quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Os EUA de Trump na mira da Gerdau






André Gerdau projeta investimentos na infraestrutura do país, o que pode aumentar a demanda para a maior empresa do Sul

Por Marcos Graciani
graciani@amanha.com.br

 André Gerdau, CEO da Gerdau



Responsável por um terço do faturamento da Gerdau, os Estados Unidos foram o tema principal da coletiva de imprensa desta quarta-feira (09) sobre o resultado trimestral da companhia. O diretor-presidente da fabricante de aço, André Gerdau Johannpeter (foto), se mostrou otimista com os rumos que Donald Trump pretende dar ao país – especialmente em investimentos no setor de infraestrutura. “A expectativa é que ele faça um bom governo e gere empregos. Na sua plataforma de campanha, Trump deu muita ênfase ao fato da necessidade de se investir na infraestrutura, o que afetará positivamente o setor do aço”, opina Johannpeter. 

O líder da maior companhia da região, de acordo com o ranking 500 MAIORES DO SUL, publicado por AMANHÃ em parceria com a consultoria PwC, não acredita que Trump tomará atitudes protecionistas contra empresas estrangeiras sediadas nos Estados Unidos. “Não vejo isso com preocupação, pois somos um player como qualquer outro e estamos lá desde 1999. Mais que um governo, o importante é que as instituições sejam fortes”, declarou Johannpeter. O executivo exemplificou a situação contando que a Gerdau, juntamente com um pool de empresas do setor, entrou com um pedido de análise no departamento de comércio norte-americano para que o órgão investigue o crescimento da importação de vergalhões. A alta frequente do produto nos últimos dois anos tem prejudicado as produtoras de aço estabelecidas nos Estados Unidos. “A entidade está analisando se é um caso de dumping para, então, tomar as medidas cabíveis”, disse. Johannpeter também acredita que o republicano não fará mudanças em acordos comerciais já consolidados como o Nafta, bloco econômico formado por México, Canadá e Estados Unidos em 1992. 


Resultados

 
A Gerdau encerrou o terceiro trimestre com receita líquida de R$ 8,7 bilhões, uma redução de 27% em relação ao mesmo período do ano anterior. O valor é decorrente dos menores volumes vendidos em todas as operações de negócio do grupo. As vendas físicas apresentaram queda de 21% frente ao terceiro trimestre do ano anterior, totalizando 3,7 milhões de toneladas, enquanto a produção de aço foi de 3,9 milhões de toneladas, volume 7% inferior ao terceiro trimestre de 2015. No terceiro trimestre, o lucro líquido consolidado ajustado foi de R$ 95 milhões, uma redução de 51% em relação ao mesmo período do ano passado. Nos nove primeiros meses do ano, o lucro líquido alcançou R$ 293 milhões (veja os principais indicadores na tabela ao final desta reportagem).

Segundo o mercado, embora o resultado tenha vindo relativamente fraco, e abaixo das expectativas, já era esperado que o terceiro trimestre ainda fosse um período desafiador para a companhia. “Mantemos nossa visão positiva sobre a empresa, que deve apresentar melhoras operacionais a partir do próximo ano com base em um número maior de obras de infraestrutura e possivelmente retomada dos indicadores de construção civil e varejo, tanto no Brasil como nos outros países em que opera. Vale ressaltar que se for confirmado maior investimento no segmento de infraestrutura nos Estados Unidos, a companhia se beneficiará dessa melhora”, projeta a XP Investimentos em relatório. 


Gerdau digital

 
Na área de inovação digital, a Gerdau recentemente fechou uma parceria inédita com a GE Digital. A empresa está sendo a primeira na indústria de aço mundial a implantar um sistema de monitoramento e diagnóstico on-line, que utiliza avançadas ferramentas de análise de dados para antecipar possíveis falhas nos equipamentos e realizar manutenção preventiva.  “A implantação de iniciativas diferenciadas, como o projeto com a GE Digital, já é resultado da evolução digital que estamos vivendo. Esse projeto está gerando ganhos importantes para as nossas usinas no Brasil, como aumento da eficiência industrial e redução de custos”, afirma Johannpeter. Estão sendo instalados 30 mil sensores em mil equipamentos de 11 plantas no Brasil, que permitem o monitoramento do desempenho dos equipamentos em tempo real. 

 Informações selecionadas
3º Tri 16
3º Tri 15
Var. (em %)
9M 16
Var. (em %)
Vendas (Mil Toneladas)
3.668
4.669
(21)
11.759
(10)
Receita Líquida  (R$ Milhões)
8.699
11.925
(27)
29.032
(12)
Margem Ebitda  (%)
13,8
10,8

11,5

Lucro Líquido ajustado (R$ Milhões)
95
193
(51)
293
(60)


http://www.amanha.com.br/posts/view/3083

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