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Alerta Fitch: crise de crédito no Brasil tende a se aprofundar
Ben Bartenstein e Filipe Pacheco, da Bloomberg
São Paulo - Em mais de duas décadas cobrindo o Brasil, Joe Bormann, diretor da Fitch Ratings, disse nunca ter visto as empresas do país em uma situação tão difícil.
Para avaliar a que ponto a situação chegou, considere o seguinte: a
Justiça brasileira concedeu mais de 5.500 recuperações judiciais em
2015, número total mais elevado desde 2008, segundo a empresa de
avaliação de crédito Serasa Experian, com sede em São Paulo.
O mais acentuado período de recessão do Brasil em mais de um século, com
dois anos seguidos de forte retração do PIB, e a queda dos preços das
commodities estão deixando as empresas de setores como o de siderurgia e
de companhias aéreas sob maior risco de calote, segundo a Fitch.
E há mais dificuldades por vir para a maior economia da América Latina
diante de um cenário de aumento dos juros, prevê Bormann, que
supervisiona uma equipe de 60 analistas responsáveis pela classificação
de mais de 500 empresas na região.
“Esta é uma legítima crise de crédito”, disse ele.
Nenhuma empresa brasileira recebeu financiamento nos mercados
internacionais de bonds desde junho, em um cenário em que o escândalo de
corrupção sem precedentes na Petrobras e rebaixamentos nas
classificações de crédito levaram os investidores a evitarem os ativos
financeiros do país. No ano passado, a Fitch e a Standard & Poor’s
cortaram a classificação dos bonds do Brasil para junk.
“Nada melhorou”, disse Wilbert Sanchez, sócio-fundador e diretor-gerente
da TCP Latin America, empresa financeira de São Paulo. “E no momento
elas [empresas] estão simplesmente jogando a toalha”.
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