terça-feira, 12 de novembro de 2013

Imóvel no Brasil mais caro do que na Europa é normal, dizem especialistas


Executivos do setor comentam sobre blog que compara preços de apartamentos no Brasil e no Exterior. Facilidade de crédito e prazos de financiamento a perder de vista justificam alto valor, afirma Secovi

Por André JANKAVSKI

Um blog sobre o mercado imobiliário chamou atenção nas redes sociais nessa segunda-feira 11. Comparando apartamentos e residências à venda no Brasil com outros no Exterior, como nos Estados Unidos e França, o site "Tem algo errado ou estamos ricos?" destaca os preços praticados no País para imóveis nem tão luxuosos como os vistos lá fora.


 CORRETOR-DE-IMOVEIS-339.jpg
Dallas x São Paulo; St Potan (França) x Caçapava (SP) - site faz comparações dos mais diversos locais do País com o mundo
 
Utilizando anúncios de imobiliárias na internet, o criador compara, por exemplo, uma casa de quatro quartos e 280 m² em Dallas, no estado do Texas, nos EUA, com um imóvel de 260 m² localizado no bairro paulistano de Cidade Dutra, em São Paulo. Nos dois casos, com a conversão do dólar a R$ 2,30, o valor final é de R$ 540 mil. 
 
De acordo com o vice-presidente de Marketing do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Élbio Fernández Mera, é impossível comparar imóveis tão diferentes e de localidades distintas. "Achei criativa a iniciativa, mas os valores estão relacionados com a demanda de cada local", diz Mera. "Não faço ideia se esses lugares estão aquecidos como aqui."
 
Professor da FGV e especialista no setor, Samy Dana concorda que não se tem como tomar o preço final como critério para comparação, mas crê que os valores praticados no Brasil estão fora da realidade do País. “Nos Estados Unidos, por exemplo, as pessoas precisam trabalhar menos horas para pagar essa quantia”, afirma Dana.
 
O que justifica essa alta, segundo o Sindicato da Habitação, são as facilidades para se comprar um imóvel: financiamentos com prazos a perder de vista e taxas de juros menores do que as praticadas no início dos anos 2000. "Jovens estão deixando de comprar carros para adquirirem o primeiro apartamento", diz Mera, da Secovi-SP. 
 
Ainda de acordo com o Dana, existe a crença e a prática do "tolo maior" no Brasil, aquele que pensa que o custo só pode aumentar. "A pessoa sabe que está pagando caro, mas teme que o valor cresça ainda mais lá na frente", diz o especialista da FGV.
 
Apesar dos preços dos imóveis usados terem caído 14,88% em 2012, de acordo com o Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo, para o especialista, uma “bolha imobiliária” é possível. “Ninguém sabe da existência de uma até ela estourar”, afirma Dana, da FGV. Para a Secovi-SP, a realidade é muito mais estruturada do que as especulações. "Não existe nada de bolha, mas novos consumidores que antes não podiam sonhar em compra uma casa", diz Mera.
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário