Gleisi Hoffmann informou que o Tesouro fará aportes individuais e específicos em cada trecho
A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, informou que o Tesouro
Nacional fará aportes individuais e específicos em cada trecho de
ferrovia a ser leiloado no programa federal de concessões. O objetivo é
reforçar as garantias aos investidores e atrair mais concorrência aos
leilões que, "se for possível", ocorrerão neste ano. A sucessora da
estatal Valec, batizada Empresa Brasileira de Ferrovias (EBF), oferecerá
valores robustos de aval e garantia para cada lote licitado.
Os recursos serão alocados de acordo com um cronograma anual definido
com antecedência pelo governo. Os lotes considerados prioritários,
segundo Gleisi, são Açailândia-Vila do Conde e Lucas do Rio Verde-Uruaçu
e Campinorte. "Vamos deixar claro a capacidade dela e as garantias do
Tesouro Nacional", afirmou. "A discussão é fazer aportes por trechos.
Isso garantiria melhor o trecho".
O governo já anunciou aporte de R$ 15 bilhões na Valec, para que possa
comprar 100% da capacidade de carga das ferrovias, como prevê o modelo.
No entanto, o mercado tem dúvidas sobre se esse recurso estará mesmo
disponível ao longo dos 30 anos da concessão.
A ideia, disse Gleisi, é destinar fatia dos recursos da Valec para cada
trecho ferroviário. "Vai lançando por trecho. Não precisa aportar R$ 15
bilhões ou R$ 20 bilhões. Vai depender do cronograma da obra". O
principal, segundo ela, é deixar claro a função da nova Valec de
comprar, vender e de pagar subsídio ao concessionário (caso ela não
consiga revender a capacidade de carga que comprou).
A alteração é uma resposta aos diversos questionamentos de investidores
e do Tribunal de Contas da União (TCU) em relação à capacidade da
estatal que garantirá a demanda nas ferrovias. "Nos perguntavam: qual é a
garantia que a Valec, uma empresa dependente (do Tesouro), vai dar? E
se resolve contingenciar (os recursos do Orçamento), como vai ser essa
venda?" O objetivo é deixar claro que estatal pode operar em situação
deficitária. "Ou seja, pode subsidiar esse trecho".
Para reafirmar a opção do governo pelo modelo em que a empresa
sucessora da Valec será fundamental, a nova estatal terá quadro próprio
de servidores, bons salários, gestores e executivos profissionais.
"Vamos criar outra estrutura, dando melhores condições de gestão
operacional. A ideia é profissionalizar, fortalecer. Estamos propondo
construir 11 mil km de ferrovia. Essa é a primeira parte e exige empresa
profissionalizada", disse Gleisi.
O governo não definiu ainda se fará as alterações por medida provisória
ou projeto de lei no Congresso. Mas sabe que terá de costurar amplo
acordo com líderes partidários para acelerar o processo. As informações
são do jornal O Estado de S. Paulo.
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