quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Queda da OGX é alerta contra interferência de governo na Petrobras, diz 'FT'


Atualizado em  7 de novembro, 2013

Ao lado de Dilma, Eike Batista comemora início de produção de petróleo da OGX, em abril de 2012

Para o jornal, Eike Batista "não é o único no Brasil a sofrer de um ocasional excesso de confiança"

Um editorial publicado nesta quinta-feira pelo diário econômico britânico Financial Times afirma que a concordata da OGX, de Eike Batista, deveria servir de aviso para que o governo brasileiro pare de interferir tanto no setor de petróleo. 

Para o jornal, "o afundamento da OGX trouxe à tona a variedade de problemas que afetam a indústria do petróleo do Brasil". O diário observa que a OGX "não é a única companhia de petróleo que hoje sofre com endividamento alto e receita em baixa", lembrando que a Petrobras tem uma dívida que chega a "extraordinários" US$ 185 bilhões e que as ações da empresa caíram 30% nos últimos três anos.
O editorial afirma que "o governo só pode culpar a si mesmo por cortar as asas de uma indústria antes em ascensão". "O setor de recursos naturais é de fato um símbolo mais amplo da desaceleração de reformas que vem travando o Brasil desde que Dilma Rousseff se tornou presidente em 2011", afirma.

O texto observa que, após um hiato nos leilões de campos de petróleo entre 2008 e 2013, um leilão foi finalmente realizado neste ano, mas com regras que o jornal chama de "bizantinas", obrigando a Petrobras a operar qualquer campo na nova bacia, o que teria afastado muitas empresas estrangeiras do negócio.

'Perdas enormes'

Para o editorial, "a Petrobras não tem muito a ganhar com esse tratamento preferencial". "Ela precisa vender petróleo refinado abaixo de preços de mercado para ajudar a controlar a galopante inflação brasileira. As perdas para a companhia são enormes", comenta.

O Financial Times diz que "o governo está certo de demandar uma parcela dos tesouros escondidos abaixo do leito marinho". "Mas em vez de fazer uma microgestão da indústria, (o governo) deveria deixar as corporações de petróleo - domésticas e estrangeiras - prosperarem para então taxá-las para tomar uma porção de seus lucros", sugere o editorial. 

O jornal diz que, em um momento de "crescimento em queda", o Brasil não pode "se permitir perder seu status de Eldorado do petróleo da América Latina". O texto observa que "a supremacia do Brasil parece sob risco" enquanto o México promove uma "ambiciosa sacudida" em seu setor energético.

"Ainda não é tarde demais para mudar de direção, mas o governo precisa mostrar que aprendeu as lições da queda de Batista. Ele não é o único no Brasil a sofrer de um ocasional excesso de confiança", finaliza o editorial.

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