DE SÃO PAULO
Uma trapalhada de agentes de inteligência do Brasil que vigiavam espiões
americanos quase gerou uma crise de contornos internacionais.
O episódio, ocorrido no Rio em 2009, envolveu oficiais da Abin (Agência
Brasileira de Inteligência) e da CIA (agência de inteligência dos EUA), e
ainda incluiu Polícia Federal.
A confusão, segundo a Folha apurou, foi provocada por um dos mais
primários erros em qualquer serviço secreto: deixar que o alvo perceba
que está sendo monitorado.
No caso, os americanos Alejandro Nuñez e Guillermo de las Heras, então
lotados no consulado dos EUA no Rio. O primeiro chegou em 2006, como
funcionário administrativo. O outro veio um ano depois e, no registro do
Ministério das Relações Exteriores, aparece apenas como um dos cônsules
do corpo diplomático.
Na prática, eram oficiais da CIA em atuação no Brasil. Numa ação de
contrainteligência, agentes da Abin passaram a monitorar a rotina e os
deslocamentos dos dois.
Em 2009, desconfiados de que eram seguidos por criminosos e temendo
sequestro, Nuñez e De las Heras procuraram o Departamento de
Inteligência da Polícia Federal, órgão no qual os oficiais mantinham
contatos regulares.
Com a cooperação deles, a polícia armou uma blitz. Na abordagem, a
surpresa: a dupla que seguia os americanos em um carro era da Abin. Um
policial que participou da operação e pediu para não ser identificado
disse que os agentes foram levados para uma delegacia, e logo liberados.
O caso foi abafado pelo governo brasileiro. Além do temor de crise
diplomática, evitava-se acirrar as tensões entre PF e Abin. À época, a
relação entre as instituições estava desgastada por causa da Operação
Satiagraha -questionada pela participação de agentes de inteligência,
considerada irregular. Após o episódio, os agentes americanos da CIA
deixaram o Brasil.
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