sábado, 1 de março de 2014

Famato estima perdas de R$ 500 mi com chuva e estradas ruins em MT


Clima e realocação de verba para obras da Copa são apontados como causas do problema que atrapalha a colheita e o escoamento da safra

Por Rodrigo Vargas, de Cuiabá (MT)
agricultura_soja_danos_mt (Foto: Aprosoja-MT)

As fortes chuvas que atingem quase todas as regiões de Mato Grosso desde o início do ano vêm causando grandes dificuldades na colheita e no escoamento da supersafra de soja 2013/2014.

Seis municípios decretaram situação de emergência na região do Araguaia, nova fronteira agrícola do Estado. Na região médio-norte, pólo da produção nacional, estradas de acesso às propriedades estão em péssimo estado.

"Nossas preocupações são dentro da porteira e, principalmente, fora dela, pois se continuar nesta situação o custo de produção desta safra irá aumentar", disse o presidente da Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso), Rui Prado.

Campeão mundial em produção de soja, o município de Sorriso (400 km de Cuiabá) é um dos que mais sofre que a situação. Segundo levantamento da prefeitura, os mais de 2,6 mil quilômetros de estradas não-pavimentadas da cidade estão quase intrafegáveis.

"Cerca de 80 pontes e pontilhões também precisam de reparos diversos, sendo que destas, seis não resistiram às constantes chuvas e ao alto nível dos rios", apontou a federação, em nota.

O prejuízo, de acordo com estimativa do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola), já equivale a quase 2% da produção total do Estado sendo que, em algumas propriedades mais atingidas, o percentual de perdas chegou a 30%.

"Estimamos que já perdemos aproximadamente R$ 500 milhões em função das chuvas e das dificuldades para escoar a produção pelas estradas", disse Rui Prado.

Nesta semana, em reunião com o governador Silval Barbosa, representantes do setor produtivo cobraram medidas emergenciais para amenizar os problemas vivenciados no campo. Ouviram que o governo do Estado irá repassar aos municípios atingidos cerca de cinco milhões de litros de óleo diesel para serem empregados nos trabalhos de recuperação das vias de escoamento.

"Com o apoio do governo em disponibilizar óleo diesel e o apoio dos produtores, que estão identificando os locais mais críticos e emergenciais, acredito que vamos conseguir colher a safra", avaliou o presidente.

Copa
 
 
A má condição das estradas no Estado não pode ser atribuída exclusivamente ao clima. Desde 2009, por um decisão do governo estadual, 30% de um fundo destinado a financiar obras na malha viária estadual (Fethab) são reservados para obras da Copa do Mundo em Cuiabá.

Até 2013, a fatia reservada à competição somou quase R$ 900 milhões. No ano passado, a Famato criticou o desvio de finalidade das verbas do fundo, que são arrecadadas sobre operações internas envolvendo soja, gado em pé, algodão, madeira e óleo diesel.

Nesta semana, pressionado pela proximidade do evento, o governo publicou um decreto orçamentário destinando R$ 56 milhões em verbas suplementares para a secretaria responsável pela gestão das obras para o evento em Cuiabá (Secopa).

Mais da metade dos recursos saiu do orçamento da pasta de Transportes e Pavimentação Urbana: R$ 33,4 milhões, que originalmente seriam usados para recuperar pontes e pavimentar rodovias.

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