domingo, 10 de novembro de 2013

Cachaça de gala


Para lançar a Yaguara, seus donos reuniram um time de especialistas renomados e fizeram parcerias com points da gastronomia mundial

Por Bruna BORELLI

Cachaça, limão, açúcar e muito gelo... Quem consegue resistir a uma caipirinha bem-feita? Criada no início do século 20, a mistura é a cara do Brasil e, na última década, virou sensação nos bares e restaurantes do mundo inteiro. Não é nenhuma novidade que os estrangeiros adoram tudo o que vem daqui – inclusive os brasileiros. Foi pensando nisso que três jovens empreendedores, os irmãos paulistas Thyrso e Thiago Camargo e o britânico Hamilton Lowe, se uniram a investidores privados para lançar a cachaça Yaguara. A bebida, produzida em Ivoti (RS), envelhecida em barris de carvalho, com 41,45º graus de teor alcoólico, já está à venda (R$ 90 a garrafa) no País desde o fim de outubro e deve chegar ao mercado internacional no início do ano que vem, de acordo com os sócios. 
 
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Destilado de luxo: a cachaça estará presente em restaurantes e hotéis de alto padrão,
como o paulista D.O.M. e o Copacabana Palace, no Rio de Janeiro
 
Com o lançamento da Yaguara, os irmãos Thyrso e Thiago transformaram em negócio uma tradição familiar iniciada pelo avô Serafim Meneghel, que produzia uma cachaça artesanal em Cambará (PR). O trio, cujos componentes ainda estão na categoria sub 30, recrutou para ajudá-los na empreitada um time de profissionais de renome, como Erwin Weimann, master blender brasileiro responsável pela curadoria da bebida, Brian Clarke, principal artesão do vidro no mundo, que projetou a garrafa, e sir Frank Lowe, publicitário premiado no Reino Unido e pai de Hamilton, para o conselho da Yaguara. Tudo para lapidar o produto e satisfazer consumidores no Exterior. 
 
Entre as parcerias internacionais estão os bares PDT e Dead Rabbit, de Nova York, o Experimental Cocktail Club, em Londres, o Candela Paris, na capital francesa, e o Bar Tram, em Tóquio. Por aqui, também há aliados de peso, como os restaurantes paulistanos Brasserie des Arts, D.O.M., Dalva e Dito (os dois últimos do chef Alex Atala) e os hotéis Copacabana Palace e Fasano, no Rio de Janeiro. A expectativa é comercializar 100 mil caixas de nove litros cada uma em até cinco anos. “Queremos estar nas metrópoles e nos estabelecimentos onde estão os formadores de opinião”, afirma Hamilton Lowe, que herdou do pai, que já gerenciou as contas mundiais de Heineken, Stella Artois, Mercedes e Reebok, o olhar aguçado para o marketing. 
 
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Do Brasil para o mundo: Thyrso Camargo Neto (à esq.), Hamilton Lowe, Thiago Camargo e o avô
Serafim Meneghel planejam comercializar 100 mil caixas de nove litros da bebida em cinco anos
 
Quem entende do assunto sabe do potencial que a cachaça tem de se transformar em algo mais sofisticado. O barman do badalado bar paulistano Número, Derivan de Souza, conta que hoje a bebida é vista como algo sofisticado, com a possibilidade de ser usada em drinques clássicos ou em novas misturas. “Isso faz com que a recepção da bebida pelos consumidores cresça cada vez mais”, diz. “A cada cinco coquetéis que sirvo, dois são feitos com cachaça”, afirma o italiano Fabio La Pietra, bartender chefe do paulistano SubAstor.

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