Envolvido em uma polêmica com a equipe econômica do governo após
criticar a nova taxa de juros proposta para o Banco Nacional de
Desenvolvimento (BNDES), a Taxa de Longo Prazo (TLP), o presidente do
banco de fomento Paulo Rabello de Castro conclamou o empresariado a
tomar a dianteira da retomada do crescimento uma vez que “o aparelho do
Estado está constrangido por um teto de gastos”.
“O empresário não pode esperar a máquina pública destravar.
Tem que arrombar a porta da máquina pública. Não podemos esperar que o
setor público venha resgatar o setor privado. O aparelho do Estado está
constrangido por um teto de gastos. Não nos iludamos: a viúva está
pobre, a festa acabou”, disse Rabello em debate na cerimônia de posse
dos conselheiros da Associação Comercial do Rio.
Rabello disse que acredita no crescimento porque o Brasil não
tem mais os problemas dos anos 70, tem reservas internacionais de US$
370 bilhões e, assim, descolou a economia da política. “Não temos o
direito de achar que nós não vamos mais resgatar o crescimento”, disse.
Habituado a frases de efeito, o presidente do banco disse que
se sente no BNDES um “banqueiro por um dia” e um “presidente diarista”.
“Em um dia limpo a mesa e no dia seguinte não tem nada no Diário
Oficial, então continuo no banco”, brincou. Na semana passada dois
diretores do banco pediram demissão em reação às críticas de Rabello à
TLP, aprovada na gestão de Maria Silvia Bastos Marques.
O economista saiu em defesa do BNDES, afirmando que o banco é
articulador e fomentador do crédito de forma que seja concedido sem
ágio. Segundo ele, as prioridades são a inovação e buscar a
interiorização vertical do desenvolvimento. A ideia é redescobrir o que
chamou de empresário anônimo, pequenos e médios do interior, a quem o
banco sim privilegiará com seus subsídios.
Segundo ele o papel do BNDES é importante porque os bancos
privados não sabem mais emprestar, já que estão rolando a dívida
interna. “Mas o Brasil não come juros, come alimentos, serviços”, disse.
Rabello também afirmou que o BNDES é um banco ético e limpo.
“Tem gente que trabalha direito e o Tribunal de Contas da União (TCU)
não precisa ficar no pé”, afirmou. O TCU fará uma auditoria para
analisar possíveis irregularidades em empréstimos do banco. “Brasil não
precisa de babá, muito menos vestida de preto, para poder trabalhar
bem”, afirmou. (- mariana.durao@estadao.com)
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