Hirotake Yano, um dos primeiros lojistas do Japão a adotar o modelo de preço único, não teve uma trajetória retilínea até o empreendedorismo
Hong Kong/Tóquio – A venda de itens do dia a dia para
caçadores de pechinchas tornou o fundador da maior loja de desconto do
Japão bilionário.
Hirotake Yano, fundador e presidente da empresa de capital fechado Daiso Sangyo,
que se autodenomina “país das maravilhas das compras”, foi um dos
primeiros lojistas do Japão a adotar o modelo de preço único e usou a
estratégia para construir um patrimônio líquido que o Índice Bloomberg
Billionaires avalia em US$ 1,9 bilhão.
“O tempo dele foi perfeito”, disse por e-mail Pascal Martin, sócio da
OC&C Strategy Consultants. “Abriu a primeira loja de ‘tudo por 100
ienes’ em 1991, alguns anos depois do estouro da bolha econômica
japonesa, que foi o início de uma profunda mudança na cultura de consumo
do Japão.”
Yano, de 74 anos, não quis comentar sobre sua fortuna, segundo uma porta-voz da Daiso.
A trajetória de Yano até o empreendedorismo não foi nem um pouco retilínea.
Depois de se formar pela Universidade Chuo, em Tóquio, navegou por
vários empregos diferentes, como o comando da empresa de pesca de seu
sogro até a falência do estabelecimento, segundo o site da Daiso. Empreendedorismo é inspiração:
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Yano começou a vender mercadorias na traseira de um caminhão em 1972 e
teve a ideia de começar a cobrar 100 ienes por todas as mercadorias
para economizar o tempo que levava etiquetar os itens. O empresário
incorporou a Daiso, cuja tradução é “criar algo grande”, em 1977.
Salários estagnados e economia em desaceleração causaram uma mudança
fundamental entre os consumidores japoneses nas últimas décadas,
incentivando-os a buscar uma compensação maior para seu dinheiro.
Foi uma dádiva para o setor de varejo do país, cuja receita anual
totaliza cerca de 600 bilhões de ienes (US$ 5,4 bilhões), segundo
relatório para clientes do UBS divulgado em março do ano passado.
Daiso, a maior do setor, opera mais de 3.150 lojas no mercado
doméstico e 1.800 no exterior. A varejista, que tem sede em Hiroshima,
teve receita de 420 bilhões de ienes no exercício encerrado em março
deste ano, comparados aos 81,8 bilhões de ienes em 1999.
A ação da Seria, segunda maior varejista de desconto do Japão, já
subiu 39 por cento neste ano, valorizando a participação de 37 por cento
de Hiromitsu Kawai e sua extensa família, atualmente avaliada em US$
1,3 bilhão.
Kawai, que fundou a empresa da cidade de Ogaki em 1987, transferiu o
controle para o sobrinho Eiji Kawai, que entrou no negócio como
diretor-gerente em 2003 e foi nomeado presidente em junho de 2014.
Masanori Kobayashi, porta-voz da Seria, confirmou a participação da família, mas não comentou sobre a fortuna do grupo.
A Daiso vende cerca de 70.000 utensílios domésticos, uma coleção
pouco convencional que inclui patins de dedo, cabeças de manequim,
dinheiro falso, roupas para animais de estimação, meias para pés de
cadeiras e bolsas para guardar livros de história em quadrinhos.
A receita da varejista subiu 6,3 por cento neste ano fiscal de 2017, em comparação com o crescimento de 11 por cento da Seria.
Yano atribui seu sucesso a uma astuta fonte de produtos, que permite à
Daiso oferecer itens de alta qualidade juntamente com artigos
necessários e peculiares, todos por 100 ienes cada, o equivalente a US$
1.
Sua equipe de compras negocia diretamente com os fabricantes para
encomendar grandes quantidades a preços baixos, estratégia semelhante à
usada pelo Wal-Mart, maior varejista do mundo, com sede em Bentonville,
Arkansas, nos EUA.
Embora a economia do Japão esteja florescendo — cinco trimestres
consecutivos de crescimento, o maior período de expansão em uma década
–, o desejo de barganhas continua firmemente enraizado na mente dos
consumidores.
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