador Sérgio Cabral. Cabral foi preso preventivamente na manhã desta quinta-feira (17) num desdobramento da Operação Lava Jato.

A operação que prendeu Cabral e alguns de seus principais assessores se deu contra uma “organização criminosa”, conforme classificação da PF, que teria desviado R$ 220 milhões de obras públicas.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Cabral recebeu ao menos R$ 2,7 milhões entre os anos de 2007 e 2011, da empreiteira Andrade Gutierrez, por meio de entregas de dinheiro em espécie, realizadas por executivos da empresa para emissários do então governador.

Antes de ser preso, as acusações contra Cabral se acumulavam:

Obra do Maracanã, a gota d’água

 

Segundo a Polícia Federal, um dos motivos da prisão de Cabral foi a reforma do estádio Maracanã para a Copa do Mundo. Investigado por suspeita de formação de cartel pelas empresas que integraram o consórcio que reformou a arena — Andrade Gutierrez e Odebrecht.

A obra do Maracanã é alvo de investigação sobre pagamentos de propinas para agentes públicos. A obra custou R$ 1,2 bilhão, o dobro do valor previsto.

Em depoimentos feitos entre 2010 e 2011, a construtora Andrade Gutierrez fez pagamentos mensais de R$ 300 mil em dinheiro vivo ao então governador.

“Me dá um oxigênio aí”

 

Segundo O Globo, o ex-secretário estadual de Obras Hudson Braga chamava o suborno exigido das empresas em contratos de grandes obras: “oxigênio”. O apelido foi relevado nas delações premiadas das empreiteiras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia.

O anel de R$ 800 mil

 

Uma foto de Cabral com a esposa, Adriana Ancelmo, na qual ela mostra um anel na mão esquerda tornou-se célebre. Ela acabou sendo exibida por Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, à força-tarefa da Lava Jato no Rio e em Brasília para provar a compra de um anel de R$ 800 mil em Mônaco como forma de “troca de favores” entre empreiteira e governador.

A fotografia, segundo O Globo, foi feita no restaurante Luís XV, do chef Alan Ducasse, no Hotel de France, em Mônaco.


O propósito era fazer uma surpresa à mulher, mas o primeiro a se espantar com o presente de Sérgio Cabral para a então primeira-dama, Adriana Ancelmo, foi o empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta Construções.

Cabral o convidou para bater perna pelas lojas de Mônaco, onde ambos estavam, atrás de uma recordação para a Adriana. Ela aniversariava no dia seguinte, 18 de julho de 2009. Na porta da filial da Van Cleff & Arples, famosa joalheria, na Place du Casino, o governador do Rio pegou o empresário pelo braço e entrou.

Nada olhou, pois o presente já estava reservado: um anel de ouro branco e brilhantes. Só ali, quando tudo já estava decidido, Cavendish descobriu que a conta lhe caberia. Valor: 220 mil euros (cerca de R$ 800 mil).

 

As farras com empreiteiros


Durante uma viagem a Paris em companhia do dono da Delta Engenharia, Fernando Cavendish, e secretários da alta cúpula do governo apareceu em uma foto com o grupo em um restaurante de luxo com guardanapos da cabeça. O encontro aconteceu em 2009. Na foto aparecem os secretários de Saúde, Sérgio Côrtes, da Casa Civil, Wilson Carlos, e outros.

Foram presos nesta quinta Wilson Carlos, seu ex-assessor Wagner Jordão Garcia, e ex-secretário de Obras, Hudson Braga. Todos são suspeitos de lavagem de dinheiro, corrupção e associação criminosa.

Helicóptero para o cão Juquinha


Em matéria da revista Veja publica em julho de 2013, foi relevado o uso do helicóptero oficial do governo – um Agusta AW109 Grand New, que Cabral mandou comprar por R$ 15 milhões em 2011 – para viajar com a mulher, os dois filhos, duas babás e o cachorrinho de estimação, Juquinha, para a mansão da família em Mangaratiba.

O uso particular do meio de transporte comprado com dinheiro público se dava da seguinte forma, de acordo com a revista: sextas-feira a aeronave levava todos, menos Cabral.

O governador seguia para a mansão no sábado. Aos domingos, o “helicóptero da alegria”, como chamavam os pilotos, fazia duas viagens, sendo um o “voo das babás”.

O helicóptero também se tornou o meio de transporte oficial para os dias de trabalho para Cabral. Regularmente, o ex-governador se deslocava 10 km entre seu apartamento e o Palácio Guanabara num voo de três minutos de duração.

*Esta matéria foi originalmente publicada no HuffPost Brasil.

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