Atualizado em 7 de novembro, 2013
Um editorial publicado nesta quinta-feira pelo diário econômico britânico Financial Times
afirma que a concordata da OGX, de Eike Batista, deveria servir de
aviso para que o governo brasileiro pare de interferir tanto no setor de
petróleo.
Para o jornal, "o afundamento da OGX trouxe à
tona a variedade de problemas que afetam a indústria do petróleo do
Brasil". O diário observa que a OGX "não é a única companhia de petróleo
que hoje sofre com endividamento alto e receita em baixa", lembrando
que a Petrobras tem uma dívida que chega a "extraordinários" US$ 185
bilhões e que as ações da empresa caíram 30% nos últimos três anos.
O editorial afirma que "o governo só
pode culpar a si mesmo por cortar as asas de uma indústria antes em
ascensão". "O setor de recursos naturais é de fato um símbolo mais amplo
da desaceleração de reformas que vem travando o Brasil desde que Dilma
Rousseff se tornou presidente em 2011", afirma.
O texto observa que, após um hiato nos leilões
de campos de petróleo entre 2008 e 2013, um leilão foi finalmente
realizado neste ano, mas com regras que o jornal chama de "bizantinas",
obrigando a Petrobras a operar qualquer campo na nova bacia, o que teria
afastado muitas empresas estrangeiras do negócio.
'Perdas enormes'
Para o editorial, "a Petrobras não tem muito a
ganhar com esse tratamento preferencial". "Ela precisa vender petróleo
refinado abaixo de preços de mercado para ajudar a controlar a galopante
inflação brasileira. As perdas para a companhia são enormes", comenta.
O Financial Times diz que "o governo
está certo de demandar uma parcela dos tesouros escondidos abaixo do
leito marinho". "Mas em vez de fazer uma microgestão da indústria, (o
governo) deveria deixar as corporações de petróleo - domésticas e
estrangeiras - prosperarem para então taxá-las para tomar uma porção de
seus lucros", sugere o editorial.
O jornal diz que, em um momento de "crescimento
em queda", o Brasil não pode "se permitir perder seu status de Eldorado
do petróleo da América Latina". O texto observa que "a supremacia do
Brasil parece sob risco" enquanto o México promove uma "ambiciosa
sacudida" em seu setor energético.
"Ainda não é tarde demais para mudar de direção,
mas o governo precisa mostrar que aprendeu as lições da queda de
Batista. Ele não é o único no Brasil a sofrer de um ocasional excesso de
confiança", finaliza o editorial.
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