A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (25) a sexta etapa da Operação Zelotes, que investiga um esquema de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Entre os alvos desta nova fase está a Gerdau, que teria sonegado, segundo a PF, R$ 1,5 bilhão em impostos. Ainda de acordo com a investigação, a empresa teria celebrado contratos com escritórios de advocacia e consultoria que atuaram de maneira ilícita manipulando andamento, distribuição e decisão Carf.
Pela manhã, a PF realizou operações de busca e condução coercitiva na sede e na usina siderúrgica da Gerdau, em Porto Alegre e Sapucaia do Sul (RS), respectivamente, além de quatro endereços residenciais na região metropolitana. Ao menos três pessoas foram levadas a prestar depoimento.
Em São Paulo, o presidente executivo do grupo, André Gerdau, foi ouvido pela PF nesta tarde. O advogado criminalista do Grupo, Arnaldo Malheiros, declarou que André "esclareceu que a empresa não sonegou nada, apenas recebeu autos de infração e recorreu na forma da lei. E não teve êxito nenhum até agora". Malheiros acrescentou: "Se houve alguma coisa por parte dos advogados, ele [André] acha estranho, uma vez que o único caso julgado em definitivo foi contra a Gerdau".
O advogado também informou que, no depoimento, foram feitas perguntas sobre a "organização interna do Carf", as quais André Gerdau disse não ter qualquer conhecimento. Malheiros esclareceu que o empresário "não contratou ninguém para corromper ninguém. Contratou consultorias para auxiliar na exposição de argumentos, dos fatos, era uma causa de valor muito grande. A linha da empresa foi a de se cercar da melhor assessoria possível". Segundo o defensor,  a Gerdau não constatou internamente nenhum indício de que os advogados contratados para atuar no Carf estivessem envolvidos em atos de corrupção.
Em comunicado pela manhã (leia aqui), a Gerdau, além de confirmar as buscas da PF em suas instalações, negou o envolvimento em qualquer tipo de ilegalidade e informou estar “colaborando integralmente” com as investigações. Na nota, a empresa revela que “possui rigorosos padrões éticos na condução de seus pleitos junto aos órgãos públicos” e reitera:" com base em seus preceitos éticos, a Gerdau não concedeu qualquer autorização para que seu nome fosse utilizado em pretensas negociações ilegais, repelindo veementemente qualquer atitude que possa ter ocorrido com esse fim”.
No total, a sexta etapa da Zelotes cumpriu 40 mandados, sendo 18 de busca e apreensão e 22 de condução coercitiva nos Estados de Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Pernambuco, além do Distrito Federal.