O frigorífico estava em processo para criar uma holding que concentraria seus negócios internacionais. Mas o projeto foi vetado pelo sócio BNDESPar
São Paulo – Com o cancelamento do processo para concentrar seus negócios internacionais em uma holding, vetado nesta quarta-feira (26) pelo BNDESPar, a JBS pode retomar os planos de abrir o capital de subsidiárias.
Em teleconferência com analistas, o presidente da empresa, Wesley
Batista, disse que não vai se comprometer, mas que essa é uma das opções
estudadas.
“Não estou dizendo que vamos seguir esse caminho, mas claramente está
dentro do rol de alternativas. Mas também tem outras, não quero
especular”, disse.
No passado, o frigorífico já tinha cogitado fazer o IPO da unidade
que tem nos Estados Unidos, a JBS USA, e da Seara (antiga JBS Foods).
Segundo Batista, a reorganização
dos ativos havia sido proposta, principalmente, porque a “soma das
partes da companhia dá um valor infinitamente superior ao que está
refletido seu valor total hoje”.
Com a abertura de capital, as subsidiárias poderiam ter seus valores
individuais melhor definidos para compor a empresa como um todo,
afirmou.
Mirando investimentos
Pela reestruturação, a JBS seria criaria uma nova companhia com sede na Irlanda, que abarcaria as operações no exterior e a Seara, chamada JBS Foods International.
Os negócios de carne bovina locais, de biodiesel, colágeno, couro e a
transportadora seguiriam na JBS S/A, que passaria a se chamar JBS
Brasil.
Um dos objetivos da mudança era conseguir mais acesso a investidores e recursos financeiros.
Proposta rejeitada
O plano foi rejeitado pelo BNDESPar,
braço de participações do banco de fomento, que detém 20,36% das ações
do frigorífico. A possibilidade de veto está contemplada no acordo de
acionistas, vigente até 2019.
Batista evitou detalhar os motivos da decisão, que classificou como
“desapontadora”. Ele disse apenas que o banco analisou bastante e
entendeu que “a reorganização, como está proposta, não é o melhor movimento para a companhia”.
O executivo deu a entender que as mudanças ocorridas no BNDES, que
trocou de comando quando Michel Temer assumiu a presidência, podem ter
influenciado o processo de alguma forma.
Ele disse que foram realizadas diversas reuniões para discutir os
caminhos que a JBS pode seguir no futuro, mas que o sócio não colocou
nenhuma sugestão específica na mesa.
“Tivemos mudanças de conselheiros que representam o banco, o banco
teve mudança no time que faz as análises… Fica difícil para o BNDES
sugerir [uma nova proposta] porque ele está na curva de entendimento e
conhecimento do que a JBS é”, afirmou.
Apesar do desvio nos projetos, Batista acredita que a empresa ainda tem força para crescer.
“A companhia chegou até onde chegou com a estrutura atual. Estávamos
confiantes de que [a reestruturação] geraria valor, mas vamos continuar
buscando alternativas”, colocou.
Batista mencionou como fatores positivos o aumento do consumo de
proteína no mundo, o fato de o frigorífico ter duas plataformas
importantes nos Estados Unidos (onde a economia vai bem), e a melhora do
cenário brasileiro.
“Acreditamos que a fase mais árdua [no país] está ficando para trás.
Estamos assistindo à recuperação da bolsa, da confiança, o que traz um
cenário positivo para 2017”.
Procurado para comentar, o BNDES não enviou posicionamento até a publicação desta matéria.
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