O grupo sucroalcooleiro Infinity Bio-Energy - controlado pela Tinto
Holding, do empresário Natalino Bertin - teve a falência decretada pelo
juiz Marcelo Barbosa Sacramone, da 2ª Vara de Falências e Recuperações
Judiciais do Tribunal de Justiça de São Paulo, conforme decisão
publicada ontem no Diário Oficial.
Natalino Bertin foi condenado por lavagem de dinheiro na Operação Lava-Jato, mas teve sua pena prescrita pelo juiz Sérgio Moro.
A companhia estava em recuperação judicial desde 2009, ainda antes de
Bertin assumir seu controle, e no ano passado reduziu parte de sua
dívida de R$ 2 bilhões ao passar duas de suas seis usinas a credores. A
unidade Usinavi, em Naviraí (MS) foi assumida pelas gestoras Amerra e
Carval, enquanto a Ibirálcool, em Ibirapuã (BA), ficou com a Amerra. Com
isso, o endividamento da Infinity recuou para menos de R$ 1 bilhão.
Tais dívidas, porém, não estavam sendo pagas, conforme prevê o plano
de recuperação. As outras quatro usinas do grupo continuaram sem operar
nem gerar nenhuma receita. De acordo com informações dos autos, a
empresa mantém em seu quadro de funcionários apenas seguranças, para
evitar roubos nas unidades.
De acordo com o plano aprovado no ano passado, três dessas usinas, a
Alcana, localizada em Nanuque (MG), a Disa, em Conceição da Barra (ES), e
a Cridasa, em Pedro Canário (ES) - também deveriam ter sido vendidas.
Contudo, o processo ficou paralisado porque os credores não retiraram o
gravame da alienação fiduciária.
A primeira usina a ser alienada seria a Disa, para pagar cerca de R$
30 milhões aos credores trabalhistas, seguida das demais. Após o
pagamento a esses credores, os recursos levantados com os leilões seriam
destinados, em sequência, aos credores extraconcursais e concursais.
Porém, a Infinity não constituiu sociedade para a formação de uma
unidade produtiva isolada (UPI) para os ativos da Disa dentro do prazo.
Com isso, a empresa deixou de pagar os credores trabalhistas, perdendo o
prazo em 25 de maio.
Também não foram pagos R$ 341.877 de dívidas com credores
extraconcursais (não submetidos à recuperação), que no total têm R$ 177
milhões a receber.
O plano ainda previa que a Infinity ficaria com a usina Cepar,
localizada em São Sebastião do Paraíso (MG) e com os canaviais da
Cridasa para manter sua atividade econômica. As unidades deveriam ter
sido arrendadas, mas os contratos não foram firmados.
Essas quatro unidades, porém, estão há muito tempo sem operar, com
indústria e canaviais em deterioração. As usinas Cepar, Cridasa e Alcana
não operam desde a safra 2013/14, e Disa não mói mais cana desde meados
de 2015/16.
Questionada pelo juiz, a empresa informou nos autos que não possuía
recursos para realizar os pagamentos e que seu único plano de atuação
para quitar seus créditos seria a alienação das usinas.
A decisão judicial pode ser contestada em segunda instância. Porém, a
falência pode facilitar a venda das unidades, segundo fontes que
participaram da recuperação.
Agora, as usinas do grupo passarão para uma massa falida, a ser administrada pela Deloitte
(Assessoria de Comunicação, 13/7/17)
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