Divulgação/Pague Menos
Francisco Deusmar Queirós: fundador da Pague Menos espera faturar R$ 5 bilhões neste ano
São Paulo - “Do Oiapoque ao Chuí, remédio barato é aqui". Esse é o lema do fundador e presidente das drogarias Pague Menos, Francisco Deusmar Queirós.
O executivo se orgulha de ter levado a empresa cearense a todos os estados brasileiros e ao Distrito Federal.
Na próxima segunda-feira (5), a rede inaugura sua loja de número 800. O 
plano de expansão orgânica é agressivo e começou em 2012 com a meta de 
alcançar 1.000 pontos de venda até 2017. São 90 novas unidades a cada 
ano, uma média de quase 2 por semana.
No ano passado, o faturamento da rede foi de 4,3 bilhões de reais e as previsões para este ano não são modestas.
Em entrevista a EXAME.com,
 Queirós, falou sobre os projetos da Pague Menos e sobre o momento 
econômico difícil que o país atravessa. Confira os principais trechos da
 conversa. 
EXAME.com - A Pague Menos vai inaugurar no próximo dia 5 a sua 
loja de número 800. Quantas já foram abertas neste ano? Qual a meta de 
expansão?
Deusmar Queirós - Desde 2012, temos um projeto de 
atingir 1.000 lojas até 2017. Fechamos o ano passado com 738 e vamos 
terminar 2015 com 828. No ano que vem, serão 918. Vamos bater a meta. 
Atualmente, temos 62 unidades em construção. Algumas delas serão 
entregues ainda neste ano, outras no próximo.
No ano passado, inauguramos um centro de distribuição em Goiânia, com 
uma área de armazenagem de 400.000 metros cúbicos, o maior da América 
Latina para o setor.
Com ele, vamos expandir a nossa atuação nas regiões Sudeste e Sul. Hoje,
 estamos mais presentes no Nordeste, Norte e Centro-Oeste.
EXAME.com - Quantas contratações serão feitas com a abertura dos novos pontos?
Deusmar Queirós - Até o fim de 2015, vamos gerar 2.000 empregos. Hoje temos 19.000 funcionários.
EXAME.com - De quanto foi o investimento para a abertura de lojas em 2015?
Deusmar Queirós - Investimos em torno de 120 milhões de
 reais não só em novas unidades, mas também em reformas e novas 
tecnologias, como softwares para relacionamento com o cliente.
EXAME.com - Como a Pague Menos consegue manter planos tão agressivos mesmo em um momento de crise?
Deusmar Queirós - Nosso segmento não sente tanto os 
efeitos da crise. Os economistas generalizam dizendo que está ruim para 
todo mundo, mas não é bem assim.
Quando se fala que o PIB brasileiro vai cair 2% neste ano, isso quer 
dizer que alguns setores vão cair até mais que isso, mas outros vão 
crescer. Nós estamos nesse segundo bloco. E também temos foco e um time 
bem treinado.
EXAME.com - Quanto a Pague Menos já pôde sentir da crise? Qual a expectativa de faturamento para este ano?
Deusmar Queirós - No ano passado, tivemos um 
crescimento de 17,71% ante 2013, com um faturamento de 4,378 bilhões de 
reais. Este ano esperamos um aumento um pouco menor, de cerca de 14%, 
com uma previsão de receitas de 5 bilhões de reais.
Mas, com esse cenário, crescer 14% já é muito bom, não é?
EXAME.com - E quais as expectativas de lucro?
Deusmar Queirós - No ano passado, nosso lucro líquido atingiu cerca de 3% do faturamento. Este ano, deve ficar em aproximadamente 2,8%.
EXAME.com - A empresa colocou o pé no freio em algum investimento?
Deusmar Queirós - Não, pelo contrário. Aqui é igual com
 a presidente, quando batemos a meta, dobramos a meta. Estamos colocando
 o pé no acelerador. É o que todos os empresários deveriam estar 
fazendo.
EXAME.com - Mas para isso é preciso ter dinheiro em caixa, e nem todas as empresas têm...
Deusmar Queirós - Não necessariamente, também dá para 
pedir empréstimos. O banqueiro também precisa da gente (risos). Meu 
conselho para outras empresas é: não tenham medo de dever (aos bancos), 
porque os juros vão cair.
EXAME.com - A Pague Menos fez financiamentos para sustentar seu programa de expansão?
Deusmar Queirós - A gente pede empréstimo, mas muito 
pouco. Não passa de duas vezes o nosso Ebitda (lucro antes de juros, 
impostos, depreciação e amortização).
O setor privado tem que ajudar a tirar o Brasil desta situação (de 
crise). Temos que fazer isso com o governo, sem o governo, ou apesar do 
governo.
EXAME.com - O que quer dizer com isso?
Deusmar Queirós - Por exemplo: a elite empresarial 
brasileira deveria para de reclamar e pagar a CPMF (Contribuição 
Provisória Sobre Movimentação Financeira) a 0,20% para que os programas 
sociais não sejam interrompidos. (A volta do imposto, extinto em 2007, é uma das medidas propostas no pacote de corte de custos e aumento de receita do governo).
Até 2007 a gente pagava isso a 0,38% e ninguém morreu. Vale a pena o 
empresariado se sacrificar para que o governo mantenha a Farmácia 
Popular, o Bolsa Família, o FIES, o Prouni, as UPAs.
A CPMF é cobrada sobre o faturamento. Se for preciso, estou disposto a 
sacrificar nosso lucro líquido para que os programas sociais continuem.
EXAME.com - Manter a Farmácia Popular é interessante para a 
Pague Menos. Quanto da receita da empresa vem dos subsídios desse 
programa?
Deusmar Queirós - É uma parcela pequena, de cerca de 2%
 do faturamento. A farmácia popular não dá lucro, mas se o consumidor 
está sadio, ele compra mais xampu, sabonete (produtos também vendidos 
pela Pague Menos). E se ele pode comprar remédio mais barato, sobra 
dinheiro para a roupa, o calçado. Movimenta toda a economia.
O Bolsa Família tirou 40 milhões de pessoas da miséria. Elas não podem voltar. O varejo cresceu por conta desse programa.
Além disso, sem a Farmácia Popular, vão aumentar as internações. E 
despesas hospitalares vão sair muito mais caro para o governo, é um tiro
 no pé.
Mas não estou dizendo isso porque estou preocupado em vender mais. Quero
 viver num país onde as pessoas tenham o mínimo de dignidade, onde sejam
 mais felizes.
E isso está acontecendo graças aos programas sociais. Quando eu era 
criança, no interior do Ceará, as casas não tinham banheiro. O 
hipertenso e o diabético morriam mais rápido, sem acesso a medicamento. 
Havia muitos analfabetos e hoje as pessoas vão para a universidade.
EXAME.com - E onde entra a responsabilidade do governo para solucionar a crise?
Deusmar Queirós - O governo deveria cortar os custos 
bilionários com o Congresso para um terço do que eles são hoje. Chega de
 passagem aérea e jatinho para parlamentares e ministros.
Também deveria direcionar as baterias para investimentos em 
infraestrutura. Mais estradas, ferrovias, portos e aeroportos. O Brasil 
precisa disso.
