Investidores,
advogados e executivos assistem à queda das fusões e aquisições no
Brasil — que se intensificou em 2012, chegando a níveis muito baixos em
2013 — com uma perspectiva: o próximo movimento é para cima. Para a
maioria dos envolvidos no mercado do chamado M&A, os negócios vão
aumentar nos próximos 12 meses. Essa é a opinião de 52% dos
entrevistados em pesquisa feita pela consultoria Mergermarket. Para 47%,
o aumento vai ser suave, para 5%, vai ser significativo. O restante
acredita que os níveis vão se manter (32%) ou cair levemente (16%).
Ninguém acredita em uma queda acentuada.
As negociações girarão,
em média, entre os US$ 101 milhões e os US$ 250 milhões, apostam 60% dos
investidores, executivos e advogados que responderam à pesquisa
encomendada pela Merrill Datasite, que ouviu 75 grandes players do
mercado.
A diminuição de negócios nos últimos meses tem
atrapalhado a vida dos escritórios. Grandes bancas, inclusive, cogitam o
remanejamento de equipes do chamado M&A. Com a economia estagnada,
setores como o de reestruturação têm tido uma procura maior e, assim,
espaço para alocar especialistas de outras áreas para planejar, por
exemplo, vendas de ativos.
Em 2010, as fusões e aquisições no
Brasil movimentaram US$ 90 bilhões. Já em 2012, a quantia ficou abaixo
dos US$ 60 bilhões. Nos três primeiros trimestres de 2013, não chegaram
ao patamar dos R$ 40 bilhões — foi registrada uma queda de 8,7% no
primeiro semestre em relação ao ano anterior.
Quem entende de
fusões e aquisições, porém, está otimista. Como o Brasil é um mercado
muito grande, em termos absolutos, o investidor não se afasta do país
facilmente. Índia, China e Rússia, em comparação ao Brasil, têm níveis
de segurança mais baixos, e os vizinhos são pequenos demais para quem
quer investir no mercado de bens de consumo. Essa foi a conclusão dos
especialistas presentes no lançamento da pesquisa.
A exposição
otimista foi feita por Pedro Whitaker de Souza Dias, sócio do Mattos
Filho; Ricardo Veirano, sócio do Veirano Advogados; Ana Paula de Castro,
vice-presidente do Merrill Datasite para a América Latina; Rafael
Grisolia, diretor da Inbrands; Renato Boranga, diretor do Credit Suisse;
e Melissa Magnus, do BNP Paribas.
Entre os principais desafios
apontados para que a indústria de bens de consumo traga mais
investidores está o fato de ela ainda ser muito pulverizada, com foco
muito familiar e pouca profissionalização. "Por ser um setor não
regulado, essas empresas têm um ranço de informalidade, como manter
empregados sem registro e não investir em balanços auditados", explica
Pedro de Souza Dias. Isso, explica o advogado, faz com que as empresas
não estejam 100% prontas para serem negociadas, aumentando o chamado
custo Brasil.
Os profissionais da área são intolerantes e
impacientes com o que se convencionou chamar de custo Brasil, mas há
grandes reduções na insegurança de investidores, afirma Ricardo Veirano.
Normas como a Lei de Arbitragem e a Lei de Recuperação Judicial
elevaram o Brasil a um patamar atrativo para estrangeiros.
Os
estrangeiros têm dificuldades, porém, em enfrentar a burocracia
brasileira. É injustificável, diz Veirano, que culpemos as colonização
por termos a cultura da burocracia e, em 500 anos, não tenhamos nos
livrado desse fardo. "Precisamos juntar advogados, entidades como o Cesa
[Centro de Estudos das Sociedades de Advogados], grupos da sociedade e
apresentar um modelo ideal de burocracia", conclama.
visão otimista
visão otimista
O que esperar do mercado de fusões e aquisições no próximo ano
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Qual será o valor mais comum das fusões e aquisições no próximo ano
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