Para executivos das empresas, essa pode ser uma oportunidade de o país deixar o protecionismo de lado e facilitar acordos entre os países
São Paulo – Além de serem algumas das empresas brasileiras mais globais, com liderança expressiva no mercado em que atuam, JBS e Stefanini têm outra coisa em comum: elas concordam que a eleição de Donald Trump não irá prejudicar o Brasil, pelo contrário.
Executivos das duas empresas concordam que essa pode ser uma
boa oportunidade de o país deixar o protecionismo de lado e passar a
facilitar acordos bilaterais concretos com os EUA.
“Pode ser positivo para a abertura do comércio americano
para o Brasil em alguns setores, com a chance de abrirmos acordos
semelhantes com outros países”, disse Jerry O´Callaghan, diretor de
relação com investidores da JBS, em um evento da Amcham Brasil, em São
Paulo.
Na visão deles, o fato do Brasil não manter acordos com
outras nações acaba por deixar o mercado brasileiro isolado, sem poder
explorar oportunidades no comércio internacional.
“Deixamos, por exemplo, de registrar patentes no país pelo
custo e demora nos processos, o que nos deixa menos criativos e
competitivos perante o mundo”, disse Ailtom Barberino Nascimento,
vice-presidente executivo global da Stefanini.
No painel anterior, especialistas comentaram sobre a dúvida
que paira no mundo hoje sobre qual Trump governará o EUA, o cauteloso do
discurso ou o imprevisível dos tuítes?
Nos dois casos, a preocupação da Stefanini com relação aos impactos para o negócio é ínfima.
“Se prevalecer o Trump do Twitter, penso que a Índia irá se
preocupar porque a exportação deles para os Estados Unidos é imensa,
diferente da nossa empresa”, disse Nascimento.
Se Trump fizer um governo mais moderado, a preocupação da companhia será ainda menor, de acordo com o executivo.
“Nos preocupa mais saber o que o Brasil pretende fazer no
futuro, se podemos seguir otimistas com a possibilidade de o pais ainda
ser um lugar de oportunidade”, disse ele.
Para tanto, o país precisa colocar em práticas as propostas
que hoje estão em jogos, como a reforma da previdência e a tributária,
no intuito das empresas conseguirem mitigar riscos.
Grandes globais
Tanto a JBS quanto a Stefanini começaram a operar nos
Estados Unidos a partir de iniciativas próprias de investimento e uma
boa dose de ousadia.
Há quase uma década, a JBS decidiu enfrentar as barreiras
tarifárias e sanitárias do mercado americano. Com o avanço do negócio,
cresceu a ponto de hoje empregar 70.000 pessoas e se tornar a principal
fornecedora de carne do país.
“Somos vistos pelos Estados Unidos como uma empresa local,
americana, pela quantidade de empregos gerados e tamanho da operação”,
disse O´Callaghan, validando que não há motivo para Trump ou a companhia
mudarem a relação que mantém hoje.
Para o executivo, a questão é saber agora como a economia doméstica americana vai se comportar com o novo governo.
“Mas todos os sinais econômicos que vemos são positivos, com
a promessa de mais emprego, mais renda, mais investimento”, afirmou
ele. “Para nós, qualquer estimulo econômico é bom, porque aumenta
consumo”.
A Stefanini começou a operar nos Estados Unidos em 2001 e,
entre 2010 e 2012, ampliou a companhia com a compra de concorrentes
locais. Hoje a divisão emprega 2.500 profissionais, sendo apenas seis
deles brasileiros, e se reporta à holding no Brasil.
De todos os negócios fechados pela empresa, 60% provém do
exterior, metade deles oriundos do mercado americano, o que gera uma
posição de US$ 400 milhões por lá.
“Os investimentos americanos em startups e criatividade
estão muito ligados ao modelo de modernização de indústria que se espera
do país hoje”, afirmou Nascimento. “Uma relação mais próxima com o país
e outros mercados internacionais intensificaria isso”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário