São Paulo – Não é de hoje que a 
Operação Lava Jato
 tem revelado quer o esquema de corrupção que envolve políticos e 
funcionários públicos vai muito além dos limites da Petrobras. Prova 
disso é a fase deflagrada hoje pela 
Polícia Federal (PF).
 
Batizada de “O Recebedor”, a operação desta sexta revela que pagamentos 
de propina foram feitos para a construção das ferrovias Norte-Sul e 
Integração Leste-Oeste.
Em suma, o rumo das investigações da polícia aponta para um caminho de 
corrupção generalizada, em que o esquema de fraudes em estatais tenha 
sido apenas o ponto de partida – ou a ponta do iceberg.
No ano passado, o próprio juiz federal 
Sérgio Moro,
 responsável pelos processos e ações penais da Lava Jato, chegou a dizer
 que todo o esquema de fraude à licitação e propina “vai muito além da 
Petrobras”. 
 
Abaixo, você vê alguns dos desdobramentos da operação Lava Jato.
 
Operação “O Recebedor”
Manoel Marques/Veja
 
Hoje, os agentes da PF cumpriram 44 mandados de busca e apreensão e sete
 de condução coercitiva nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, 
Maranhão, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal e Paraná. 
Só em Goiás, o desvio detectado foi superior a 630 milhões de reais para a construção de alguns trechos da Ferrovia Norte-Sul. 
De acordo com a PF, o dinheiro ilício para a construção da ferrovia foi 
obtido em um esquema de lavagem de dinheiro por meio do superfaturamento
 de obras públicas. 
Além disso, a investigação constatou que as empreiteiras faziam 
pagamentos regulares a um escritório de advocacia por meio de contratos 
simulados que serviam como fachada para maquiar o dinheiro ilício 
proveniente das fraudes.
 
Operação Crátons
Reprodução/Youtube
 
No dia 8 de dezembro do ano passado, a PF constatou que uma organização 
criminosa (composta por empresários, advogados e indígenas)  financiava  o 
 comércio  e  a exploração  ilegal de diamantes no “Garimpo Lange, terra de
 posse exclusiva da etnia dos índios cinta-larga, em Rondônia.
As investigações da Polícia partiram de informações sobre a atuação de 
Carlos Habib Chater, o primeiro doleiro preso da Lava Jato, em março de 
2014.
Ao menos 200 agentes foram responsáveis por cumprir os 90 mandados 
judiciais nos estados de Rondônia, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas 
Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Mato Grosso e Pará.
 
Operação Radioatividade
INFO
Obras de Angra 3: usina deverá usar 70% de material nacional para a construção
 
A Radioatividade foi outra operação braço da Lava Jato que acendeu uma luz aos olhos da PF. 
Em julho de 2015, as investigações chegaram à Eletronuclear, estatal 
controlada pela Eletrobras que é quem cuida da energia nuclear e das 
usinas brasileiras em Angra dos Reis (RJ).
Desta vez, o alvo da polícia foi no presidente da Eletronuclear, Othon 
Luiz Pinheiro, que teria recebido ao menos 4,5 milhões de reais em 
propina. 
O dinheiro ilícito, coletado por contratos de fachada, teria sido usado para a construção da obra da Usina Angra 3. 
Entre as empresas responsáveis pelas obras de Angra 3 (e possivelmente 
envolvidas no esquema) estão a UTC, Odebrecht, Andrade Gutierrez, 
Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Techint, EBE e Engevix.