Segundo fontes, os sócios da usina fizeram uma lista de "sete problemas" a serem resolvidos, a maior parte referente a disputas regulatórias e judiciais
São Paulo – Negociações iniciais dos sócios da enorme hidrelétrica de Belo Monte
para vender participações na usina no Pará a investidores chineses
esfriaram e devem ser retomadas apenas após uma solução para alguns
problemas que geram riscos ao empreendimento, disseram à Reuters três
fontes com conhecimento do assunto.
Segundo uma das fontes, os sócios da usina fizeram uma lista de “sete
problemas” a serem resolvidos, a maior parte deles referente a disputas
regulatórias e judiciais, antes de voltar à mesa para negociar o ativo.
“A ideia é alinhar esses problemas regulatórios para em seguida começar um movimento mais forte para a venda”, disse essa fonte.
Atualmente em construção no rio Xingu e prevista para ser uma das
maiores hidrelétricas do mundo quando concluída, Belo Monte chegou a ser
oferecida à chinesa Zhejiang Electric Power Construction (ZEPC),
disseram duas das fontes, mas as conversas não avançaram, em parte
devido a desentendimentos sobre valores.
A ideia é que avanços nas discussões regulatórias elevem o valor que
pode ser obtido com a venda do empreendimento, que está orçado em mais
de 35 bilhões de reais e tem como principais sócios a estatal
Eletrobras, as elétricas Neoenergia, Cemig e Light, a mineradora Vale e
os fundos de pensão Petros e Funcef.
“Esses ativos muito grandes, quando têm muitos riscos associados e
muitas incertezas… às vezes você chega em um ‘deal-breaker’. Há
divergências (de preço) e é melhor arrumar um pouco a casa e esperar um
cenário mais limpo de riscos para a venda”, explicou outra fonte.
A busca por interessados em Belo Monte foi iniciada por parte dos
sócios ainda no final do ano passado, em meio a problemas financeiros de
alguns deles, como Eletrobras e Cemig, que anunciaram planos de venda
de ativos para reduzir dívidas, e dos fundos de pensão, que enfrentaram
déficits bilionários nos últimos anos por problemas em alguns
investimentos.
Procuradas, Eletrobras, Cemig, Light, Vale e Petros não quiseram
comentar. Funcef, Neoenergia e Norte Energia não responderam a pedidos
de comentário. A ZEPC também não se manifestou.
Os impasses
Um dos impasses associados à hidrelétrica é um processo
administrativo da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que cobra
de Belo Monte a compra de energia no mercado para compensar um atraso
na entrada em operação de suas turbinas.
Atualmente, uma decisão judicial livra a usina de uma pesada conta
por esse atraso, enquanto os acionistas aguardam o julgamento de um
recurso pelo Ministério de Minas e Energia.
Belo Monte também tem buscado um comprador para uma fatia de 30 por
cento de sua produção que ainda não foi comercializada, mas fechar um
bom negócio com essa eletricidade tem se mostrado um desafio para os
sócios em meio a um mercado com sobra de oferta após a redução da
demanda com a crise econômica do país.
Está no radar ainda o risco de a usina ter a produção limitada a
partir da reta final deste ano, no caso de um possível atraso nas obras
da linha de transmissão que está sendo construída para conectá-la ao
sistema elétrico.
Como se não bastassem esses fatores, Belo Monte também está no alvo
de investigações, após denúncias sobre o pagamento de propinas a
partidos políticos no empreendimento, confirmadas por apurações internas
da Eletrobras.
Atualmente a usina opera com cerca de 3,8 mil megawatts em
capacidade, o que já a coloca entre as maiores do Brasil. Quando
concluída, em 2019, a usina terá 11,2 mil megawatts, o suficiente para
atender à demanda de 60 milhões de consumidores.
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