A estatal Commercial Aircraft Corp. of China, localmente conhecida como COMAC, está construindo a aeronave C919
Pequim – A China tem o sonho de desafiar o duopólio da Airbus e da Boeing no mercado global de aeronaves. Essa ambição ganha forma lentamente em um hangar em Xangai.
A estatal Commercial Aircraft Corp. of China, localmente
conhecida como COMAC, está construindo a aeronave C919, de 168 assentos e
corredor único, apostando que o modelo ajudará a fabricante de aviões a
figurar entre as grandes.
A empresa aposta na experiência adquirida com seu jato menor de 90
assentos, o ARJ21, que recebeu encomendas comerciais avaliadas em pelo
menos US$ 2 bilhões, a maioria de empresas locais.
Apesar dos atrasos do programa do C919 — o primeiro voo de teste foi
adiado pelo menos duas vezes desde 2014 –, a COMAC está enviando uma
mensagem ao mundo: estejam atentos a esse espaço.
A fabricante afirma que já possui compromissos de 21 clientes para a fabricação de 517 aviões.
No salão aéreo de Zhuhai, na China, nesta semana, a COMAC planeja
exibir a aeronave com um modelo e poderá anunciar o interesse de novos
potenciais compradores.
O projeto do jato de passageiros faz parte do plano ambicioso do
presidente Xi Jinping para que a China, que hoje fabrica tênis, roupas e
brinquedos, seja capaz de competir com empresas como Airbus e Boeing.
Levar o C919 da prancheta para o céu é fundamental para Xi, que
identificou o setor aeroespacial entre os que poderiam ajudar a acelerar
a modernização da economia ao estilo do Japão e da Alemanha.
Bom exemplo
“A fabricação doméstica de aeronaves é um bom exemplo da ambição do
país de garantir presença no topo da cadeia de valor global”, disse Liu
Yuanchun, reitor executivo da Academia Nacional de Desenvolvimento e
Estratégia da Universidade de Renmin da China, em Pequim.
“Ainda há algum trabalho de base sério a ser feito para finalmente
concretizar essa ambição de dominar processos sofisticados de design e
fabricação.”
O setor aeroespacial ocupa o terceiro lugar, atrás da tecnologia da
informação e da robótica, na lista de prioridades do plano diretor de
Xi, “Made in China 2025”, revelado no ano passado.
No tocante à fabricação de aviões, Pequim colocou seu foco no
desenvolvimento de jatos de passageiros de fuselagem larga, de
helicópteros pesados e de vários tipos de motores em cooperação com
parceiros globais.
O salão aéreo de Zhuhai, que vai começar nesta terça-feira, também
apresentará a recém-criada Aero Engine Corp. of China, que tem planos de
fabricar motores para aviões.
Um representante da Airbus preferiu não comentar e a Boeing não respondeu a um e-mail em busca de comentários.
A COMAC deu início às pesquisas e ao desenvolvimento do C919 em 2008, logo após a criação da companhia.
A missão era realizar o sonho de construir e colocar no ar uma grande
aeronave comercial — saudada como a “flor” e a “pérola” da fabricação
moderna e a encarnação da posição tecnológica do país.
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