sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Sistema de água em São Paulo pode entrar em colapso até 2024


O abastecimento de água em parte do estado entrará em colapso caso não sejam construídos novos reservatórios, em cinco anos, segundo analistas

Ricardo Brandt, do
Wikimedia Commons
São Paulo vista da Serra da Cantareira

O Sistema Cantareira não dará conta da demanda, decorrente do crescimento demográfico e industrial previsto para o período, avaliam técnicos
Campinas - O abastecimento de água em metade da Grande São Paulo e nas regiões de Campinas, Jundiaí, Limeira e Piracicaba entrará em colapso até 2024, caso não sejam construídos novos reservatórios, em cinco anos.

A avaliação faz parte das discussões para a renovação de outorga do Sistema Cantareira, que reorganizará a distribuição da água. O prazo para que os órgãos envolvidos na operação entreguem as propostas para a Agência Nacional de Águas (ANA) e para o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) vence nesta sexta-feira, 8.

O Sistema Cantareira - o maior produtor de água dessas regiões e responsável pelo abastecimento de 14 milhões de moradores - não dará conta da demanda, decorrente do crescimento demográfico e industrial previsto para o período.

A afirmação é de órgãos técnicos e entidades ligadas ao setor que alertam que governos e empresas de água terão de buscar novas fontes de recursos hídricos para suprir esse consumo.

Só com o crescimento populacional médio anual estimado em 1% para a Grande São Paulo e 4% para a região de Campinas, será necessária a produção de água suficiente para abastecer 400 mil moradores a mais a cada ano.

"Vamos começar com racionamento de água e terminar no colapso. Se três reservatórios previstos não forem construídos, o colapso é certo. Eles são prioritários, questão de vida ou morte", afirma o secretário executivo do Consórcio das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, entidade que representa 75 cidades abrangidas pela bacia e grandes empresas usuárias da água, Francisco Lahoz.

Com um novo cenário de desenvolvimento, com o interior crescendo em ritmo mais acelerado, o Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) aprovou nesta quinta-feira, 7, um pedido de aumento da vazão de água para o interior para 8 mil litros por segundo. O Consórcio do PCJ - entidade que faz parte do Comitê - prevê um cenário pior.

Calculou que, em 10 anos, a região de Campinas precisará de até 18 mil litros por segundo - 13 mil litros por segundo mais do que usa atualmente.

"Não é uma questão de nós nos digladiarmos, mas sem novas represas, vamos precisar de mais água no interior e liberar cada vez mais as comportas do Cantareira. Dessa forma, vai chegar uma hora que vamos ter que reduzir a vazão para São Paulo", afirma Lahoz.
Conflito


A questão é que a Grande São Paulo é dependente da água produzida pelo Cantareira. "Com a demanda que existe na Região Metropolitana de São Paulo, é fundamental que seja mantida essa vazão de 33 mil litros de água por segundo para que não exista o colapso", afirmou o diretor metropolitano da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Paulo Massatto.

A entidade já encaminhou aos órgãos da União e Estado documento em que defende a manutenção dos atuais valores na divisão da água produzida no sistema. Só na capital, 60% dos imóveis recebem a água. A Secretaria Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos trabalha para evitar o conflito entre os municípios e Estados.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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