O Comitê Organizador Local (COL)
da Copa do Mundo de 2014 não vê necessidade de elaborar um "plano B"
para o caso de protestos, como aqueles que tomaram conta do Brasil
durante a Copa das Confederações, afetarem a realização de jogos durante
o Mundial.
A declaração foi dada pelo diretor do COL, Ricardo Trade, em visita à sede da BBC em Londres, na terça-feira.
As manifestações, ainda frequentes
no pais, e o crescimento de movimentos como os Black Blocs, não mudaram a
postura dos organizadores, que confiam no poder público para garantir
que o evento seja realizado com segurança no ano que vem. Por conta
disso, o COL não entende que seja necessário preparar um plano de
contingência.
"É impossível saber isso (se haverá protesto
durante a Copa). Temos vários protestos agora sobre educação, saúde,
professores. Eu não sei se vai haver durante a Copa, pode acontecer, mas
o governo garante que, se houver, eles estarão preparados para lidar
com isso", afirmou Trade.
O dirigente do COL ainda insistiu que a
responsabilidade de garantir a segurança das pessoas do lado de fora do
estádio pertence ao governo e mostrou plena confiança de que ela
funcionará muito bem em 2014.
"Eles (governo) nos garantiram que, dentro dos
estádios, não haverá problemas e que eles estão preparados para lidar
com essas situações. Não temos nenhum plano B para isso, o governo nos
garantiu que os estádios estariam livres para receber os jogos da Copa
do Mundo, conforme fizemos durante a Copa das Confederações."
Black Blocs e PCC
As partidas da Copa das Confederações em junho
aconteceram normalmente, mas, do lado de fora dos estádios, as
manifestações causaram um tumulto grande na entrada dos torcedores.
Além disso, os confrontos entre a Policia
Militar e os manifestantes chegaram a assustar alguns turistas e também
atrapalharam um pouco os jogadores, já que, do gramado do Maracanã, por
exemplo, durante a final entre Brasil e Espanha, era possível sentir o
cheio do gás lacrimogêneo.
Desde então, a onda de protestos no Brasil
diminuiu, mas segue forte em algumas cidades. São Paulo e Rio de Janeiro
- sedes da abertura e da final da Copa de 2014, respectivamente -
registram manifestações semanalmente, com alguns conflitos
principalmente entre policiais e representantes dos Black Blocs.
Além disso, na capital paulista, o PCC (Primeiro
Comando da Capital) também usou o Mundial como uma forma de ameaçar o
governo na tentativa de impedir a transferência de alguns líderes do
partido para presídios de segurança máxima no Estado, e prometeu uma
"Copa do Terror" no ano que vem.
Ainda assim, o COL está certo de que, mesmo que
os protestos se repitam, o Brasil será capaz de realizar o evento sem
maiores problemas.
"Claro que não foi fácil lidar com os protestos
durante a Copa das Confederações, mas se acontecer na Copa do Mundo, a
polícia tem o papel de cuidar disso e evitar que chegue dentro do
estádio, porque o estádio é o coração do torneio", reforçou Ricardo
Trade.
Copa tem 'apoio popular'
Membro do Comitê Organizador Local (COL) e embaixador da Copa do Mundo no Brasil, Ronaldo, que também visitou a BBC, diz estar certo de que o Mundial será um sucesso de organização e mostrará ao mundo a capacidade brasileira para realizar grandes eventos.
O ex-jogador ressaltou que a maioria do povo
brasileiro apoia a Copa no país e que já é possível sentir parte dos
benefícios trazidos pelo Mundial.
"Em termos de Copa, conseguimos ver um grande
avanço já, foram grande investimentos, não só em estádio, mas
principalmente em infraestrutura, em mobilidade urbana. E a gente tem
que aproveitar a Copa do Mundo para pedir mais investimentos", disse.
"Só uma pequena parte das pessoas que é contra a
Copa. As últimas pesquisas mostram que 90% da população é a favor. Nós
temos o apoio popular e vemos que as pessoas acreditam que a Copa vai
trazer benefícios para as suas cidades."
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